Resistir

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Mattheo Riddle

Minha mente parecia uma gigantesca sala vazia, a voz do meu pai ecoava pelo local totalmente escuro, mas não apenas a dele, a voz de Melinda era quase como um sussuro, " Eu te amo", foi tudo que ouvi antes de uma forte claridade se formar em minha frente.

Choro.

Havia muito choro naquele momento, mas meus olhos correram até a varinha empunhada em minha mão trêmula, Bellatrix ria abertamente atrás de mim, como se estivesse assistido o melhor show de comédia de sua vida. Mas foi no momento em que olhei na direção onde estava apontada a varinha que tudo pareceu desmoronar.

Melinda, minha varinha estava apontada para seu corpo, pequeno e frágil, jogado ao chão apenas com aquela camisola branca, tão branca quando sua pele estava no momento. Seus lábios não tinham cor, ela não se movia, sangue escorria de sua testa devido ao corte no local.

E então uma voz soou em minha mente, "você a matou."

Morta.

Um grito de dor foi a único coisa que saiu quando me dei conta do que havia feito, havia matado a mulher que eu amava. Larguei a varinha no chão a partindo em dois pedaços, corri para me aproximar, mas um soco atingiu meu rosto antes que eu pudesse toca-lá.

- Não chegue perto dela! - Draco disse assim que sua mão encostou em meu rosto. - NÃO CHEGUE PERTO DELA! - rosnou novamente enquanto lágrimas escorriam de seu rosto.

Eu merecia aquele soco, então não pensei em revidar, mas eu precisava abraçá-la, precisava olhar para ela, eu precisava me agarrar em algo que me desse esperança que ela estivesse viva.

Pierre se soltou do comensal indo em direção ao corpo de Melinda, suas mãos agarram a cintura fina e eu esperava apenas que ela retribuísse o abraço.

Nada.

- Bom, acho que já podemos ir, certo? - Bellatrix disse sorrindo. - Draco, enterre a garota em qualquer lugar, ou queime seu corpo, tanto faz...

Sem pensar muito puxei a varinha que estava na mão de Draco, apontado para a mulher que virava as costas para sair da casa.

- Crucio. - Gritei deixando que toda minha raiva saísse.

Bellatrix caiu ao chão enquanto gritava de dor, aquilo foi como música para meus ouvidos, cada grito de angústia, cada vez que ela se debatia como um rato no chão. Eu pretendia matá-la, ali mesmo, mas a varinha foi jogada para longe de mim. Meus olhos permaneceram fixos na mulher que resmungava enquanto tentava se levantar.

- Não é assim que deve tratar sua mãe Mattheo. - Voldemort disse apertando meu ombro.

- Vá para o inferno. - Cuspi as palavras me virando para ficar de frente com o grande responsável por tudo.

- Veja o que o amor lhe custou. - Apontou para Melinda, segurada pelos braços de Pierre. - Ela está morta, acabou.

Desviei do seu toque seguindo novamente em direção a Melinda, Draco se pôs em minha frente me impedindo de passar, o garoto estava visivelmente abalado, assim como eu.

- Eu já lhe avisei... - trincou os dentes.

- Não é você que me impedirá de ver minha namorada Malfoy. - Empurrei seu ombro, mas ele não recuou.

- Tudo bem, veja você mesmo o que fez para ela... - As lágrimas escorriam por seu rosto. - Se a amava tanto, deveria ter resistido ao controle, e nós dois sabemos que você conseguiria. - Sussurrou próximo o suficiente para que apenas eu escutasse.

As palavras de Malfoy foram como um soco em meu estômago, mas mesmo assim me aproximei de onde ela estava, ficando de joelhos para vê-la. Melinda era sem dúvidas a garota mas linda que eu já havia visto, seus traços bem marcados, seu longo cabelo, sua boca.

Eu não consegui segurar os soluções que escapavam, meus olhos se embaçavam pelas lágrimas enquanto meu peito doía. Eu não poderia viver sabendo que ela havia partido, não quando eu havia feito aquilo.

- Me perdoe meu amor. - Segurei seu rosto em minhas mãos, sentido o gelado de sua pele em contato com meus dedos. - Por favor, fique comigo, por favor minha Mel.

- E-ela disse que lhe amava... - Pierre disse baixo, segurando algumas lágrimas. - Melinda morreu amando você.

"Eu te amo" a voz doce e melodiosa ecoou novamente em meus pensamentos.

- Precisamos ir... - Voldemort disse - Malfoy, cuide desses dois... - Apontou para Pierre e Melinda.

- Eu não irei! - Disse me levanto para ficar em sua frente. - Você matou a mulher que eu amo, e eu irei matar você...

Não estava blefando, iria matá-lo, nem que precisasse morrer para isso.

- Não foi uma pergunta Mattheo, mas eu gostaria de vê-lo tentar.

Antes que eu pudesse reagir sua mão segurou meu braço nos transformando em uma nuvem de fumaça. Quando abri os olhos novamente, no momento em que meus pés tocaram o chão, eu já não estava mais lá.

Ela havia partido, eu deveria ter resistido, eu poderia ter resistido.

- Pode tentar fugir, mas será inútil... - Nagini se enroscava em seus pés como se desse as boas vindas ao seu Lord. - Você lutará na guerra comigo, e será o bom herdeiro das trevas que todos esperam que você seja.

Não me dei o trabalho de respondê-lo, sai em passos largos pela casa que eu já conhecia tão bem, subi direto para o lugar que costumava ser meu quarto. Bati a porta com força sentido o ódio dominar cada veia do meu corpo, quebrando tudo que estava em meu campo de visão. Tentei por diversas vezes aparatar, mas ao que tudo indicava feitiços tinham sido lançados por toda casa para que eu não conseguisse sair.

O rosto alegre de Melinda estampava meus pensamentos, sua gargalhada, sua voz, seu cheiro, os beijos.... Tudo fora esmagado no momento em que a lembrança do seu corpo sem vida jogado ao chão invadiu minha mente, passando por cima das boas memórias.

Ouvi a voz de Draco no corredor e em um impulso abri a porta a fim de ter informações sobre o que ele fizera com o corpo de Melinda. Malfoy pareceu perceber e antes mesmo que eu pudesse falar, ele tratou de dizer:

- Eu fiz tudo que ela merecia que fosse feito, por ela... - Suas roupas estavam sujas com manchas de terra, sua voz era baixa.- Deixei uma carta, para os pais, explicando que Melinda estaria fora por um tempo...

- O que você fez com Pierre? - Perguntei, sabia que Melinda desejaria que ele ficasse bem.

- Não sou um monstro, pedi para que ele fosse embora, o mais longe possível de tudo isso. - Aproximou-se da porta onde supostamente seria seu quarto. - Eu a amava, tanto quanto você Riddle, não pense que só está doendo em você.

Voltei para meu quarto trancando a porta, procurei por uma caixa antiga onde costumava guardar algumas bebidas, por sorte ou não, estavam todas ali. Bebi até o último gole de álcool, esperando que aquela dor sumisse, esperando apagar ali mesmo, mas Melinda insistia em permanecer em meus pensamentos.

"Eu sempre vou te amar"

Me deitei ao chão ouvindo nitidamente novamente aquela frase, e por um segundo, desejei ter lutado mais por ela.

























Oii, como vocês estão?

Gostaram?? Kkkk não me matem ❤️

Be with me - Mattheo Riddle Onde histórias criam vida. Descubra agora