"Fique comigo"

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Meus olhos ardiam, as lágrimas molhavam a camisa manchada de sangue de Mattheo, dor agonizante tomava conta do meu peito, como se todos os ossos do meu corpo tivessem se partido em pequenos pedaços, que jamais poderiam ser remendados novamente.

Gritos e mais gritos escapavam dos meus lábios, cada vez mais roucos, cada vez mais doloridos.

Estava dispersa, ouvia os gritos ao meu redor, o cheiro de sangue e de repente um silêncio recaiu, mas os meus gritos não cessaram.

Afundei meu rosto molhado na curva do seu pescoço, me demorando ali, sentido sua pele contra a minha, inalando seu cheiro que  surpreendente ainda estava ali.

Mãos agarraram meus ombros, primeiro apertando levemente como um sinal de apoio, mas depois, aquelas mãos tentaram me puxar, então me agarrei no corpo de Mattheo, não sairia dali.

— Por favor... - Súplicas e mais súplicas, eram as únicas coisas que eu conseguia pronunciar em meio ao choro. — Você prometeu Mattheo, você prometeu. — Fique comigo meu amor. - Nós se formavam em minha garganta.

A verdade é que eu nunca imaginei que pudesse ficar com alguém que me fizesse sentir tanto amor, alguém por quem eu pudesse me perder de todas as minhas certezas. Mattheo havia me feito sentir algo tão novo, tão certo.

Mas agora tudo parecia tão errado.

Ele poderia não ter sido meu primeiro amor, talvez eu também não tivesse sido o dele, mas ele era meu último amor, aquele que fazia minhas pernas cederem, minha mente girar...

— Mel... - Pierre, era Pierre quem segurava meus ombros.

Me apertei mais ao corpo de Mattheo.

— Eu tenho um segredo...- Sussurrei contra sua pele. — O som da sua voz sacudiu meu mundo inteiro Mattheo, você me tirou de um vazio que eu nem ao menos sabia que estava, então eu imploro... imploro para que você fale comigo de novo, fale comigo Theo.

Eu implorava as estrelas, a escuridão do céu, a lua que brilhava timidamente acima de nós, aos Deuses que ouvissem e sentissem minha dor, eu implorava para que não o levassem de mim.

Me agarrei ao fio de esperança que brilhava dentro do meu peito, aquela coisinha pequena em meio a tanta névoa, tanta dor e escuridão.

As lágrimas não paravam, meu corpo estava trêmulo sobre o de Mattheo, minhas mãos ainda agarravam com força seus braços. Mas aos poucos eu perdia as forças, até mesmo respirar parecia um fardo pesado demais.

— Você está viva... - Um sussurro, baixo e abafado fez cócegas no meu pescoço.

Abri os olhos embaçados pelo choro, pele contra pele, sentia o subir e descer do seu peito embalando meu corpo.

— Eu também tenho um segredo... - E mais uma vez meu mundo sacudiu, quando a rouquidão da sua voz soou em meu ouvido. — Eu senti a pior dor do mundo quando achei que você tivesse morrido, senti medo todos os dias ao acordar e não ter você do meu lado... - Ergui meu rosto para fitar seus olhos.

Meus dedos trêmulos tocaram seu rosto, roçando as pontas dos dedos em seus lábios cortados, enquanto aqueles olhos castanhos me analisavam, tomando pra si cada parte da minha alma.

— Olá minha Mel, senti sua falta.

As palavras me abandonaram, se eu já não estivesse no chão poderia jurar que minhas pernas cederiam.

Colei meus lábios aos seus, o gosto metálico se misturavam mas eu não me importava, apenas queria senti-lo.

— Nunca mais faça isso. - Minha voz chorosa saiu mais baixa que o planejado. — Por favor...

Be with me - Mattheo Riddle Onde histórias criam vida. Descubra agora