Capítulo 86

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April

Sorrio olhando para meu marido. Sinto uma palpitação em meu coração quando ele me retribui o sorriso e ainda me olha apaixonado.

– Quase não te vi esses dias, John. – Aproximo-me dele enquanto James não se atreve a olhar para o lado – Fiquei com saudade.

-Eu sei que sim... mas tem que ser assim. – Diz meio triste, mas logo sorri quando olha em meus olhos

Olho para James e toco em seu ombro. Ele se arrepia todinho e tampa os olhos.

-April ele etá encostando em mim!

-Sou eu! Conseguiu ouvi-lo?

-Sim. John me chamou de cuzão.

Dou risada e tento tocar no John, mas não o sinto mais. Fico confusa e noto que ele não está nítido como antes. Será que estou perdendo minha mediunidade? Ou será que estou deixando de ter crença nessas coisas? Não quero... depois que vi meu marido eu acredito 100 por cento, mesmo que muito digam que sou louca ou que digam que é palhaçada e nada disso exista. Eu sinto que é forte!

-James, olha para o lado. – Peço.

-Não!

-James, olha para mim. – John diz e toca em suas costas gentilmente.

Ele arrepia todinho e passa a mão no rosto. Respira fundo e pragueja algo baixinho que não consigo entender.

-Fala que é você tocando em mim, April.

-Não sou. Você queria vê-lo. Conversa com seu irmão. Vamos! – Ele respira fundo – Anda James, olha para ele.

-Olha, filho duma...

-John... Não está ajudando.

-Ele é um medroso, como quer que eu deixe esse relacionamento de vocês darem certo se esse cuzão não tem coragem nem de me olhar?

-Que? – James quase grita e olha rapidamente, mas nitidamente ele arrepende porque arregala os olhos e se afasta um pouco com a cadeira.

Os dois continuam se olhando e com as mãos trêmulas James esfrega os olhos.

-Essa cadeira ai é minha... – James não diz nada. Fica vidrado no irmão com uma cara de espanto e eu aprecio a semelhança dos dois.

Meu deus... são idênticos. James levanta da cadeira e me olha. Depois olha para o irmão e fica confuso.

-Bu... – John diz e James dá um passo para trás meio assustado.

-Isso não tem graça, John!

-Tem sim.  – Diz dando risada e olhando feliz para o gêmeo

-Não tem.

-Me dá um abraço.

-Nem fudendo.

-Anda... – John abre os braços e aguarda pacientemente.

James lança um olhar para mim e eu o encorajo. Eles tem que se acertar...  Com a mão trêmula toca a mão do John.  Começa a tatear o braço e logo os dois se agarram bem forte. Porque ele sente o John e eu não? Será que é porque está vendo pela primeira vez? Ou será que é porque bebeu um pouco? Eu sempre via John com mais clareza quando havia tomado alguns remédios para a gravidez e elas me causavam algumas sonolências e alucinações. Espero que seja por isso, não que eu vá me dopar, mas quero vê-lo novamente com mais nitidez e quero toca-lo.

A cena é linda, ambos sorriem e não se desgrudam, parece até que o John está vivo. Como eu queria que estivesse.

-Caramba, não acredito. Eu estou ficando muito louco. Eu sempre acreditei nessas coisas, mas nunca vi nada que pudesse me provar.  -James fala e sua voz começa a ficar embargada – Me perdoa, John. Me perdoa por todas as brigas, todos os longos anos sem nos falarmos... Eu nunca admiti ter inveja de você, embora você tenha sido homem o suficiente para admitir. Me perdoa. – Chora e começa a soluçar – Eu amo você. Sempre amei... senti sua falta quando estava longe. Eu perdi tantos anos da vida da Alice. Tantos. Nossa menina é linda. – John por outro lado não chora, mas sorri e retribui todo forte abraço. – Meu coração apertava de tanta saudade e doía bastante

Entre Quatro Paredes Vol. 4Onde histórias criam vida. Descubra agora