014.

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MAYA

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MAYA

O relógio vai de 17:59 para 18:00 e escuto uma batida na minha porta. Caden Johnson, o advogado da nossa família desde quando meu avô havia começado os negócios, já está em meu escritório, Vincent Hacker entra junto a sua advogada, Amanda. Para isso ele chega na hora, interesseiro do caralho.

- E aí, Vitale? Vamos fazer negócios? - Vincent fala em um tom convencido e o meu desejo de revirar os olhos é enorme mas prefiro manter a postura.

- Vamos, Hacker. - me levanto de minha cadeira e dou a volta na mesa de vidro - Só que tem um porém - digo e ele me encara com indagação -, eu só assino o contrato se você me ganhar em uma partida de Blackjack, também conhecido como 21. Você sabe jogar, não sabe?

- Claro. - ele cruza os braços e eu evito abrir um sorriso - Mas eu sei que você pode roubar usando um baralho viciado. - hm, ele sabe desse tipo de coisa então acho que ele sabe mesmo.

- Não se preocupe, Hacker. - caminho em sua direção e lhe dou um tapinha no braço - Você irá perder de qualquer forma. Agora me acompanhe até o cassino.

Saio do escritório com Vincent, em vez do nossos advogados nos acompanharem, Caden leva Amanda para a sala de reuniões no outro lado do andar enquanto eu levo Hacker para o elevador. 

- Você tinha que colocar algo para impedir o acordo. - vira de frente para mim, se esgueirando no metal do elevador - Seria tão ruim assim me namorar, Vitale? 

Me viro para ele e abro um sorriso divertido: - Se eu não dificultasse um pouco que seja, eu não seria filha do meu pai. - o elevador abre e eu saio primeiro - Além do mais, uma apimentada nos negócios sempre cai bem, não acha, Vincent? 

Ele me olha de cima a baixo e balança a cabeça, isso vai ser interessante...

Vou na frente até a mesa de Blackjack livre, afinal eu disse que precisava dela livre entre 18 horas e 19 horas. Nos sentamos nos bancos de couro e ficamos a uma cadeira de distância, vou adorar jogar isso na cara dele para sempre...

- Só uma explicada rápida para depois você me dizer que eu trapaceei porquê eu não te expliquei. - começo - Bruce - indico o ruivo com uniforme vinho e preto a nossa frente - é o nosso dealer, e nós temos que vencer ele. Valetes, damas e reis valem 10 e o Ás vale 11, ou seja, se o dealer tiver um Ás no ascendente, a carta que ele virar primeiro, você irá perceber que as possibilidades dele fazer 21 vai ser grande e isso vai nos fazer ter que fazer outra partida. - Bruce pega um baralho de plástico debaixo da mesa, completamente lacrado e abre na frente do Vincent - Nós vamos fazer apostas, que não vão valer nada, ele vai distribuir duas cartas para mim, duas para você e duas para ele e o resto você sabe. 

- Façam suas apostas. - Bruce diz enquanto coloca as cartas no embaralhador automático. Existem 5 fichas de 1000 no lado e eu aposto 4, mesmo sabendo que não vale nada. Vincent aposta as 5 e eu acabo sorrindo, achando graça dele estar levando tão a sério essa brincadeira. Bruce pega as cartas e as coloca no distribuidor, assim colocando duas cartas para ele, duas para mim e duas para Vincent. - Apostas encerradas. - anuncia o ruivo.

Viramos a primeira carta, a do dealer é um Ás, a minha uma dama e a de Vincent um 6. Eu tenho 99,9% de certeza que Vinnie vai pedir outra além da que as duas que está em suas mãos, em seguida viramos a outra carta, um rei veio para mim, outro Ás para o dealer e um dois veio para o loiro. As cartas de Bruce ultrapassaram 21, as minhas ficaram com 20 e Vincent está com 8.

- Eu paro. - sempre é bom saber a hora de parar e não ultrapassar os limites - Vai continuar, Hacker?

- Quero mais uma. - o loiro diz como se estivesse me ignorando e eu abro um sorriso brincalhão, como eu vou adorar ver a cara dele com o ego machucado. O baralho não é viciado, ele realmente é novo, eu não roubei e pedi para Bruce me tratar como uma pessoa normal e não a chefe dele. Bruce coloca mais uma carta na mesa e vira, um cinco e fica com um total de 13, ele precisa de uma soma de mais 8 para conseguir 21 e ganhar - Mais uma. 

Vincent não tira o olhar da mesa, o dealer pega mais uma do distribuidor e vira. 6. 19. Se ele não conseguir um 2, ele não vai conseguir me vencer. 

- Mais uma. - praticamente exige e eu batuco os minhas unhas que tem a cor nude com a maior calma do mundo. 

Bruce retira mais uma e vira na mesa. 7. Pressiono meus lábios juntos e fecho os olhos, em seguida eu respiro fundo apenas para segurar uma risada. Insistente que nem o pai, se eu fosse ele eu teria desistido na última carta. Ele se vira para mim, sem nenhum sorriso. Na verdade ele está fazendo uma cara parecida com a que eu vi quando ele estava bravo por eu ter beijado a irmã dele. Bom, foi a irmã dele quem me beijou mas enfim, eu retribuí e foi muito, muito bom.

- Vamos para a sala de reuniões, Hacker. - me levanto do banco e caminho até o elevador, sem olhar para trás e apenas esperando que o garoto me siga. E, bom, ele seguiu pois é ele quem aperta o botão do elevador.

Nós subimos até o último andar e eu não consigo conter um sorriso de graça, sua postura está ereta e dura. Ele é um perdedor horrível, o que deixa tudo melhor. Atravessamos o andar, passamos pelo meu escritório, o de meu pai, banheiros e a sala do gerente que administra o cassino desse prédio para enfim chegar na sala de reuniões, onde nossos advogados estavam tomando um café e conversando mas param assim que nos veem. Tem algo muito estranho acontecendo com o meu pai, ele está longe e decidiu passar o mês inteiro de novembro em um cruzeiro junto a minha mãe.

- Ela ganhou. Vamos embora, Amanda. - Hacker diz e meu sorriso não deixa meu rosto nem por um instante sequer, Caden tira de dentro da pasta o contrato me dado no dia anterior e eu pego e coloco contra o peito de Vincent.

- Você é um perdedor horrível, Vincent Hacker. - digo enquanto ele olha o contrato.

- Você assinou... - fala baixo e eu balanço a cabeça. Sim, eu assinei ontem depois de falar com Caden sobre o contrato, basicamente sou eu quem vai ganhar mais nessa "aposta", eu só vou ter que precisar fingir sentimentos por ele e pronto, o prédio é meu. - Pra quê todo aquele jogo lá embaixo então?

- Foi delicioso ver você perder e olha que eu nem precisei trapacear, a sorte foi ao meu favor. - giro a cadeira de leve - Pode ficar com essa para você, eu também tenho uma cópia para mim. 

Vincent já havia assinado, então eu só precisei fazer mais duas cópias do contrato e assinar os três. Eu fico com uma, Vincent com outra e Caden com mais uma por precaução. O Hacker abre um sorriso de lado e balança a cabeça, ele entrega o contrato para Amanda e vem em minha direção para estender sua mão.

- Acho que agora somos namorados. - diz. Pelo bem maior da empresa e o mal estar da minha dignidade como uma Vitale...

- Infelizmente. - aperto sua mão - Nesse fim de semana nós vamos sair e saber mais sobre o outro caso nos perguntem.

- Te mando mensagem, Vitale - ele diz - Foi bom finalmente fazer negócios com você.

𝐌𝐈𝐋𝐋𝐈𝐎𝐍 𝐃𝐎𝐋𝐋𝐀𝐑𝐒  ღ  𝘷𝘪𝘯𝘯𝘪𝘦 𝘩𝘢𝘤𝘬𝘦𝘳Onde histórias criam vida. Descubra agora