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MAYA

É véspera de Ano Novo. Eu fui liberada do hospital depois de passar 6 horas em observação e voltamos para o chalé para dormir. Vincent passou o dia quieto e eu estou vendo que eu vou passar a minha virada muito bem. Eu fiz café da manhã para nós, ele nos levou para patinar no gelo e tomar chocolate quente. Eu não faço ideia o que se passa em sua cabeça, eu realmente não sei pois ele está avoado desde o hospital.

Eu não sei se ele vai falar com a Amelie ou deixar toda essa história de lado mas isso não me importa, eu apenas preciso fazer com que ela dê um passo em falso pra ela cair de vez.

Após eu sair do banheiro vestida em moletons, vejo o loiro sentado na cama com seu celular em mãos.

- Ei. Você está bem? - pergunto enquanto eu tiro a toalha do meu cabelo. Que... estranho eu me importar com ele. - Você não costuma ficar quieto.

O garoto olha para mim e balança a cabeça, como se estivesse dizendo "nada". Se não fosse nada você não estaria em silêncio, idiota. Talvez ele esteja preocupado com a ex ou esteja ligando as coisas, eu não faço ideia.

- Aqui tem vista dos fogos, se quiser podemos ficar aqui dentro. - ele volta a encarar o celular, como se estivesse esperando mensagem de alguém - No quente. Sei que odeia o frio. - ele dá de ombros. Eu não posso demonstrar que gosto dele, eu não posso.

- Tudo bem. - me forço a não tocá-lo - Você quer chocolate quente? Acho que vou fazer para tomar.

- Eu aceito. - ele retira e coloca sua capinha, como um tic nervoso. O que será que ele está esperando?

Desço as escadas de meia e caminho até a pequena cozinha. É agoniante ver ele calmo do jeito que está. Foi confortante saber que ele não queria realmente ficar com ela e que era apenas para me provocar. Eu não quero me apaixonar por ele primeiro, eu me recuso a me apaixonar por ele.

Ouço seus passos descerem as escadas, são por volta de 11 horas da noite e logo os fogos começariam. Ele está com um cobertor em mãos e se senta no sofá, aparentemente guardou seu celular. Coloco a bebida em duas canecas e coloco um marshmallow em cada, assim os vendo derreter enquanto eu levo o copo para ele, ele esboça um sorriso e pega o copo. O clima está completamente pesado. Eu me sento na outra ponta do sofá, um pouco longe demais dele e olho para a lareira crepitante.

- Você vai ficar calado mesmo? - digo após tomar um pouco da bebida, sentindo o líquido esquentar todo o meu interior e pousar em meu estômago. O garoto olha para mim.

- Você acha que é fácil processar que a única garota que eu amei te drogou? - ele começa em um tom grosseiro - Foram quase 3 anos de namoro para não perceber que ela seria esse tipo de pessoa. Eu penso nas possibilidades de você estar mentindo, afinal, ela me largou para apostar no futuro dela. Por que, do nada, ela iria me querer de volta após cortar laços? - eu me ajeito no sofá e deixo minha bebida no chão - Por que depois de tanto tempo? Não faz sentido, Maya. Não faz sentido ela te atacar.

Ele não está pensando racionalmente, não é possível que esteja.

- Ela acha que você me ama, Vincent. Ela acha que ao me atacar, vai conseguir te atacar. - idiota da parte dela pensar isso já que ela não sabe que nós nem somos um casal de verdade -  E eu não me importo se você acha que eu estou mentindo ou não, isso é problema seu. A partir do momento em que ela resolveu mentir para mim e me drogar por causa de um garoto, ela foi completamente estúpida - eu me levanto do sofá - Ou nós resolvemos isso aqui, ou no tribunal e eu acredito que ela não vá gostar de ser presa aos 21 anos de idade e passar por, no mínimo, 5 anos na prisão.

Ele desvia o seu olhar do meu, engole a seco e trava seu maxilar. 

- Amanhã nós vamos sair para um passeio a cavalo. - ele se levanta do sofá e caminha em direção a porta. O loiro prende o cabelo com um elástico em seu pulso e veste uma touca, em seguida um sobretudo, cachecol e seus tênis. - Não me espere para dormir ou algo assim. - ele pega as chaves do carro e a sua carteira, assim saindo pela porta.

Eu sinto um vento de ar frio passar pela porta antes de ele fechá-la e então eu volto a me sentar no sofá, eu volto a encarar o fogo da lareira. Eu não gosto de levar as coisas para o lado da prisão mas eu vou fazer se necessário, eu irei fazer se ela não fizer o que eu planejo.

VINNIE

Saio do carro ao ver Amelie no lugar em que marcamos de nos encontrar, no lago congelado onde as pessoas em Aspen costumam vir para Patinar. Ele está bem iluminado e só tem apenas duas garotas patinando por ele.

- Oi. - digo ao ficar do lado da garota completamente agasalhada - Obrigado por vir aqui, sei que queria estar com seus amigos essa hora da noite. - faltam menos de 10 minutos para o relógio bater meia-noite.

- Ah, tudo bem. Você disse que era importante, eu não podia deixar de vir. - ela dá de ombros e sinto seu olhar em mim mas eu foco na paisagem, nas montanhas e na noite limpa e estrelada.

- Quero que você seja sincera comigo, Amelie, porque se você não for - eu falo em um tom baixo - eu não vou poder ajudá-la. 

- Sobre o que você está falando, Vincey? Não estou entendendo. - ela cruza os braços e eu a encaro, uma fumaça de ar quente sai pela minha boca quando eu exalo.

- Não se faça de sonsa, Amelie. Se você não for sincera comigo sobre o que aconteceu, eu irei deixar Maya fazer o que quiser com você, não irei interferir um dedo e irei impedir quem tentar. Eu estou aqui por consideração a você e o nosso passado juntos. - eu coloco as mãos em meus bolsos do casaco.

- Como assim? - a garota dos olhos azuis franze o cenho e eu respiro fundo.

- As drogas. Você mentiu para Maya ou não? - digo em um tom um pouco mais agressivo. Eu já pensei demais nessa situação inteira.

- Eu não menti. Eu juro, Vincey. - ela diz com sua voz doce transbordada em inocência. Eu abro um sorriso. Eu não acredito nisso.

- Agora é você por você, Amelie. Boa sorte. Te vejo amanhã no passeio a cavalo. - falo por fim e me encaminho de volta para o carro, os fogos começando a iluminarem os céus de Aspen.

𝐌𝐈𝐋𝐋𝐈𝐎𝐍 𝐃𝐎𝐋𝐋𝐀𝐑𝐒  ღ  𝘷𝘪𝘯𝘯𝘪𝘦 𝘩𝘢𝘤𝘬𝘦𝘳Onde histórias criam vida. Descubra agora