031.

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VINNIE

Como eu disse, meu pai não perdeu um segundo e assim que soube da morte de Leonard Vitale, ele me ligou e eu tive que sair do quarto.

- Essa é sua chance, Vincent. - ele disse quando eu atendi o meu celular - Maya está completamente vulnerável e irá assumir o controle da empresa.

- Qual é a porra do seu problema? - eu falei para ele - A garota acabou de perder o pai. O coração dele mal parou de bater e você quer que eu meta um golpe nela? - disse em um tom indignado - Você não manda em mim, Patrick Hacker. Se quiser meter um golpe, faça-o você mesmo.

E então eu desliguei o telefone. Gritei com o meu pai e desliguei a ligação em sua cara. Voltei para o quarto, onde vi a mãe de Maya, Katarina, tentando fazer sua filha largar o seu pai. Eu senti meu coração quebrar por ver Maya naquele estado, Katarina teve que me pedir ajuda.

- Maya? - a chamei mas ela me ignorou - Maya, seu pai já se foi. - falei enquanto eu tentava tirar ela de cima do pai mas ela se agarrou mais a camisola dele e então eu coloquei minha mão por cima da sua, tentando suavizar - Princesa...

E então ela soltou e assim eu pude, com cuidado, levantar e abraçar ela, a levando para longe da cama para que os médicos pudessem levá-lo para o necrotério. Agora eu estou no banco de trás do carro de Katarina com Maya em meu colo, ela já não chora mais, apesar de que eu nem sei se ela tem mais alguma água no corpo disponível para isso.

Katarina está mal mas está melhor do que Maya, ela pôde se despedir do marido da forma certa e teve um longo prazo para isso. Eu olho para a garota com a cabeça deitada em meu peito e retiro uma mecha de cabelo caída em seu rosto, seus olhos estão vidrados em um ponto fixo e sem brilho como no dia que eu a encontrei no banheiro da balada e por algum motivo isso me dói. Me dói vê-la frágil e exposta. Por que me doi?

Porque eu tenho sentimentos por ela. Porque ela estava certa, eu gosto dela.

MAYA

Eu vi meu pai morrer.

Eu ouvi o coração do meu pai parar de bater e a máquina fazer um barulho contínuo infernal.

Eu vi e senti meu pai morrer em meus braços e eu não pude fazer nada para impedir, ele não me pediu ajuda. Meu pai. Eu o amava tanto e agora ele se foi, para sempre. Não consigo mais chorar porquê depois de um tempo eu senti um vazio dentro de mim, como se meu coração tivesse sido arrancado do peito apesar de ainda sentí-lo bater e bombear sangue para todo o meu corpo. Eu não consigo sentir mais nada.

Vincent está me segurando em seu colo até chegar em casa porquê provavelmente eu não tenha mais força para ficar em pé. Não por hoje. Não agora. De vez em quando eu escuto ele murmurar um "vai ficar tudo bem" ou "eu estou aqui pra você" ou até "isso vai passar". Isso nunca vai passar, Vinnie.

Mal percebi quando estávamos no elevador do prédio em que moro junto a ele e minha mãe. Ouço as portas abrirem e então nos movemos.

- Você sabe onde fica o quarto dela? - pergunta minha mãe e o loiro faz um movimento de afirmação com a cabeça, nossas malas de viagem devem ter ficado no carro da minha mãe.

Vinnie se move até o meu quarto e, com dificuldade, abre as portas para assim caminhar até minha cama e me sentar nela.

- Ei, minha linda. - ele começa. Quando ele começou a falar que sou dele? "Minha namorada", "minha linda". Quando isso começou? - Você quer tomar banho? Quer que eu traga algo para você comer? Faz pouco mais de quatro horas que não come.

Eu não o respondo mas eu olho em seus olhos cor-de-mel, o garoto solta um suspiro. Ele tem toda a paciência do mundo comigo mesmo estando preocupado com Amelie, seria isso o significado de alguma coisa? Eu não sei.

- Vamos fazer os dois então, tudo bem? - ele diz e então tira seus casacos, luvas e sapatos. Como se eu fosse uma pedra preciosa, com cuidado ele me levanta da cama e me guia para fora do quarto até o banheiro, onde ele tira minha roupa. Eu não vejo um pingo de maldade em seu olhar.

O loiro liga o chuveiro e eu me olho no espelho. Meus olhos estão vermelhos e inchados, meu nariz e bochechas também. Minha cabeça parece que vai explodir depois de chorar tanto. A mão do garoto toca meu ombro e eu vejo o reflexo dele no espelho, seu corpo atrás do meu e seu olhar preocupado. Nossos olhares e encontram no espelho e ele dá um beijo no topo de minha cabeça, assim me levando para baixo da água. Sinto a água quente correr pelo meu corpo.

Foi por isso que meu pai me passou a empresa antes do tempo. Ele já sabia que iria morrer quando eu assinei o contrato, eu sabia que tinha algo errado mas preferi não questionar. Maxim sabia. Até mesmo ele sabia que meu pai estava doente e eu não, isso é tão doloroso de saber. Saber que ele não quis contar pra mim me dói porquê ele achou que assim não iria me magoar mas na verdade sim, eu estou completamente magoada.

Quando eu retomo minha consciência, Vinnie está com as roupas molhadas e eu estou vestida em um pijama limpo, minha boca está com gosto de menta, o que quer dizer que ele até escovou os meus dentes. O garoto com quem assinei um contrato para ser meu namorado está me sentando na cama, vejo um pente em sua mão. Ele se senta atrás de mim e começa a pentear meu cabelo de baixo para cima.

- Você não precisa fazer tudo isso por mim, Vinnie. - eu consigo dizer pela primeira vez depois do meu pai morrer - Ou pela aposta.

- Você é minha namorada, Maya. Não importa se é por causa de uma aposta, de uma assinatura em um contrato. Você não está bem e, no seu lugar, eu esperaria que fizesse o mesmo comigo. - ele continua a desembaraçar o meu cabelo. Eu brinco com os meus dedos.

- Você já fez aquilo por mim no banheiro da balada e ficou no hospital cuidando de mim. - eu me viro para ele e subo o meu olhar até os seus olhos - Você não precisa fazer isso por mim agora, eu consigo lidar com o meu luto sozinha.

Ele apenas pisca. Chega mais perto de meu rosto e então me beija. Um beijo doce que eu retribuo. Minha mão encosta nos cabelos loiros de sua nuca, que por um milagre não estão molhados, e eu enrosco meus dedos nele. Nós começamos a deitar na cama, eu por cima dele e coloco uma perna de cada lado do garoto. Eu começo a sentir algo em mim, eu preciso preencher meu vazio. Descolamos o beijo para que eu retirasse a blusa de alças do meu pijama, deixando meus seios expostos.

- Maya, você realmente quer transar com essa situação inteira acontecendo? - pergunta Vincent com a respiração um pouco alterada por conta do beijo.

- Quando estávamos em Hamilton na Ação de Graças, você disse que depois resolveríamos. Eu preciso que resolver isso agora, Vinnie. Eu preciso que preencha o vazio que eu estou sentindo se você for realmente ficar do meu lado agora. - eu falo.

𝐌𝐈𝐋𝐋𝐈𝐎𝐍 𝐃𝐎𝐋𝐋𝐀𝐑𝐒  ღ  𝘷𝘪𝘯𝘯𝘪𝘦 𝘩𝘢𝘤𝘬𝘦𝘳Onde histórias criam vida. Descubra agora