Eles dizem que há um lugar, entre o acordado e o adormecido, aonde estão guardados nossos sonhos mais profundos, nossos momentos inesquecíveis, as melhores partes de nossa vida. Bem, eu não tinha este lugar.Eu sentia mãos me tocando, agulhas me perfurando e canulas de oxigênio sendo colocadas em meu rosto, eu sentia tudo, vez ou outra ainda ouvia vozes estranhas usando os termos os quais eu havia aprendido na faculdade, mas por algum motivo não me recordava de nenhum deles. Parecia que uma névoa preta cobria tudo ao meu redor, eu não podia enxergar e muito menos reagir. Porém meus olhos, mesmo fechados estavam cansados, meus braços e pernas ardiam e minha boca parecia estar costurada, meu corpo todo gritava por comida, mas minha mente se negava a dá-la.
Então a incansável batalha que era travada diariamente dentro de mim finalmente me cansou, me consumiu, me derrubou. E eu, me entreguei a escuridão.
E ela me abraçou.
○●○●○●○●○
Me vi desperta novamente, não sabia quanto tempo havia passado, porém pareciam anos.
Eu me encontrava em uma sala com pouco iluminação, nenhuma janela e nenhuma porta, apenas paredes. Havia também um espelho.
Mas não era um espelho normal, ele não tinha o meu reflexo, mas o de uma garotinha de cabelos louros.
Ela me fitava curiosa, usava um vestidinho branco e os cabelos em cachos, me parecendo assim levemente familiar.-Olá? -Eu disse para o reflexo, mas ela não me respondeu. -Qual o seu nome? -Tentei mais uma vez sem sucesso. - Você sabe como eu faço para sair daqui?
Nada. A menina parecia nem ao menos me escutar.
Comecei então a andar de um lado para o outro do cômodo, eu precisava sair dali, precisava ver Zayn e Jade e Louis e-
Interrompi meus pensamentos, pois eles não iriam querer falar comigo. Eles sentiriam nojo de mim agora que sabem a verdade.
-Perrie. - A voz do reflexo disse me surpreendendo.
-Como sabe meu nome? -Eu indaguei sem me preocupar em ser cautelosa.
-Não, o seu não. -Ela respondeu e então sua imagem evaporou. Ela se fora.
-Perrie? Perrie? -Uma voz familiar me chamava com certo desespero e eu me virei para o espelho novamente a tempo de ver um homen em pé onde antes estava o reflexo da menininha.
Não, não era apenas um homen. Era o meu pai.
-Perrie? -Ele chamou novamente.
-Pai! Sou eu pai, estou aqui! -Eu respondi com certo desespero.
-Perrie? -Ele chamou novamente como se não tivesse me ouvido e eu estava prestes a responder novamente quando uma terceira voz o fez.
-Papai! Hahaha. -A garotinha apareceu novamente e abraçou meu pai pela cintura em meio a risos.
-Oh Perrie, aonde você se meteu? Nós já estamos atrasados! -Papai repreendeu a garotinha.
-Eu não quero ir! -Ela respondeu decidida. -Essa roupa está feia em mim, e meu cabelo é curto demais, o cabelo das outras meninas é mais longo.
- Mê de sua mão. - Papai pediu enquanto se agachava para ficar na altura da garotinha que lhe alcançava a mão. - Agora me diga o que você sente. -Ele perguntou depois de colocar a pequena mão no peito da menina.
-Meu coração. -Ela respondeu.
-E ele bate exatamente na mesma frequencia que o das suas amigas de cabelo comprido sabia?
-E o quê que tem? - A menina perguntou confusa.
-É isso o que importa, enquanto o seu coração bater deve haver um sorriso em sua boca, pois é sobre isso que a vida é : Aproveitar cada batida.
-Eu te amo papai! - A garotinha disse abraçando forte o pai.
-Eu também te amo, Perrie. -Ele disse beijando a testa da menina.
Beijando a minha testa. Eu era a menina. A menina era eu.
Então a imagem de meu pai desapareceu e eu me vi novamente cara a cara com o meu eu do passado.
-Você sou eu então. -Eu falei para a garotinha.
-Não. -Ela respondeu me deixando confusa. -Eu sou a Perrie, você eu não sei quem ou o quê é, ou melhor, o quê se tornou. -Ela disse, suas palavras me atingindo como um tapa.
-Como eu faço para sair daqui? -Perguntei tentando mudar de assunto.
-Volte.
-Mas é isso que eu estou tentando-
-Volte a ser a Perrie. -Ela disse.
E então tudo ficou escuro. De novo.
○●○●○●○●○●○
A escuridão sufocava, esmagava, mas eu poderia suportar, mas então veio a voz.
"Você não conseguiu, decepcionou todos."
"Magoou Zayn, traiu Jade, e mentiu para Louis, você não merece o amor deles"
-Não...
"Eles tem nojo de você. Você tem nojo de si mesma."
-Pare...
"Até sua própria mãe a rejeita, e vicê matou seu pai de desgosto."
-NÃO! -Eu gritei, minha garganta queimando.
"E mesmo assim depois de tudo você continua gord-
-PERFEITA! EU CONTINUO PERFEITA! MEU CORAÇÃO CONTINUA BATENDO E-
"Você tem certeza que ele ainda bate? Ou será que você perdeu a coisa mais importante de todas: A vida."
-EU VOU LUTAR. -Gritei para a escuridão.
"Hahaha não há mais luta querida, eu já ganhei a guerra!"
-NÃOO! -Gritei como uma última amostra de minhas forças, gritei com todo o meu ser, gritei para a escuridão, gritei para a parte escura de mim.
Gritei esperando ganhar uma guerra que já havia sido dada como vencida.
Gritei para Perrie esperando que ela pudesse me ouvir.
Heyyy Fixers! Desculpem a demora, mas esse capítulo tinha que ser muito bem escrito, então aí está ele, espero que gostem. Votem, comentem e divulguem. Até a próxima att.
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Fix Me
FanfictionNa vida temos que lidar com vários números. Quantos aniversários já fizemos, a nota de uma prova, nossa senha do cartão, o número da nossa carteira de identidade... É por isso que chego a conclusão de que não somos mais rotulados, porém numerados. ...