I draw too

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Eu conheci uma garota que gostava de desenhar;
Ela desenhava figuras que ninguém via;
Ela ficava mais inspirada durante a noite, em seu banheiro;
Ela não contou a ninguém e sua acabou galeria crescendo;
Seus desenhos eram diferentes, não usava lápis ou caneta;
Mas de vez em quando precisava de curativos;
Nós estavamos na margem do rio;
Então ela recolheu a manga de seu suéter e me mostrou suas cicatrizes;
Ela tinha vergonha daquilo e encarava seus próprios pés;
Então eu recolhi minha própria manga e disse:
"Eu desenho também."

[...]

Assim que saí do apartamento de Louis peguei o primeiro ônibus para Kings cross, eu precisava ir para casa.

Quando Louis me disse que Zayn não estava se sentindo bem ele esqueceu de mencionar que ele havia também se envolvido com outra mulher na noite passada. Que merda.

A única vez que eu me dou o direito de me envolver com alguém a pessoa age como um idiota comigo e ele ainda por cima nem iria mencionar o acontecido, que idiota.
Chegando na rua de meu apartamento senti meu celular vibrar: Louis. Eu não iria atender, eu só queria ficar sozinha, longe do idiota do Zayn e qualquer assunto relacionado.

Quando entrei em meu apartamento, Jade andava de um lado para o outro, visivelmente atordoada.

-O que foi J? -Perguntei largando minha bolsa em cima da bancada da cozinha.

-O pessoal da Uni de Paris me ligou hoje pela manhã e disse que precisava que eu voltasse. -Ela disse parando de caminhar pela casa e vindo até mim.- Você entende não é Perrie?

-Claro, mas por quê eles precisam de você assim de repente?

-Bom, tem algo a ver com uma apresentação infantil e querem que eu faça os croquis das roupas.

-Wow, parabéns Jade! -Eu disse e a abracei, meu dia pode ter sido uma merda, mas Jade não tinha nada a ver com isso.

-Well Harry está vindo aqui me buscar com o carro do Louis, você vai ficar bem cher?

-Claro! Vai com tudo J!

Em pouco tempo Harry já estava buzinando impaciente na rua, Jade me assoprou um beijo e saiu.

Jade havia ido embora, eu estava perdida.

/////////////////////////////////

Saí do banho com uma toalha enrolada em meu cabelo molhado, vesti meu pijama que se baseava em um short e uma regata e fui para a frente do espelho com a intenção de escovar meu cabelo.Mas não foi bem isso o que aconteceu.

Comecei a escová-lo devagar e suavemente, porém minha mente estava sendo bobardeada.

Imagens de Zayn se esfregando com outra mulher passavam por minha mente, beijando-a, tocando-a e dizendo que a ama. Ela devia ser magra, mais magra do que eu, seu corpo deveria ser mais esbelto e seus contornos definidos. Mas que merda? Zayn não era tão importante assim era? Era.
Eu grunhi e antes que pudesse perceber eu já estava jogando a escova no chão.

Ele a trocou, achou alguém melhor...mais magra.

Caminhei até o banheiro desejando que alguma intervenção divina me parasse antes de eu alcançar a gaveta que ficava em baixo da pia, a gaveta na qual eu guardava meu kit manicure o kit que continha, dentre esmaltes e algodões, um alicate.

O seu corpo é repugnante, ele não gostava de seu corpo, ele tem nojo do seu corpo. Você tem nojo do seu corpo.

Abri a gaveta e tirei de lá o kit, logo pegando o alicate, não era perfeito, mas teria que servir.

Olhe para suas coxas, grandes demais, redondas demais, feias demais.

Me sentei no chão do banheiro e antes que percebesse eu já estava passando o alicate por minha pele. O metal frio causando calafrios por todo meu corpo, arfei em antecipação. E então afundei a ponta do alicate e puxei-o pela pele, formando um risco branco que alguns segundos depois já estava vermelho.

Você foi pesada.

Movi a ponta do instrumento para outro lugar do meu braço e afundei-a ali novamente, um pouco mais fundo e puxei a mesma, formando desta vez um risco mais extenso e este assim como o outro ficou vermelho.

Você foi medida.

Eu mordia meu lábios inferior e então senti uma lágrima solitária escorrer por minha buchecha. Mas eu não podia parar agora, eu não queria começar,porém agora não podia parar. Em um ato impulsivo afundei o alicate outra vez em minha pele pálida e o puxei, agora eu havia ido mais fundo, e mais longe. O sangue já escorria por meu pulso.

E foi considerada insuficiente.

-Não! -Gritei como um desebafo, em desespero, um pedido para que alguém fizesse isso parar.

Gritar não vai fazer você emagrecer, e muito menos fará Zayn te desejar como ele deseja ela.

-Pare! -Sibilei enquanto sentia novamente a ponta do alicate em meu pulso.

Você o ama e ele despreza você, despreza seu corpo.

-Ugh...- Arfei quando a ponta do instrumento deslizou fundo por minha pele.

Joguei o alicate longe, o sangue de quatro cortes diferentes se misturando em meu braço e escorrendo por meu pulso até chegar em minha mão.

Perdi a noção de quanto tempo fiquei parada no chão do banheiro, chorando sem emitir som algum, apenas obervando enquanto o sangue que escorria formava desenhos em meu braço.

Quando finalmente parei de chorar, eu me levantei e fui até a pia, liguei a torneira e coloquei meu braço em baixo da água fria.

-MERDA! - Ardia como o inferno.

Desliguei a torneira e sequei meu braço, procurei a caixa de primeiros socorros e tirei de lá um fraco com soro fisiológico e algodão, mergulhei o algodão no soro e passei nos cortes.

Não me preocupei em fazer curativos pois seria melhor deixar a ferida ventilar do que tapar a mesma. Me deitei na cama e peguei meu celular.

15 chamadas perdidas de Zayn Malik.
10 chamadas perdidas de Louis Tomlinson.
Uma nova mensagem de voz.

Abri a mensagem, logo percebendo que era de Louis.

"Hey Pezz, eu sei que está chatiada e você tem razão para isso, mas não faça nada estúpido por favor. Eu te peço não como amigo do Zayn, mas como seu amigo, você é uma pessoa maravilhosa e vai ser uma médica excelente, então por Deus não faça nada com que vá se arrepender. Me ligue se quiser conversar."

E então ele desligou. Olhei para os cortes recentes em meu braço e pensei comigo mesma:

"Tarde demais Louis."

[A/N] Hii povo! Então, vim aqui dar uma explicação: A PERRIE NÃO É LOUCA OU DERIVADOS. A 'voz' que apareceu em itálico nesse capítulo é uma representação da Ana e Mia (apelido para anorexia e bullymia). Representa o que a Ana e a Mia fazem a pessoa pensar de si mesma, e eu sinceramente não podia escrever esse capítulo sem ao menos tentar passar isso para vocês. E aí, gostaram da att? Xx

Fix MeOnde histórias criam vida. Descubra agora