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FELIPE WERNECK

Acordei com a Sophia acariciando o meu rosto e mexendo no meu cabelo, abri os olhos lentamente e ela sorriu. Acordar e ver aquele sorriso logo cedo não tinha preço.

— Achei que não fosse acordar nunca, já estava partindo para a parte que eu te jogo no chão e você acorda no susto.— eu ri.

— Que jeito fofo de acordar alguém. — ela deu risada.

— Consigo ser bem fofa e delicada!

— Ah, eu sei bem disso, amor!— nós rimos e eu dei um selinho nela.

— Vamos levantar? Tô com fome!

— Me diz quando não tá?— brinquei e ela riu.

— Engraçadinho!

Se levantou e eu fiquei vendo ela se vestindo, namoral? Sou sortudo pra caramba. Me levantei também e coloquei a minha roupa, arrumei a cama e quanto a Sophia estava no banheiro e depois fui escovar meus dentes.

— Nossa, mas não tem nada nessa casa pra comer — ela resmungou e fechou a geladeira.

— Não fiz compra ainda, ué!— peguei um copo de água.— Vamos tomar café na padaria e depois vamos no mercado fazer umas compra.

— Hum, pode ser! Vou pegar as minhas coisas.— ela foi para o meu quarto e voltou minutos depois com o salto na mão e a bolsa.— Ainda bem que eu trouxe algumas coisas para dormir aqui, já pensou eu indo na padaria de salto alto e com a roupa que eu estava ontem?

— O povo ia achar que tu tava virada voltando de alguma festa.

Peguei a minha carteira, as chaves e o celular e nós saímos. Tinha uma padaria na mesma rua do prédio, fomos lá mesmo, a Sophia pediu um pão de queijo e um Toddynho, já eu fui na cigarrete e suco de uva.

— Minha mãe é incrível, cara. Não posso dormir uma noite fora que ela já tá me mandando mensagem perguntando se eu não tenho casa. — Sophia falou olhando no celular.— Ela se esquece que eu já tenho 20 anos e ainda me trata como se eu fosse uma adolescente inconsequente de 14 anos.

— Mas você ainda é inconsequente!— ela me mostrou o dedo do meio e eu ri. — Mas meus pais também são assim, quem sabe agora que eu saí da casa deles eu tenho um pouco de liberdade.

— Pode ter certeza que eles vão dar um jeito de se intrometer na sua vida.

Nós ficamos enrolando um pouco na padaria depois que acabamos de comer, depois eu paguei a conta e nós fomos para o mercado. A Sophia ia na frente pegando tudo que segundo ela eu tinha que ter em casa, e eu só seguia ela empurrando o carrinho de compras.

— Felipe, você não pode só pegar besteiras!— ela colocou a mão na cintura e olhou para os pacotes de Cheetos e as barras de chocolate que eu tinha colocado no carrinho.

— Me deixa, vai! Isso é essencial também.

Ela revirou os olhos e foi para o corredor de produtos de limpeza, gastamos um tempão lá, a Sophia queria cheirar todos os amaciantes e desinfetantes, sem falar da porção de coisas que eu nem sabia para que servia.

Depois que saímos do mercado, a Sophia foi comigo deixar as compras no apartamento antes de eu ir deixar ela em casa. Eu parei o carro em frente a casa dos meus pais e nós descemos.

— Tchau, meu amor!— ficou na ponta dos pés para me dar um beijo.

— Tchau, pequena!

— Tu vai na casa dos seus pais?

— Acho que vou ficar aqui para o almoço.

— Beleza, me avisa quando tiver indo embora.— eu concordei e eu dei um último beijo antes dela atravessar a rua e entrar na sua casa.

Entrei na casa dos meus pais e vi a Valentina no sofá assistindo um filme clichê.

— E aí, pirralha. Cadê os nossos pais?

— Estão lá em cima.— respondeu sem tirar os olhos da televisão, eu dei de ombros e me joguei no sofá.

Fiquei jogando no celular enquanto a Valentina assistia o filme dela.

— Oi, meu filho. — minha mãe falou entrando na sala.— Não sabia que vinha para cá hoje.

— Eu vim deixar a Sophia em casa e aproveitei para passar aqui. — falei sem tirar os olhos do jogo.— Vai ter o que de bom? Vou rangar aqui.

— Fala direito, garoto!— meu pai disse e eu revirei os olhos.

— Já que você vai ficar para o almoço, vou fazer aquela lasanha que você gosta. — minha mãe falou.— Chama a Sophia pra almoçar aqui.

— Vou avisar ela!

A minha mãe era uma puxa saco da Sophia, as duas viviam fofocando e falando mal de mim pelas costas. Depois que terminei a partida 'a sei uma mensagem para a Sophia.

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Felipe: amorrr (11:30)
Felipe: minha mãe te chamou pra almoçar aqui
Felipe: ela vai fazer aquela lasanha ao molho branco.

Sophia: que delícia (11:45)
Sophia: vou comer aí então
Sophia: só vou tomar um banho e chego ai

Felipe: tá bom pequena (11:47)
✉️

Depois que a Sophia chegou, ela ficou na cozinha ajudando a minha mãe com o almoço, mas na verdade ela só tava lá para ouvir a minha mãe contando das fofocas do bairro.

— O almoço está pronto!— minha mãe avisou.

Eu estava assistindo jogo com o meu pai, nós levantando e fomos para a cozinha, cada um sentou em seu lugar e eu arrumei um pratão de comida. Tava varado!

— E aí, Sophia, você está em qual período da faculdade?— meu pai perguntou.

— No quarto!

— Bom, já está fazendo algum estágio?

— Ainda não, mas vou ver se consigo um logo. Vai ser bom para eu botar em prática tudo que eu estou aprendendo e também ganhar experiência.

— Eu tenho um amigo que é dono de um escritório de advocacia, o Ricardo é advogado criminalista, atua em outras áreas também.

— Sério? Sou apaixonada em direito penal.

— Se quiser posso conversar com ele e perguntar se tem como você estagiar no escritório dele.

— Quero sim, Guilherme. Obrigada!— ela sorriu para ele.

— Lembra do filho do Ricardo?— meu pai me perguntou.— Ele deve tá com a sua idade, vocês eram bem amigos quando eram crianças.

— É!— respondo sem muita emoção.

Depois do almoço, eu e a Sophia ficamos na parte de trás da casa onde tinha uma piscina e o pequeno jardim da minha mãe. Nós ficamos conversando com os pés na água, ela estava toda animada com a possibilidade de conseguir estagiar em um escritório.

Ironias do Destino II Onde histórias criam vida. Descubra agora