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FELIPE WERNECK

Era quarta-feira ainda, parecia que a semana estava se arrastando. Eu até tentava prestar atenção na aula e nas dúvidas que o professor tirava, mas a minha cabeça já estava na hora da saída. Olhei para a Bárbara na cadeira ao meu lado e ela estava do mesmo jeito, parecia que estava totalmente aérea. Ela parecia mais quieta do que nunca, tava até meio tristinha. Chutei o pé da sua mesa para chamar a sua atenção.

— Que foi?— sussurrei, ela balançou a cabeça.

— Depois — murmurou e eu concordei.

Assim que a aula acabou eu guardei as minhas coisas e me levantei, esperei a Bárbara e nós saímos juntos.

— O que rolou, Babi? Tu tava toda quieta na aula.

— Ai, Lipe, minha vida tá uma desgraceira, eu e o Gabriel terminamos.

— Sério? Poxa, que pena.

— É, mas acho que vai ser melhor assim, a gente já não estava se entendendo e por fim era só briga. — deu um suspiro pesado.— E quando eu acho que minha vida não pode piorar...

Bárbara bagunçou os cabelos curtos e olhou para o chão.

— A loja que eu trabalho tá passando por uns perrengues e tá rolando um boato de que eles vão demitir uma funcionária para cortar gastos, e é meio óbvio que vou ser eu, sou a que tem menos tempo de serviço.

— Poxa, Babi, sinto muito.

— Ah, Lipe, eu tô desesperada, eu pago aluguel, contas e a última coisa que quero é voltar para a casa da minha mãe. — ela já tinha me contado algumas vezes do rolo com a família dela, depois que os pais se separaram o padrasto foi morar com a mãe dela, mas o cara é um babaca pelo que a Bárbara me contou, ela até contou convencer a mãe disso, mas as duas acabou brigando e a Bárbara decidiu ir morar sozinha.

— Bom, eu posso ver se eu consigo te ajudar e arrumar um trampo para você lá na empresa do meu pai. — os olhos dela se iluminaram, nós tínhamos acabado de chegar no estacionamento.— Posso conversar com o meu pai e arrumar um estágio para você lá.

— Sério? Ai cara, é tudo que eu preciso.— ela sorriu.— Às vezes eu me esqueço que você é um mauricinho, dessa vez vou ter que me aproveitar de você.

— Ei, é assim que você me agradece?— dei uma empurradinha nela que riu.

— Obrigada, você salvou a minha vida, literalmente, já estava pensando em uma forma de me matar só com a possibilidade de ter que voltar para a casa da minha mãe.

— Tá me devendo uma. Vai achando que não vou cobrar.

— Ah claro, aposto que vai pedir pra eu fazer a sua parte do trabalho.

— No próximo semestre, esse já acabou mesmo.

Vi o Vinicius e o Igor, puxei a Bárbara e fomos até eles.

— E aí, Babi — o Vinicius nem disfarçou a olhada que deu nela.

— E aí, cabeça de alga — riu.

— As gurias ali — Igor apontou para a Sophia, Rafa, Ana e Gabi.

— Oi, gente!— Ana falou pra todos e deu um selinho no Igor, a Sophia já chegou me entregando os livros dela, Pedro tava vindo logo atrás delas.

— Folgada toda vida, hein.

— Nhenhe — fez uma careta e me deu um beijo rápido.

— E aí, gente, tá todo mundo de férias já? Porque eu não venho mais aqui até o próximo período. — Rafa falou.

Ironias do Destino II Onde histórias criam vida. Descubra agora