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SOPHIA GONÇALVES

Já tinha perdido as contas de quantos copos de cerveja eu tinha tomado e de quantas caipirinhas a Ana Clara tinha pedido. Por mais que eu tentasse evitar, o assunto de alguma forma sempre retornava para o Felipe.

— Vocês terminaram de vez?— Livia pergunta.

— Não vou falar que foi de vez, só demos um tempo.

— Para mim esse negócio de tempo não funciona.— Gabi falou. — E se um dos dois conhecerem alguém nesse meio tempo? Ou termina de vez e cada um vai para o seu lado, ou então continua junto.

— Nós só precisávamos pensar um pouco no que é melhor pra gente.— eu expliquei.

— E vocês já conversaram depois? Pra ver se é realmente isso que vocês querem?— Livia quis saber.

— A Sophia tá fugindo do Felipe!— Ana riu.

— Não estou, não!

— Claro que tá, tá evitando ele!— Rafa respondeu.— Sabe o que eu acho? Que você precisa ficar um pouco sozinha, curtir a solteirice e aproveitar.

— Tá falando isso só porque quer alguém pra ir para a farra com você.— eu ri.

— Talvez!— nós rimos.

Tava rolando uma música ao vivo, tocava de tudo, tinha até umas pessoas perto do palco cantando junto e dançando. E óbvio, a Rafa que não parava quieta já queria ir lá dançar também.

— Ai gente, vamos!— pediu fazendo bico.

— Ah bora!— Gabi animou na hora.— Vem, Sofi!

— Depois, vão vocês!

— Ah não, tu vai também!— a Rafa não sossegou enquanto eu não levantei, ela me arrastou até o palco e nós começamos a dançar.

Eu até tentava acompanhar os passos da coreografia do tik tok que a Rafa e a Gabi faziam, mas eu era péssima dançando isso. Quando começou a tocar um pagode que eu fui me soltar, pelo menos no samba eu me garantia.

Vi que meu copo estava vazio e falei para a Rafa que ia buscar cerveja, mas ela nem deve ter escutado direito por causa da música alta, só concordou com a cabeça. Fui até a mesa onde nós estávamos e peguei a garrafa de cerveja, enchi o meu copo e me sentei um pouco pra descansar. Comecei a me abanar com o guardanapo e as meninas riram.

— E vocês, não vão ir dançar não?— pergunto olhando para a Livia e a Ana.

— Eu tô vigiando a mesa, alguém precisa tomar conta aqui.— Livia riu.

— E eu estou fazendo companhia para a Livia.— Ana pegou a sua cerveja na mesa e deu um gole.

— Cara nem queima né, Ana Clara?

— Uai, vou deixar a menina aqui sozinha?

— Vagabunda — Rafa diz ao se aproximar e me deu um tapinha no braço.— Me deixou lá sozinha!

— E a Gabi?

— Encontrou um carinha lá e tá cheio de papo.

— Gato?— Ana quis saber, Rafa apenas assentiu com a cabeça e pegou a garrafa de cerveja para encher seu copo.

— Quem tá a fim de tomar uma cachaça?— eu perguntei e as três olharam para mim.— Ué, vocês me arrastaram pra cá, agora eu vou é encher a cara.

— Então bora!— Rafa chamou o garçom e depois uma rodada de cachaça pra gente, a Livia como sempre fez graça falando que não ia beber.— Deixa de ser chata, Livia, todo mundo vai beber.

— Tá legal!— ela revirou os olhos e virou o shot de cachaça, eu ri da careta que ela fez.

Depois de algumas cachaças e as várias cervejas que eu tomei, já sentia o efeito do álcool tomar o meu corpo e não me responsabilizava mais pelas minhas atitudes. Eu estava dançando com as meninas, até a Livia veio dançar conosco, tocava um pagode ótimo para dançar, eu cantava alto enquanto sambava.

Disse para Ana Clara que iria no banheiro e me afastei, entrei no banheiro, fiz xixi e lavei as mãos, prendi o meu cabelo e limpei o barrado do rímel. Fui até o balcão e pedi uma caipirinha, enquanto esperava vi o Lucca vindo na minha direção com aquele sorrisinho de canto, ele se empoleirou no balcão e me olhou.

— Melhor pegar uma água em vez disso — ele falou quando o barman me entregou a caipirinha. — Já tá bem no grau!

— Toma conta da sua vida, Lopez!— falei bebericando minha bebida e ele riu.

— Que agressividade, angel. — eu me sentei em um dos bancos que tinha ali. — Cansou foi?

— Cansei — eu ri.

— Também né, dançando daquele jeito, roubou a cena todinha.

— Até parece que com a Rafa dançando alguém ia olhar pra mim. — eu brinquei com o canudo que estava no copo da caipirinha.

— Eu olhei!— eu olhei para ele, Lucca tinha um sorriso malicioso nos lábios, aquele sorriso que a gente vê que é encrenca logo de cara.

— Sabe de uma coisa Lopez, você é até bonitinho e tudo mais, mas eu não vou ficar com você.

— Mas quem disse que eu quero ficar com você? — ele falou e eu tinha certeza que ele olhava para a minha boca.

— E você não quer?

— Você é bonitinha e tudo mais, mas não faz meu estilo. — ok, vou fingir que meu ego não foi ferido.

— Quem bom, porque eu nunca ficaria com um cara igual você, metido e arrogante, sem educação também.— seu sorriso diminuiu.

— Você se acha demais né?— ele falou analisando meu rosto, seu corpo estava bem próximo do meu.

— Só não quero que você ache que vai rolar alguma coisa entre a gente, porque não vai, você é só... — eu busquei a palavra certa.— Um colega de trabalho.

— Você já disse que não quer ficar comigo em cem línguas diferentes.

— Ótimo, assim dá pra você entender!

— Mas fique você sabendo, que quando você quiser, vai ter que implorar. — ele diz olhando para a minha boca.

— Vai achando, Lopez! — eu ri.

— Quer apostar?— me olhou com um sorriso convencido no rosto.

— Eu nunca vou ficar com você!— eu digo e o sorriso não sai do seu rosto.

— Veremos, gatinha!— piscou pra mim antes de ir em direção a mesa em que ele estava com uns amigos.

Eu voltei para perto das meninas, Livia tava muito louca, começou a me abraçar e dizer o quanto ama eu e as meninas.

— Amiga, te vi conversando com o gostoso do Lucca, o que rolou? Me diz que você ficou com ele!— Rafa falou passando o braço ao redor do meu ombro.

— Sinto em informar, mas eu não peguei ele, e nem vou.

— Eu amo você, mas você é uma tonta as vezes!

— E você é uma chata sempre!— nós rimos.

Ficamos no bar até dar umas duas da manhã, a Ana Clara e a Rafa iriam dormir na minha casa, a coisa mais difícil foi entrar em casa sem fazer barulho. A Rafaela falava do jeito escandaloso dela e a Ana não parava de rir de mim que toda hora tropeçava em uma coisa.

Quando eu deitei na cama senti o quarto inteiro girar e rir sozinha, na mesma hora eu apaguei.

Ironias do Destino II Onde histórias criam vida. Descubra agora