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SOPHIA GONÇALVES

A minha semana estava daquele jeito, ia pra faculdade de manhã e estudava à tarde, as provas eram na próxima semana e eu não podia dar bobeira. Ainda mais em final de semestre.

Na quarta-feira eu fui fazer uma entrevista para trabalhar no escritório do Dr. Ricardo, o Guilherme falou com ele e arrumou essa entrevista para mim. A entrevista foi bem tranquila, nós conversamos sobre a faculdade e os meus planos para o futuro. O Ricardo era bem simpático e até esclareceu algumas dúvidas minhas quanto ao estágio. Ele disse que estava mesmo procurando uma estágiaria já que a trabalhava lá ia sair no fim do mês, porque o contrato se encerraria. O Ricardo não me deu certeza se eu ia ficar com a vaga ou não, disse que tinha mais alguns candidatos para entrevistar e ficou de me dar um retorno. Eu estava bem ansiosa, o estágio seria uma ótima oportunidade e me daria bastante experiência. Esperava de verdade que eu conseguisse a vaga.

Finalmente a sexta-feira havia chegado, eu estava contando os dias para o final de semana, a galera estava falando a semana inteira da "estreia" do apartamento do Felipe, a gente ia fazer uma social com o nosso grupinho e mais algumas pessoas da faculdade.

Me arrumei correndo pois estava atrasada para a aula, desci e encontrei meus pais tomando café.

— Bom dia!— falei e peguei uma xícara de café e um pedaço de pão, nem me sentei pra comer.

— Achei que nem tinha aula hoje — minha mãe falou.

— Acordei atrasada — disse de boca cheia.— Pai, tem como você me deixar na faculdade? Não vai dar tempo de pegar o ônibus.

— Tem, mas vamos ter que sair agora, ou eu quem vai chegar atrasada sou eu.

Terminei de tomar o café e quase queimei a língua, me despedi da minha mãe e sai de casa. Meu pai me deixou em frente a faculdade, fui correndo para a minha sala e quando cheguei o professor já estava lá.

Procurei a Rafaela com os olhos e ela levantou a mão e indicou a carteira que tinha guardado para mim, fui andando até lá e ela tirou a mochila da mesa.

— Valeu!— sussurrei e me sentei na sua frente.

Confesso que dei uma leve boiada na aula de direito constitucional, essa matéria não era muito a minha praia.

Quando a aula terminou e o professor liberou a gente, eu e a Rafa saímos juntas da sala e fomos andando pelo corredor para encontrar o nosso bonde.

— E aí, onde nós vamos hoje? — perguntou.

— Eu vou ficar plenissima na minha casa.

— Ah qual é, Sofi? Sextou, a gente tem que ir em um lugar legal.

— Ah não, Rafa, não vou sair hoje não. Semana que vem começa as provas e eu tenho que estudar. Ainda mais que amanhã a gente vai para a casa do Felipe, não tem a menor condição de eu sair hoje.

— Ai, por que você tem que ser tão certinha?— revirou os olhos.

— A vida não é um morango, Rafaela. É final de semestre e eu não posso dar bobeira.

— Aff!— bufou.— Aposto que a Ana não vai querer sair hoje porque tem que ficar com o Igor, não é fácil ser a solteira do bonde.

Eu ri.

— Chama a Gabi, aposto que vai tá de bobeira hoje.

— Vou ver!

Reconheci o bonde só pela altura que eles conversavam e pela risada escandalosa do Igor. Eu e a Rafa fomos para perto deles, eu falei um Oi geral com todos e dei um cheiro no Felipe.

Ironias do Destino II Onde histórias criam vida. Descubra agora