Havia exatos 30 dias desde que Veena Todoroki deu as boas vindas à Andolini. Ela, porém, não tinha certeza da presente data. Mais do que nunca, o tempo é relativo para Alessa.
A nova rotina, apesar de cansativa era perfeita para o que a situação lhe exigia: distração.
Os embates corporais eram revisados todos os dias, uma vez com Kirishima, outra com Midoriya. Quem falava com ela sobre estratégias de batalhas era Ochaco, vez e outra fora Endeavor, mas geralmente Ochaco. Todoroki foi o melhor instrutor mental, e agora pode jurar para todos na Agência Ayers que, depois de sua esposa, nenhuma heroína será tão concentrada e psicologicamente inabalável quando Alessa.
Na última semana, o Japão se aproximou consideravelmente daquele desastre natural que fez com que os heróis chamassem a antiga empresa onde Alessa trabalhava, por conta disso, Aizawa e ela estão mais próximos do que nunca.
Precisaram almoçar juntos, trancafiados numa das salas de estratégias da empresa na última semana, nos últimos dias, no entanto, nem se passou pelas cabeças da dupla tirar nem que seja dez minutos para o almoço.
Agora o relógio analógico apitava anunciando as estas 15 horas da tarde. Foi ruído o suficiente para elevar os olhos do Herói profissional, desfocando-o da papelada e fixando-os no semblante concentrado da garota em treinamento.
Sem nenhum suspiro que indicou a quebra repentina do silêncio costumeiro entre eles, Shouta balbucia como desinteressado: - Você devia ir embora.
Tão imediatamente Alessa o encarou, a costela esquerda chegou a alfinetar sob a carne, tamanha havia sido sua inércia ao ler e reler relatórios climáticos.
Como não tivesse escutado, ela admite que não o compreendeu soprando: ─ Excuse...?!
─ Você está aqui há 19 horas. Compreendo perfeitamente sua necessidade extrema de se distrair, mas se matar trabalhando não vai ajudar em nada. Nem você, nem ele, muito menos a empresa da Rubro.
Honestamente, Alessa não havia escutado boa parte do que Aizawa lhe falou, no entanto, havia entendido que era pra ela cair fora.
Então rapidamente fechou seu computador, pegou o celular de sobre a mesa, levantou, pegou sua bolsa, acionou um carro no aplicativo de carona e foi embora.
Por que ela havia feito isso? Ela não tem certeza. Por que não quis ficar? Por que não quer ir embora? E por que, por que diabos está descendo do veículo em frente à casa dele, sendo que isso só lhe faz sentir assim...?
Completamente vazia.
Um silêncio descomunal que embrulha o estômago dela, mas imediatamente se é substituído por um choro baixo que... Não era de Alessa.
Com um sopro de susto repentino, Alessa praticamente dá um soco no interruptor, acendendo a luz da sala para se deparar com as costas de Kirishima.
Agora um sopro de alívio, mas também de tristeza.
Por que, até então, ela estava se sentindo sozinha o suficiente para, egoistamrnte, imaginar que seria a única sofrendo a falta de Bakugou?!
Percebendo quem estava na sua retaguarda Eijiro se arrastar à sua esquerda, acomodando-se num assento só do sofá para dois, explicitando com com, o convite para que ela tome um assento. Alessa caminha devagar e o silêncio era tão denso que se dava para ouvir o ranger da prótese de metal, misturado ao som da sua respiração pesada.
Ao se sentar, ela suspira. Os dois ficam olhando fixamente para a frente por um tempo até que, indeciso sobre pôr panos quentes no assunto que lhe fez chorar ou simplesmente abrir mais sua ferida, Kirishima opta pela segunda questão, comentando deliberadamente:
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Katsuki Bakugou ─ Explosivo 2
FanfictionHá sete anos que Katsuki se despediu daquela italiana. E sete anos depois dela, não havia mais nada que ele pudesse desejar. A carreira dos sonhos, sua casa, fama, dinheiro. Bakugou tinha tudo e não sabia que ainda a queria - e queria explosivamente...