89 💥 a pergunta que petrifica

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─ Mas o seu cabelo está tão bonito, o que você fez? ─ Mitsuki pergunta enquanto comem, faz seu filho segurar o hashi cheio entre a boca e o prato, obrigado a olhar o que sua mãe dizia, a concordar irrevogavelmente: sim, ela estava muito bonita.

─ Eu cortei um pouco porque estava caindo muito, então ele fica bem mais grosso, né?! ─ Alessa mostra as pontas cacheadas. ─ Agora quero por tudo pintar, trocar, fazer alguma coisa diferente.

Sua sogra sorri, com os cabelos bem mais compridos do que costumava usar quando Katsuki era apenas um adolescente.

─ E você tirou os piercings. Enjoou? 

Alessa engole a comida com dificuldade, já prensando os lábios e implorando com os olhos para o seu marido não ser o idiota de sempre. Mas ele parece ter ouvido sua súplica, então fez questão de contar para a velha xereta:

─ Estavam se enroscando na nova prótese da Alessa, então eu tirei só os de cima pra não atrapalhar na hora de ─ Cala boca, seu idiota! ─ Alessa e sua mãe xingam em uníssono, o clima fica bom e seu pai ri, ainda se perguntando porque seu filho constrange a esposa desse jeito, mas principalmente, porque Mitsuki faz umas perguntas tão particulares.

De repente os risos e gargalhadinhas enchem a sala de jantar.

─ Desculpa, Masaru-san, de verdade ─ ela tenta se redimir com o anfitrião que só faz rir, totalmente acostumado com a inconveniência do único filho.

─ Seu imbecil, que falta de respeito! ─ de repente o sotaque italiano estava carregado, sempre o ficava quanto estava enfurecida com ele.

Katsuki franze o nariz adoravelmente, simulando um cheirinho nela do outro lado da mesa.

─ Ela tá me xingando, porra! ─ reclama com sua mãe. ─ Vai deixar?

Agora sim, sua esposa gargalha. Estava com saudade desse bom humor. Estava com saudade da sua risada, e como ela o fazia sentir todas as emoções.

─ Não xinga o meu monstrinho, garota! ─ eles riem. ─ Ele só late, mas não morde.

─ Porra, mãe! Não me desmoraliza! ─ Alessa ri. Confessa para si mesmo que é estranho ver seu marido chamando dona Mitsuki de "mãe", já que normalmente é velha, velha escrota, etc. Faz seu coração tremer.

Às vezes queria recusar o convite dos sogros, para um almoço, janta ou cafézinho da tarde. Mas sempre que chega, não quer ir embora. 

Era muito bom estar naquelas companhias. Mitsuki sabia tudo sobre cozinha e Katsuki sempre aproveitava para tirar dúvidas com o pai. Sempre havia assunto. Sempre. Falavam desde organização da casa ao trabalho, as comitivas do loiro, os projetos pessoais de Alessa e recentemente suas viagens.

Infelizmente, com o último assunto, veio o que Katsuki e Alessa mais temiam. Aquela pergunta.

Aquela que, há não mais de um mês, ele disse ao Shoto que provavelmente não saberia lidar. 

A verdade é que Mitsuki e Masaru estavam preocupados com a saúde de seus filhos. Queria perguntar logo se Alessa estava doente e o que eles poderiam fazer para ajudá-los. Se por acaso o tratamento que estava fazendo ─ porque agora é óbvio que estavam fazendo ─, era rigoroso e eles não queriam um colo para descansar.

Mas, pela primeira vez em muitos anos, decidiu ouvir Masaru. Decidiu não ser indelicada. Decidiu perguntar por algo que faria apenas seu filho xingá-la, mas que não seria tão indelicado, do seu ponto de vista:

─ E os meus netos? Quando virão?









Sim, o silêncio que se instaurou foi terrível.

Katsuki Bakugou ─ Explosivo 2Onde histórias criam vida. Descubra agora