85 💥 guardami, baby

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Às portas de casa, mais precisamente já com os portões da garagem escancarados, com o Neko dormindo dentro da sua caixinha de viagem e a mala pesada esperando para ser armazenada no porta-malas, foi que aconteceu: o primeiro empasse do seu casamento.

Até então a maior preocupação de Bakugou era decidir se amassava ou não seu cabelo arrepiado colocando uma touca de lã, porque às 05 horas da manhã, Tóquio havia amanhecido irrevogavelmente fria.

Porém, quando pôs o felino no banco de trás e voltou para pegar o café quente que sua esposa havia feito pra ele, suspirou, estalando a língua no canto dos lábios ao se deparar com aquela careta birrenta logo cedo.

─ O que foi que você tá com essa cara? ─ sua tentativa de ser delicado era inconsciente, mas o esforço estava ali, mesmo não intencional, mesmo que ele não concorde. Só depois de alguns meses é que Katsuki viria a perceber: toda a sua alma queria a tratar bem.

─ Por que temos que ir com o seu carro? ─ emburrada. Adoravelmente emburrada, ele pensa.

─ Você zoando ─ inevitavelmente, soa um tanto ríspido e a incita a rolar os olhos. ─ É literalmente só até o aeroporto e depois a direção mais perigosa de Tóquio é que vai trazê-lo de volta para a garagem.

─ Quem? ─ ela ri, sem demora se dá por vencida.

─ Kirishima ─ enquanto iam ao aeroporto, Bakugou refletia se realmente confia assim no cara.

Mas bastou dez minutos no trânsito, o rádio ligado no volume mínimo e o ar-condicionado ressonando confortavelmente num vapor quente para ele esquecer aquilo ali.

─ O que foi? ─ ela o enganou bem. Bakugou podia jurar que Alessa estava distraída com o fim da madrugada escura ou até cochilando por conta do horário do voo, mas então ele olha o retrovisor e ela pergunta, uma voz tão melosa e despreocupada que o deixa brevemente hipnotizado.

Ele só estava conferindo se o gato idiota estava bem, mas não quis falar isso pra ela. Já que foi flagrado, optou por não falar nada menos e nada além da verdade:

─ Estou sentindo seu perfume e ouvindo sua respiração ─ Alessa inclina o rosto para olhá-la enquanto fala.

De repente não conseguia se conformar com o quão bonito ele era. Como estava extraordinário com aquele moletom preto e como aquela calça jeans o deixava ainda mais convidativo. Adora o jeito em que ele usava seu Nike preferido, e céus ─ ela suspira com força ─ quando deixaria de ser fodidamente gostoso com aquela aliança de ouro em seu dedo?

─ Seu merda... ─ a voz dela ecoa num chiado que o faz rir. Katsuki achava que havia alcançado o limite do seu romantismo e que ela certamente iria morrer de amores por ele, mas então ela faz silêncio e quando o quebra está o xingando de merda e continua: ─ Eu vou morder toda a sua cara agora ─ ao menos Alessa avisa, inclinando-se no banco do carona para apoiar em seus ombros, aproximando o suficiente para morder a bochecha e em seguida a mandíbula dele.

─ Para, idiota ─ ele xinga, o sorriso bem mais quente que o ar-condicionado. ─ Eu dirigindo, porra ─ reclama de cenho franzido, sem poder se afastar dos dentes que mastigavam sua bochecha porque iria machucar.

─ E eu estou mordendo, porra ─ Katsuki sorri, mil vezes mais concentrado no fluxo quase inexistente de veículos na avenida.

Meia dúzia de palavrões depois, ele avista o ruivo no aeroporto. Alessa sorri já de longe, cuidando Kirishima com os olhos enquanto o marido dirige para mais perto, estacionando onde o ruivo aguardava.

Bakugou pensa em abrir a porta para ela, mas antes mesmo que ele pudesse ver, Alessa já havia pulado do carro, colocando o capaz na sua cabeça porque o vento parecia muito mais forte ali.

Katsuki Bakugou ─ Explosivo 2Onde histórias criam vida. Descubra agora