Embora houvessem risos, boas gargalhadas, fotos com a bancada nova e uma encomenda aleatória de fast-food e álcool perto da meia-noite, as coisas foram faladas com tanta seriedade e lucidez que embrulhou o estômago de Alessa.
Haviam muitos pontos de mágoa, então foi preciso muitos pedidos específicos de desculpas. Estranhamente ─ segundo Bakugou ─ , de ambos os lados.
Ele via com uma clareza e delicadeza extraordinária a sinceridade em seu tom e olhos quando ela dizia que nunca quis magoá-lo. Mas por outro lado, por causa de tudo o que já ouviu, sentiu e passou, o cérebro de Alessa levou pra um lado muito tortuoso a seguinte frase: ─ Honestamente, não sei se teremos o mesmo desfecho em uma segunda omissão...
Claro, imediatamente ela entendeu que ele só estava tentando ser extremamente sincero com ela e consigo mesmo, no entanto, não deixou de se sentir um pouco ameaçada. Coisa que Bakugou percebeu na hora, mas como o problema em questão era o seu sentimento e não os traumas de Alessa, ele achou que podia se dar ao luxo de não se explicar, afinal, nada havia sido empurrado para baixo dos tapetes.
Nem Alessa se deixou desanimar com a decisão certeira de que não poderia mais haver mentiras ou omissões, puxou a garrafa de saquê que ele bebia e virou o álcool que desceu queimando sua garganta . Apoiou sua cabeça na parede da sala onde estavam sentados ─ no chão em frente ao sofá ─, percebendo que, se tudo desse certo, essa seria a sua nova casa, com sua nova família, em uns quinze ou mais dias.
Lembrar isso a faz sorrir quase que imperceptivelmente. Quase. Os olhos carmesins que estavam atentos à ela, captam aquele movimento mínimo. O deixa curioso para saber o que se passa por sua cabeça e a italiana não faz suspense ao perguntar:
─ Você quer adiar a data?
Bakugou prende a respiração.
O sorriso que ela deu não entregou sua mente, na verdade, agora Katsuki a acha um tanto contraditória. Mesmo que a informação no seu tom de voz fosse gostosa: ela não queria adiar.
─ Não quero.
E o jeito que ele respondeu sem rodeios, firme, mesmo que soando um pouquinho desanimado, fez o coração dela acelerar.
─ Você quer? ─ Katsuki pergunta, de repente queria saber como se sentiria caso Alessa não achasse mais uma boa ideia casar em uma quinzena de dias.
─ Não... ─ ela sopra, colocando a garrafa de bebida no chão.
Seu movimento o faz pender o rosto para onde ela estava, uma de suas pernas estavam flexionadas, o joelho ficava perto do rosto enquanto as costas se mantinham na parede. Bakugou suspira com força quando a mão pequena empurra seu joelho, indicando que ele deveria abaixar a perna para ela se aproximar.
Foi muito difícil para Bakugou perceber e entender que, deliberadamente, ele havia aberto um caminho diferente do que sempre quis para si, sozinho. Só na última semana foi que viu, claramente, não ser mais o monarca do próprio Império ─ desde novo ele gosta dessa comparação ─, mas o mais chocante não foi destronar a si próprio, mas sim trocar tão confiantemente as suas prioridades. Então, a sua coroa que era feita de orgulho e uma absoluta independência, se tornou repentinamente tão frágil como uma tiara de benevolência e intimidade. Agora ele se vê imerso numa crise existencial fodida porque não sabe se pode lidar com isso.
─ Como você acha que vai ser isso? ─ ele aceita os dedos de Alessa entrelaçados nos seus, ambos sentados no chão, encostados na parede e agora com seus rostos pendidos nos ombros, para olharem nos olhos um do outro.
Alessa sabe que ele se refere ao seu casamento.
E Katsuki, olhando-a tão de perto, só conseguia ver sua noiva, sua tão breve e futura esposa. Como poderia ignorá-la? Ou se deixar ressentido e sentindo-se traído? Queria superar aquilo, conversando bem íntima e secretamente com ela.
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Katsuki Bakugou ─ Explosivo 2
FanfictionHá sete anos que Katsuki se despediu daquela italiana. E sete anos depois dela, não havia mais nada que ele pudesse desejar. A carreira dos sonhos, sua casa, fama, dinheiro. Bakugou tinha tudo e não sabia que ainda a queria - e queria explosivamente...