THAYNARA.
Rio de Janeiro — RJ.
Depois que saímos do cursinho, a Madu ma chamou pra ir pra casa dele almoçar, liguei pra minha mãe avisando e ela só pediu pra eu chegar antes das 18h, ela iria em uma reunião de moradores e ela queria que eu estivesse em casa caso o senhor que pretendia alugar nossa casa dos fundos viesse vê a casa. Chegando na casa da Madu, ela me emprestou uma peça de roupa e eu fui tomar banho, ela também foi usando o banheiro do corredor.
— Oi gatinhas. — escuto a voz do Matheus assim que entramos na cozinha.
Madu abraça ele, e vai falar com a mãe sentando do lado da mesma, abraçou a tia e vou até o Matheus que me abraça.
— Tudo bem? — ele assente.
— E tu? Fiquei preocupado contigo, aquele cara lá...
— Eu tô bem. — sorri simpática. — Não precisa se preocupar.
Nos servimos e almoçamos ali em um clima muito agradável, depois do almoço a tia pediu em um app de comida algumas sobremesas, ficamos conversando sobre tantas coisas que nem vi a hora passar.
— Meu Deus, já vai dá 18h. — levanto.
Madu subiu as escadas e voltou com minha mochila, agradeci ela e me despedi da tia, e antes de me despedir do Matheus ele se pronunciou.
— Eu te deixo em casa.— ele fala e coça o cavanhaque sem graça. — Se você quiser, claro.
— Vou agradecer demais.
[...]
Já estávamos no meu bairro, e minha perna balançava sozinha por conta do nervoso, detestava deixar minha mãe na mão.
— Tá nervosona. — ele põe a mão na minha coxa, acho que no intuito de tentar fazer eu parar. — Tá chegando já, relaxa. — ele faz um carinho ali onde estava com a mão, olhei pra mão dele e pra ele. — Tu tá muito atrasada? — ele assim que entra na minha rua e tira a mão da minha coxa disfarçando o ato.
— Eu marquei 18h com minha mãe. — explico.
— Pra tomar conta do teu irmão? — nego e ele destrava o carro assim que para no meu portão.
— É que... — sou interrompida pelo barulho estrondoso do portão.
Olho assustava e vejo o Maurílio vindo feito uma fera, ele abriu a porta do carro e me tirou de dentro, o cheiro de bebida nele impregnou.
— TÁ MALUCO PORRA? TIRA A MÃO DELA. — escuto o Matheus gritar.
— NÃO SE METE MOLEQUE. — ele grita de volta
— Solta ela. — Matheus fala pausadamente e o Maurílio me solta rindo debochado.
Matheus me puxou da mão do Maurílio, que foi pra cima dele, mas Matheus continuou ali cara a cara com ele.
— Arrumou um segurança? — ele fala olhando pro Matheus.
Entrei entre os dois e empurrei de leve o Matheus pra longe do Maurílio.
— Não te interessa. — falo olhando pro Matheus que tinha o olhar preso no Maurílio.
— E é abusada ainda. — ele fala nervoso. — Vocês estão vendo né? — me viro e olho vendo os vizinhos assistindo aquela cena toda.
— Toda vez você fazendo cena pros vizinhos né? — falo e ele ameaça vir até mim.
— Se tu encostar nela de novo... — não deixo o Matheus terminar de falar e viro olhando pra ele.
— Matheus, não precisa se meter nisso, olha o tanto de gente aqui, certeza que algum te conhece e...
— Fica de vagabundagem na rua, enquanto a mãe dela pede pra ela vir pra casa ajudar... — Maurílio fala alto e todos olhavam atentos.
— Se você quer fazer cena pra sua platéia, tu vai fazer sozinho. — volto a olhar pro Matheus. — Pode ir, eu vou entrar agora. — falo baixo e ele nega intercalando o olhar em mim e no Maurílio.
— Vou deixar tu sozinha aqui não. — ele me olha.
— Que protetor... Moleque se eu fosse você se adiantava, porque a minha filhota e eu temos muito o que conversar ainda. — Maurílio se aproxima e eu me afasto. — E um conselho, tu parece ser um moleque bem de vida, merece coisa bem melhor.
Matheus nega e vai pro carro abrindo a porta do motorista, ele me olha.
— Bora? Vou te deixar lá na Madu. — nego e ele me olha confuso. — Tu quer mesmo ficar aqui, com esse cara desse jeito?
— Eu tenho que ficar Matheus. — falo baixo e ele nega de novo.
— Bora, tu explica pra tua mãe o motivo. — tento explicar pra ele, mas ele nem me deixa falar. — Se tu não for comigo, eu vou ficar aqui contigo até tua mãe chegar.
Matheus tinha o olhar sério, eu sabia que ele estava falando sério, e sabia também que se ele ficasse aqui as coisas não terminaria bem entre ele e o Maurílio. Desisti de insistir em ficar e fui até o carro abrindo a porta, entrei e ele entrou em seguida, ligou o carro e manobrou, antes de sair dali ouvi o Maurílio gritar me xingando.
— Filho da puta. — Matheus fala nervoso.
Olhei pra ele e vi que ele realmente estava nervoso, o maxilar travado, as sobrancelhas franzidas e os dedos brancos de tanto que ele estava apertando o volante.
— Desculpa. — falo baixo que quase não sai, estava morrendo de vergonha disso tudo.
— Você não tem que se desculpar de nada Thaynara, o babaca foi ele. — ele fala calmo mais não desfez a postura nervosa. — Ele tem que te respeitar pô.
— Eu sei... — solto o choro que estava preso.
— Ei... não chora. — ele põe uma das mãos na minha coxa fazendo um carinho. — Esse babaca não merece uma lágrima tua.
— É muito vergonhoso... — falo enxugando as lágrimas que desciam sem parar.
— Não precisa ter vergonha, porque a única pessoa que tinha que ter, não tem.
Fico quietinha ali e ele respeitou o silêncio, chegamos bem rápido no prédio da Madu, depois de sair do carro entramos no elevador e ele apertou o número do andar da Madu, quando o a porta do elevador abriu, fomos até a porta dela e tocamos a companhia diversas vezes mas nada.
— Vou ligar pra ela. — Matheus fala e se afasta dali mexendo no celular.
Foi a primeira vez que ele disse algo desde o carro. Fiquei olhando pra ele que pelo visto já falava com ela, ele assentiu algumas vezes, e desligou vindo até mim.
— A Madu teve que sair com minha tia, mas ela avisou que vai voltar pra casa... só vai demorar um pouco. — ele fala.
— Tá bom... obrigada, eu espero ela aqui. — falo e ele nega.
— Tá doida? Vou deixar tu aqui no corredor não maluca. — ele ri fraco. — Bora, tu fica lá em casa até ela voltar.
Ele caminha até o elevador e aperta o botão, fico ali no mesmo lugar até o elevador chegar e quando as portas abriram ele me olha e me chama com a mão.
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