“Eu senti a sua falta a vida inteira, Azzy...” – Shēnxiù Qī murmurou, permitindo que o cheiro de cedro e névoa preenchesse seus sentidos, permitiu o prazer pelo contato com a pele de seu Parceiro... seu Parceiro!
Aquele a quem ela já havia nascido ligada pelo Laço de Amor e que a fez sofrer pela ausência, a estilhaçando dia após dia enquanto ainda não havia perdido sua liberdade.
“Eu sentia tanto a sua falta... então me encolhia nos cantos mais escuros do Canil, acreditando que as sombras eram a sua presença...” – Azriel soluçou, fechando um pouco mais os braços entorno de Shēnxiù Qī. “Até o dia que me esqueci de tudo... e parei de sentir, porque não suportava mais o sofrimento...”
Shēnxiù Qī se desvencilhou e se afastou o suficiente para olhar para Azriel. Rastros brilhavam na face dele, lágrimas que ele nunca permitiu derramar por nada e ninguém além dela, além de Rigel. Ela enxugou as lágrimas, acariciando o rosto que pensou jamais esqueceria... mas esqueceu por um longo século.
“E quando tudo se tornou insuportável e a morte se tornou bem vinda, eu me tranquei na proteção que o meu pai criou em minha mente e aceitei a completa escuridão, acreditando que era lá que você estaria, Azzy...”
Azriel baixou a cabeça, encostando-se à testa de Shēnxiù Qī. As lágrimas de dor e arrependimento desciam, agora, em profusão. Mesmo depois de tê-la decepcionado, repelido, magoado!, Rigel ainda buscara nele o conforto e a proteção que ele se negou a oferecer quando ela veio até ele suplicando por isso. Ele sequer deveria ousar em pedir perdão!
“Você está perdoado, Azzy...” – Shēnxiù Qī murmurou, ouvindo o que o coração de Azriel lhe suplicava. Ela sentia perfeitamente os sentimentos dele e, teve certeza, então, que eram verdadeiros.E teve certeza de que ele, nunca, se mancomunou com seu pérfido irmão para roubar a coroa da Corte Noturna. Mas... a coleira que o prendia à obediência servil e cega ao Grão-senhor era um obstáculo intransponível.
“Você está perdoado porque... também é um escravo!”
Shēnxiù Qī murmurou em silêncio contra a boca de Azriel, fechando as mãos no pescoço forte do illyriano, antes de beijá-lo com paixão e tristeza. Azriel retribuiu sem reservas, tomado pela embriagues das emoções e do Laço de Parceria.
“Eu te amo e te perdoo, Azriel...” – Shēnxiù Qī se afastou, soltando-se do beijo e do abraço, erguendo-se em superioridade ao homem ajoelhado à sua frente, erguendo todas as muralhas contra ele e seu passado. “mas... eu não confio em você!”
Antes que Azriel conseguisse processar todas as palavras e se refizesse do choque, Shēnxiù Qī levou a mão direita sobre a cabeça dele, deixando o polegar posicionado entre os olhos, direcionado à glândula pineal.
“Como herdeira majoritária da Corte Noturna e Senhora de seus servos, eu o proíbo, Encantador de Sombras Azriel, mencionar qualquer coisa a respeito de Rigel. Você não será capaz de comunicar a existência de Rigel de nenhuma forma e a ninguém, nem mesmo sob as ordens do seu Grão-senhor. Azriel, você agora é um Fiel do Segredo inquebrantável, a menos que eu o libere desta obrigação!”
Tontura acometeu Azriel, que bambeou e quase tombou no chão rochoso, apoiando-se em sua mão direita. Trevas densas encobriram seus olhos e ouvidos, e sua língua travou ao tentar pronunciar o nome de Rigel. Seu braço fraquejou e ele caiu de lado, só então saindo do momentâneo estupor. Piscou várias vezes para clarear a vista e só então voltou-se para Shēnxiù Qī, encontrando nela a típica máscara amímica e indiferente.
Em torno do pescoço illyriano, onde Shēnxiù Qī havia acariciado, uma faixa estreita se desenhou em toda circunferência, fechando-se com um símbolo antigo da Língua Maldita, o idioma dos Onis.
“O que... você fez?!” – Azriel perguntou incrédulo. A perturbação em relação à Shēnxiù Qī voltou e tudo tornou-se embaçado novamente... embora ele se lembrasse com perfeição quem ela era de fato e o que ela representava para ele.
“Você deveria ter mais cautela com alguém que esteve no inferno e aprendeu com demônios tudo que sabe. A nossa história acaba aqui, Azriel. Leve-me de volta para a hospedaria e vá embora para sempre da minha vida.”
Sem discutir ou questionar, Azriel levantou-se, segurando no braço de Shēnxiù Qī com apenas a firmeza necessária para atravessá-la junto dele.
No alto da rocha, mais ao longe, Lumen escorregou para o chão. Lágrimas lavavam o rostinho moreno. A dor e a desesperança preenchiam o seu pequeno coração luminoso. Tĭi, o filhote de morcego-raposa, planou até ela, fornecendo o conforto e amparo da sua presença.
Lumem sentou no chão e escondeu o rosto em seus joelhos. Suas pequenas asas illyrianas fecharam-se sobre ela como um casulo. Tĭi encolheu-se ao lado dela, sem saber o que fazer. Ele era um pequeno psicopompo, um guia da Morte.
A noite se tornou mais densa às costas da criança illyriana, e jorrou em miríade de estrelas. Um homem alto e elegante pisou para fora da nebulosa, chamando com doçura pela pequena, num tom de voz que jamais usou com ela em vida.
Lumen não hesitou ao chamado e correu para os braços do Grão-feérico, que a acolheu em seu colo. A menina deitou a cabeça no ombro do homem, chorando sem compreender como tudo podia dar errado de um momento ao outro.
“Acalme-se. Tudo vai dar certo na hora certa.” – O Grão-feérico falou, acariciando os cabelos cacheados da pequena.
“Ela rejeitou o papai!” – Lumen gritou engasgada com as lágrimas. “Eu não vou poder mais nascer!”
O Grão-feérico riu, ainda tentando consolar a criança. A noite envolveu a ambos numa cadência de estrelas e escuridão.
“Não seja dramática. Você ainda poderá nascer através do nosso filho.”
Lumen ergueu a cabeça, encarando os olhos violentas que a olhavam com a doçura que nunca teve entre eles enquanto existiam no mundo.
“Não posso ser filha do Rhys! Minha dívida é com Rigel!”
“Não quer ser irmãzinha de Mintaka?”
A menina fez uma careta. “Que nome horrível deram a você!”
Rindo, o antigo Grão-senhor da Corte Noturna caminhou entre a nebulosa, deitando a cabeça de Lumen de volta ao seu ombro. Tĭi voou até as costas da pequena, aconchegando-se ali.
“Tenha um pouco mais de paciência, querida... nossa filha ainda tem muito a se curar... tenha paciência...”
)O(
A escuridão entre as topiarias tremeluziu, e das sombras Azriel atravessou com Shēnxiù Qī, que deu um passo adiante, não se dignando a olhar para ele. Estancou quando ele não soltou o seu braço, obrigando-a a encará-lo, ela querendo ou não isso.
Não queria olhar para o rosto de Azriel nunca mais, pois isso poderia fazê-la fraquejar em sua decisão. Seu coração já sangrava em lágrimas amargas, mas não poderia ser piedosa e ceder aos caprichos tolos de sentimentos cegos.
O rosto de Azriel era a máscara amímica do Mestre Espião. Ele se aproximou de Shēnxiù Qī, liberando-a de seu agarre. Ela o encarou de queixo erguido, pronta para alguma retaliação.
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☆ RESSURRECTO ☆ Corte De Espadas E Ressurreição ☆
FanficA IRMÃ de Rhysand está VIVA e o repudia com todas as forças! Por 200 anos, acreditou que ele planejara a morte dos próprios pais para tomar o poder sobre a Corte Noturna. Portanto, RIGEL fará de tudo, até se envenenar com Faebane, para se manter oc...