Cap. 31 - A Carta do Rei

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Diante de Shēnxiù Qī, na varanda rústica da hospedaria, estava o mensageiro real prestando-lhe continência e entregando a ela uma carta selada com o brasão real de Yimou Zhang.

Ela dispensou o mensageiro assim que recebeu a carta e analisou o envelope. Não estava otimista em relação ao conteúdo.

Com a descoberta do amadurecimento de Ziyi, Shēnxiù Qī sentia-se uma tola por ter levado o problema de ontem até o Vice Rei e ao Suserano.

Teve de admitir que Xuan Zhang estava certo sobre o fato de ela ser uma paranoica obsessiva.

Sim, ela sabia desse seu problema de protecionismo exagerado. Um dos seus maiores medos é ver alguém que ela deveria cuidar sofrendo qualquer coisa.

Era super protetora, porque isso lhe faltou em um momento crítico de sua infância... pois, aqueles que deveriam tê-la mantido protegida e segura, a negligenciaram.

Shēnxiù Qī voltou-se para dentro da casa, já quebrando o brasão de cera e puxando o papel de arroz timbrado.

Como desconfiava, Yimou Zhang a confraternizava pelos zelos com a Princesa Real, porém não acreditando que tal comportamento isolado fosse suficiente para cancelar a estadia delas na Capital. Apenas reforçou o poder de mãe que ele concedeu a ela e à Michelle, confiando plenamente nas duas tutoras e em suas decisões de corrigir o mau comportamento de Ziyi.

Yimou Zhang não fez nenhum comentário engraçadinho, como ele faria pessoalmente se estivesse ali na presença da Capitã, mas Shēnxiù Qī conseguiu capitar a energia sarcástica com que foi escrita aquela carta.

Ela expirou longo, libertando o ar que prendia nos pulmões. Ela não queria estar na Capital, agora mais do que nunca! Teve tanto receio de se deparar com Rhysand e a Corte Noturna que, por ironia do Destino, o seu maior medo havia se concretizado... mas, talvez, seja apenas a sua paranoia obsessiva...

Afinal, não havia nenhuma possibilidade de Rhysand descobrir sobre ela, desde que ela mantivesse o seu sangue adulterado pelo hidrólio de Michelle. E, enquanto a Togiishi de proteção camuflasse a sua essência energética, ela não poderia ser associada a nenhum deles... sequer seriam capazes de perceber a sua verdadeira raça, pois, para todos, ela era apenas uma grã-feérica.

"Então?" - Madame Choo-Kheng apareceu na sala, saída do quarto onde estava com Ziyi Zhang. Carregava a chaleira de cerâmica decorada com crisântemos, para preparar novo chá medicinal.

"Exatamente o que você suspeitava que seria... Vossa Majestade foi de mesma opinião do Vice Rei... permaneceremos na Capital, sem alterações. Ele apenas teve a gentileza de reforçar o poder de mãe que nos concedeu sobre Vossa Alteza..."

"Que bom, assim poderemos esfregar na cara da Ziyi se ela teimar conosco novamente!"

Shēnxiù teve que rir com o linguajar deslocado da sempre tão altiva Choo-Kheng.

"Como ela está?"

"Meus chás são milagrosos, você sabe disso..." - Orgulhosa, Choo-Kheng acendia o fogareiro para aquecer a água e preparar a nova beberagem. "Com a descida da menarca, as dores diminuíram um pouco. Não está com febre e as cólicas são suportáveis."

"Não lembro como foi a minha primeira menstruação, mas nunca foi esses horrores que algumas feéricas narram. Acho que algumas delas são frescas e dramáticas demais."

"Você não consegue se lembrar porque havia uma dor infinitamente pior que a pior das cólicas... você havia passado pelo esfolamento, Shēn... nunca esquecerei quando me entregaram você com o corpo inteiro em carne viva."

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