Cap. 65 - Novos Deuses

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Quando Shēnxiù Qī chegou aos fundos do salão, encontrou um longo tablado com a área vip para as delegações xianesas, tendo um andar mais alto no centro, com o casal de imperadores sentados em tronos dourados, como se fossem as deidades maiores cercadas por semi deuses.

O estômago da jovem embrulhou e encheu de bílis. Isso era tudo o que ela repudiava, ao que o Império estava se reduzindo, colocando governantes e representantes em altares como fossem deuses a serem reverenciados!

Antigos erros se repetiam!

As Eras mudavam. Tempos bons eram precedidos por tempos maus. Vinham as revoluções que traziam a ilusão dos bons tempos novamente... mas sem curar o Ego adoecido dos seres racionais, tudo não passava de reprises teatrais com os mesmo personagens, embora atores diferentes.

Shēnxiù Qī sacudiu a cabeça para se livrar da energia nociva de tais pensamentos. Enquanto houvesse coesão nas forças militares e clericais, o Império de Xian estaria a salvo.

Governantes eram temporários, embora parecessem ter mais poderes dos que as Segunda e Terceira Força de Xian: o Clero e as Forças Armadas.

Encontrou Ziyi sentada entre o irmão e a cunhada, ao lado direito do trono do Imperador. Apesar de toda a malcriação com que a garota vinha a tratando, Shēnxiù Qī se compadeceu da infelicidade explicitamente estampada no rosto de boneca.

Ela parecia uma pequena deusa em oferenda: não podia se mexer, sorrir, falar, comer ou beber, até que o irmão lhe desse permissão, ou, mais provavelmente, a cunhada dissesse a hora certa da adolescente manifestar a sua graça pelo salão, desfilando como um produto a ser leiloado pelo maior lance.

Até poder estar pessoalmente na presença do Rei Yimou Zhang, Shēnxiù Qī pretendia manter em sigilo a Semente de Poder que Ziyi possuía, mas não duvidava nada de que a garota já tenha contado sobre isso ao irmão. Essa decisão de última hora em expor a Princesa como um produto em leilão é muito suspeita.

Observou o restante da área, notando que, além do Imperador e do Ministro de Guerra, um grão feérico já idoso na casa dos dois mil anos, não havia nenhum dos heróis do Bakumatsu.

Todos os outros que ali estavam eram representantes de seus reinos, mas não os seus governantes de fato. E nenhum desses lutou durante o Bakumatsu, nem em sua última batalha, Boshin. E isso intrigou sobremaneira à Shēnxiù Qī.

Peng Lin era uma que deveria estar presente, pois era a Princesa de sua tribo e estava no Fórum Internacional como representante. E ela não era a única ausência... não havia nenhum tribal, apenas a realeza estava presente.

Ainda procurando e identificando rostos, encontrou outro adolescente tão infeliz que sentiu pena do pobre menino.

Naquele momento, Shēnxiù Qī segurou seus impulsos de ir até aquele altar profano e arrancar as duas crianças dali – Ziyi e Heike.

Daria um jeito de fazer isso se essa tolice em mantê-los expostos ali permanecesse por muito mais tempo.

“Então... apreciando os novos deuses de Xian?”

Uma voz grave e soturna lhe falou ao ouvido, assustando Shēnxiù Qī. Com os seus sentidos obliterados pelo Togiishi e distraída em suas observações, a feérica não percebeu a aproximação do jovem licantropo.

“Até você percebeu, Fenrir?”

“Ei! Tá me chamando de obtuso? Esqueceu-se de que fui o seu melhor aluno em Arte da Guerra, Mestra Shēn?”

“Desculpe. Achei que não se lembrava mais do que ensinei, uma vez que desdenha desses ensinamentos. E isso que estamos vendo faz parte de Guerra Psicológica. O Império está claramente enviando uma mensagem.”

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