Cap. 39 - Ser Muito Mais

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Havia tantas coisas fervilhando na cabeça de Azriel... Coletara mais informações e, aos poucos, ia conseguindo encontrar as peças certas daquele quebra-cabeça.

Na noite anterior, em que teve o desplante de stalkear a megera (que não mais lhe parecia tão megera), conseguiu formar uma ideia menos vaga sobre ela.

Depois do que Cassian disse sobre ela possivelmente ter sido um dos Cães de Onigen, ele começava a enxergá-la de outra forma... não acreditava na possibilidade de ela ter servido ao Imperador Demônio, mas cogitava a ideia de que ela fora, sim, uma escrava. Não conseguia perceber nela o instinto assassino adequado a um.

Mas, pela retração, protecionismo e desconfiança que ela sempre apresentava, era de supor que sofrera um bocado no passado e isso se encaixaria com as características de um ex-escravo.

Tal qual o amigo dela, Himura... sempre tão gentil e solene, não passou despercebido a Azriel como o jovem se referia a si mesmo na terceira pessoa, nomeando-se de servo.

Tantas marcas e cicatrizes. Tantas sequelas que pareciam incuráveis, como as do pobre garoto animalizado, Tonyjaa.

E já sabia que todos eles eram ligados de alguma forma, até mesmo a senhora que os tratou com gentileza durante aquele famigerado almoço acidental, em que ele teve tanta má impressão da feérica mais jovem.

“E agora ela se torna a minha nova curiosidade obsessiva... diria até mesmo que é uma vertigem... já que não me dei por satisfeito o que descobri sobre ela até agora, mesmo que isso não signifique nada para mim. O que está me faltando para eu perder tempo num assunto desses?!”

Murmurou enquanto caminhava pelas sombras em direção ao Templo de Seiryu. Como ficara sozinho, já que o Grão-senhor lhe deu a liberdade de não ir a tal conferência, ele aproveitaria o seu tempo livre para aprofundar sua investigação.

E o que ele faria com essas informações, afinal?

No momento, sequer compreendia o motivo de ele querer saber sobre sua megera favorita, e não estava disposto a tentar descobrir no momento. Ele queria mais dela e isso era tudo.

“Uma distração, só isso.”

Quando adentrou ao Templo de Seiryu, sentiu as mesmas sensações metafísicas que sentiu da primeira vez em que estivera ali. A energia era poderosa, porém branda e solene. Suscitava à reflexão e calmaria. Era bom de sentir.

E lembrou-se de outra energia, mais densa, forte e envolvente, acertando-o em cheio no peito. Porém, da mesma forma que viera, essa sensação desaparecera quase que no mesmo instante. Foi como se um fio tivesse sido puxado e cortado logo em seguida.

Olhou para os lados e para o teto, admirando a arquitetura minuciosa e artística, trabalhada em imagens e símbolos esotéricos, todos ligados à divindade daquele templo, Seiryu. E lembrou-se...

“Ela estava aqui nesse dia! Estava junto com a princesinha, que demonstrou tanta curiosidade sobre nós que eu até percebi a intenção dela

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“Ela estava aqui nesse dia! Estava junto com a princesinha, que demonstrou tanta curiosidade sobre nós que eu até percebi a intenção dela...” – Murmurou enquanto esmiuçava com os olhos o desenho intrincado dos arabescos do portal.

“Bom dia, meu jovem. É bom revê-lo. Seja bem vindo à morada de Seiryu Sama.” – Monge Rampa se aproximou sem que Azriel o notasse, pegando-o desprevenido enquanto admirava o local.

“Senhor! Bom dia! Estava distraído, me desculpe.”

Rampa sorriu, como era o seu costume. “Você consegue sentir a vibração, não é? Ouve o sussurro das sombras? Vê além do Véu também?”

Azriel estacou ante tanta certeza e sinceridade. “Mais ou menos isso...”

“Você seria um bom monge. Atingiria fácil a graduação de Venerando Grão-Mestre.”

Mais uma vez, o illyriano ficou embaraçado com o senhor monge. Como alguém como ele poderia atingir o grau mais elevado de qualquer coisa?

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