Cap 4 - Derrota

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"Oiii! Feliz Aniversário!"

Mesmo tendo percebido com antecedência a aproximação, Azriel fingiu surpresa e até deixou o livro que tinha em mãos cair sobre a escrivaninha, onde estava sentando absorto em seus estudos.

"Que susto, Solzinho! Desta vez você me pegou mesmo desprevenido!"

Embora continuasse a achar que aquelas visitas da filhinha do seu terrível Grão-Senhor eram algo perigoso e péssimo para ele caso o pai descobrisse, muitas vezes se pegava aguardando ansioso por ela.

Não a apelidou de 'Solzinho' à toa: ela realmente o vinha iluminando e aquecendo, o salvando das próprias trevas.

E, pela primeira vez na vida, desejou constituir uma família, ter um filho como aquela criança

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E, pela primeira vez na vida, desejou constituir uma família, ter um filho como aquela criança... desejou que aquela menininha fosse a sua filha.

Apenas um lampejo. Não ousava cultivar esse desejo em seu coração para que não se tornasse mais um sonho inalcançável.

"Estou treinando andar e flutuar como uma sombra, do jeito que me ensinou, Azzy!"

Rigel sorriu largo, mostrando os dentes da frente em tamanhos irregulares.

O segundo dente já havia caído e o novo despontava sob a gengiva, percebeu Azriel em uma irracional alegria.

A pequenina aproximou-se mais e parou ao lado da escrivaninha, falando tão baixo que o Encantador de Sombras se surpreendeu pela dificuldade em ouvir com clareza o que ela dizia.

"Outro dia consegui pegar o papai... pulei nas costas dele quando estava distraído na biblioteca... consegui derrubar ele e lutamos um pouco... mas eu venci!"

As estrelas no fundo de cada íris naval brilhavam de orgulho. Rigel acreditava mesmo que conseguira tal impossível façanha.

E ela conseguira tão impossível façanha, de fato.

Não a de ter surpreendido e vencido o pai numa luta de brincadeira, mas a de ter sido capaz de quebrar a couraça do mais terrível Grão-Senhor de Prythian, ter entrado naquele coração frio e cruel e desarmá-lo de uma forma incrivelmente inimaginável!

Azriel, exímio observador, já havia percebido o quanto aquele homem tinha adoração por essa filha.

Se ele não soubesse da capacidade de Rigel em iluminar as trevas mais densas, estaria mais surpreso agora.

"Eu ficaria realmente preocupado se eu fosse o Grão-Senhor! Que o Caldeirão nos proteja quando a senhorita decidir dominar o mundo!"

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