Cap. 73 - Sequestrada

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Ele, definitivamente, não estava agindo em seu normal. Não estava raciocinando de forma lógica, como era o seu natural. Estava, enfim, cutucando a onça com vara curta. E seus atos insanos em relação a essa Capitã de Xian poderiam acabar trazendo sérias consequências à Corte Noturna.

Mas ele se importava com isso naquele momento?

Quando Feyre e Rhysand não lhe deram a permissão que tanto quria para investigar Shēnxiù Qī e tomá-la como ameaça em potencial à Corte Noturna, para que o seu campo de atuação fosse muito mais abrangente, sem os inconvenientes pudores, ele não teve alternativa a não ser agir por questões pessoais mesmo, por livre e espontânea vontade. Mas isso não significava que as consequências não recairiam sobre seu país e seus governantes.

Lamentou-se por isso. A última coisa que ele queria em sua droga de existência era complicar as coisas para os seus Grãos-senhores. Entretanto, a sua atração pela Capitã xianesa era mais forte do que a sua lealdade, do que tudo aquilo que foi mais importante para ele até agora.

Diante dela, era como se tudo tivesse se tornado, de repente, pó.

Em especial a insanidade que o fazia associá-la à outra pessoa... à pessoa que ele, desesperadamente, queria de volta em sua vida!

Jamais aceitou a morte de Rigel. Em seus pesadelos, ela sempre estava viva: sozinha, ferida, mutilada, mas viva!

Nunca encontrou as evidências de sua morte, embora Rhysand alegasse que elas existiram... porém, eles mesmos, nunca as viram. Aceitaram o relato de terceiros que, ele desconfiava, também estavam envolvidos no crime, como uma alta traição ao Grão-Senhor. Pois, em circunstâncias normais, devido ao acirrado patrulhamento constante de tropas illyrianas em todo o seu território, esse crime hediondo jamais teria acontecido. A Corte Primaveril jamais pisaria em terras illyrianas e sairia viva para contar história, muito menos assassinar a mulher e a filha do Grão-Senhor!

E, no último mês, voltou a ser assaltado pelas lembranças e saudades da menina.

Lembranças há muito esquecidas e que vieram à tona outra vez.

Saudades da menina que teria crescido saudável e feliz, e teria se tornado a sua Companheira!

No foro íntimo do seu coração, Azriel sabia que eles tinham uma Conexão, algo ainda mais forte que o Laço de Parceria. Ele negava essa ideia, obviamente, pois não acreditava merecer tamanha dádiva do Universo!

Essa Conexão nunca se desfez. Ela continuava no mesmo lugar de sempre, adormecida, mas claramente ocupando o espaço em seu coração. Não havia nenhum vazio ali. Rigel sempre permaneceu viva nesse lugar.

Ele estava no limiar da loucura? Se estivesse, que os Deuses protegessem a todos contra ele, especialmente protegessem a Capitã, que se tornou a sua Perdição.

Um Desejo tornando sua Ruína.

Era um desejo que ele jamais experimentou em seus longos anos de existência. Não era apenas carnal, esse parecia secundário. Era uma vontade de tê-la junto a ele, sem necessariamente tocá-la.

Ela o perturbava e também lhe trazia serenidade.

Era sua doença e cura.

Ela afastava as suas sombras e refrescava o seu ar.

Mas também era capaz de incinerar seu ânimo.

Lembrou-se da primeira vez que a subjugou. Foi tão fácil...

Antes de conseguir esboçar uma reação, a escuridão se adensou em volta de Shēnxiù Qī. A pressão escura a aprisionou e, no segundo seguinte, um peso esmagador lhe comprimia de todos os lados.

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