Cap. 44 - Estilhaçados

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Era alta madrugada e faltavam apenas poucas horas para o amanhecer, quando Cassian despertou de seu sono vigilante com um tipo de estrépito que vinha do outro lado do conjugado em que estava hospedado junto com Azriel. Levantou-se num rompante e logo chegou à fonte daquela perturbação.

Azriel estava sentado sobre a tampa do sanitário, com as mãos trêmulas enfiadas dentro da pia enquanto a água jorrava abundante da torneira, manchando a louça branca e imaculada com sangue que não parava de escorrer.

Ele estava trêmulo, suado

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Ele estava trêmulo, suado. O corpo estava sujo de terra. Os cabelos pastosos na mistura de suor e poeira. E as mãos dele, os nós dos punhos, estavam destroçados. Pela Mãe! A carne foi exposta até os ossos! E ainda havia uma bandagem no braço esquerdo, manchada com sangue e igualmente suja como o resto do illyriano.

“Az! Azriel! Pela Grande Mãe! O que aconteceu com você?!”

Como esperado, Azriel não respondeu. Parecia hipnotizado pela água que jorrava da torneira metálica. Talvez sequer tivesse percebido a presença de Cassian ali, ao seu lado.

Cassian se ajoelhou para ficar ao mesmo nível dos olhos do Encantador de Sombras. E ele somente lhe deu alguma atenção quando o amigo o segurou firme pelo ombro, chacoalhando de leve, para tirá-lo daquele estupor.

“Azriel! O que aconteceu?”

E Cassian não se lembrava de alguma vez ter visto o semblante tão carregado e os olhos de Azriel tão vazios como agora estavam

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E Cassian não se lembrava de alguma vez ter visto o semblante tão carregado e os olhos de Azriel tão vazios como agora estavam. Em mais de 500 anos! Mesmo depois de tantas batalhas juntos. De tantas perdas que presenciaram. Nunca vira o seu irmão tão estilhaçado.

Mas, ele sabia, que Azriel não falaria sobre isso diretamente. Falaria, algum dia, se tivesse vontade, daquele jeito introspectivo dele, como se estivesse confessando em voz baixa a si mesmo.

“Você, por acaso, tentou abrir na porrada um túnel em alguma montanha por aí?”

Mesmo sentindo-se tão desgraçado, Azriel riu. Um riso histérico entre dor e falsa alegria. Cassian tinha esse poder de arrancar sorrisos quando o mundo estava desabando na cabeça de todos.

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