Frozen

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Pepe chegou até El Poblado depois de meia hora da ligação de Regina.

Ela já estava à espera do motorista que apareceu com um fusca amarelo e, segundo ele, foi presente de Emma. A escritora teria achado a informação bem inusitada e gostaria até de saber mais sobre aquilo, mas tinha na cabeça algumas questões que impediam de tratar tudo com curiosidade, ou melhor, sua curiosidade tinha um alvo bem específico.

O homem tinha um bom humor que o fazia apontar todas as peculiaridades da cidade enquanto o fusca descia a colina do El Poblado. Levaram um tempo para atravessarem todo o centro de Medellín e entrarem num bairro mais modesto onde as casas perdiam o aspecto moderno e ganhavam as cores de um vilarejo nem tradicional da cultura da Colômbia.

Pepe conferiu mais de uma vez o endereço durante o trajeto e Regina mantinha-se atenta ao caminho, porém silenciosa apenas com seus pensamentos ecoando dentro da mente. Ele deu algumas voltas pelo bairro e, pela última vez, olhou no pequeno papel que a morena havia lhe entregado. Quando virou a esquina a direita logo em frente, abriu um sorriso satisfeito.

- Chegamos, señorita Mills!

O coração de Regina deu um arranque com aquela frase e ela inclinou o corpo para frente prestando mais atenção nos detalhes da rua. Estreita, com poucos carros e o movimento era apenas daquele fusca de cor escandalosa estacionando com seu motor barulhento. Mas ela ficou sentada no banco do carona por um tempo observando o que estava ao seu lado. Uma casa de paredes verdes, modesta, com grade nas janelas e uma porta de vidro. Pegou o papel da mão de Pepe e olhou demoradamente, tinha a expressão preocupada e perguntava-se a todo momento se deveria seguir o que estava prestes a fazer.

"Emma não quer ter contato com a mãe."

As palavras de Sabine ainda vivas na sua cabeça, mostravam que sua dúvida era real e qualquer que fosse o desfecho quando saísse daquele carro poderia colocar a perder algo bem mais valioso do que saber apenas o outro lado da história.

"Só me diga o que vai fazer quando encontrá-la?!"

Nem mesmo Regina sabia a resposta. Respirou fundo e abriu a porta do carro ainda hesitante.

- Eu não demoro, Pepe... - murmurou já com os dois pés na calçada. Fechou a porta e endireitou o corpo com os olhos fixos na fachada da casa diante de si. Caminhou até aquela porta de vidro e antes que batesse ainda lembrou-se de Emma com os olhos perdidos no horizonte de Medellín - ... Você vai me perdoar por isso... Eu sei... - disse para si mesma e bateu na porta em seguida.

Assustou-se com o barulho de um caminhão que passou por ali numa velocidade maior e perdeu o foco da porta por instantes. Era como se estivesse sendo observada e aquela sensação irritava seus nervos. Novamente bateu e esperou já com a respiração pesada e o coração à galope.

Quando a porta se abriu, bem devagar, o que a recebeu foi um sorriso irônico de uma loira de meia-idade que tinha muito mais semelhança com Emma do que a própria Regina gostaria.

- Ah... - exclamou a mulher pela fresta da porta - Não imaginei que pudesse ter uma visita dessas... - foi abrindo a porta até que parou de frente para a escritora - E nem que fosse a própria Regina Mills.

A morena não esboçou humor ou reação.

- Podemos conversar?! - ergueu uma das sobrancelhas e encarou Ingrid.

- Claro... - deu passagem e Regina atravessou o espaço com um pontada de desconfiança dentro de si. Acompanhou Ingrid pela pequena sala da casa e quando a mulher parou, virou-se para ela, sua postura era bem mais arrogante do que no primeiro contato visual. Olhou a visitante de cima a baixo e um pequeno riso brotou-lhe no canto dos lábios - Veio para um entrevista, senhorita Mills?!

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