Live to Tell

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Andar pela casa naquele silêncio era bem estranho.

Os últimos três dias pareceram o cenário das turnês quando Emma chegava a uma cidade e as pessoas se acotovelavam para aproximarem-se dela.

Com meia dúzia de recordações daquela temporada, Regina já sentia-se fatigada. Riu sozinha dos próprios pensamentos, o Natal com a mansão cheia fazia-lhe ter mais bons momentos, ao longo de todo aquele ano ela acumulou muitas dessas lembranças prazerosas.

Estar com um trabalho praticamente finalizado e namorando uma mulher maravilhosa.

Regina refletia seus ganhos durante o ano, ela recebeu muito, jamais poderia pensar que, ao assinar um contrato milionário, as partes mais valiosas não tinham nada a ver com dinheiro.

Todas as suas implicâncias com o universo da fama, a insistência de manter distância de popularidade e a recusa de contato. Sua rotina foi sacudida de tal forma que já não reconhecia a Regina que chegou na Swan Company com tamanha arrogância a ponto de chamar alguém que não conhecia de irrelevante.

Riu mais uma vez. Seus óculos escuros bloqueavam qualquer um que tentasse decifrar suas expressões. Deitada à beira da piscina, seus pensamentos perdiam-se indo atravessar todos os longos meses que descobriu, aos poucos, quem era Emma Swan.

Revisitava algumas memórias, suspirava por elas e até mesmo se zangava como na ocasião em que Emma a desafiou entregar um capítulo inteiro da noite para o dia, ainda podia ouvir o som da voz da loira "Eu sei que você é minha".

- Agora sim, senhorita Swan... - murmurou entre os devaneios. Retirou os óculos para observar do outro lado da piscina, a primeira conversa sincera com Emma, o pedido de amizade que se tornaria mais tarde um pedido de namoro. E o que viria agora, Regina? Sua cabeça girava e se pudessem ver seu sorriso se abrindo entenderiam que o próximo passo era tão óbvio que ela apenas aguardaria o momento chegar para deliciar-se com toda a atmosfera que o cercaria.

Emma tinha essas peculiaridades. Dona da sensibilidade incomum de criar todo um universo de possibilidades para que uma coisa corriqueira se transformasse no acontecimento mais grandioso.

Aquela simples ida ao cinema era um exemplo disso. Não era tão simples assim, uma première de um blockbuster, esse foi o cenário que Emma escolheu para apresentá-la à mídia. Se não fosse pelos impulsos da namorada, acharia que Swan estivesse louca, mas foi a forma torta que a cantora encontrou para mostrar que deveria confiar e que seria seguro estar junto dela. Esse blockbuster ainda teria uma continuação e Regina já imaginava ver novamente as reações da loira como uma criança dentro do cinema.

Recolocou os óculos escuros, fechou os olhos e relaxou um pouco mais na espreguiçadeira à sombra de um dos coqueiros do jardim.

Mal percebeu quando Emma aproximou-se levando a gatinha no colo. A loira veio sorrateira e sentou-se na espreguiçadeira ao lado da namorada. Observou seu corpo dentro daquele biquíni, dos pés subindo pelas pernas bem feitas contornando a cintura e alcançando o par de seios arredondados indo parar no queixo, boca. Admirar Regina a distância era algo que deixava Swan confortável e em paz, a sensação de estar no seu lugar.

- Vai continuar parada aí ou vou ter que me levantar para beijar você?

Regina disse aquilo quase como uma cobrança séria. Puxou os óculos e encarou Emma.

- Não posso namorar você!? - indagou de forma chorosa, segurava Madonna com cuidado enquanto inclinava-se para beijar a morena. Depois deitou-se ao lado dela mantendo a gata sobre o peito.

- A Madonna já sabe?! - perguntou a outra - Quer dizer, a verdadeira... Ela já sabe que você tem uma gata com o nome dela?

- Deveria ter mandado mensagem, mas até me esqueci... - comentou Emma - Talvez eu faça isso mais tarde só preciso conter a ansiedade e não perguntar sobre a parceria ou ela desaparece...

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