Deeper and Deeper

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Chegar em casa, depois de quase dois meses de idas e vindas, era algo como chegar a um oásis e fartar-se. Ao menos foi isso que ela resmungou quando jogou-se na cama depois de retirar os sapatos. Puxou o ar profundamente, de braços abertos sentindo a textura macia do edredom.

Firmou os olhos no teto. Branco. Perdeu-se nos pensamentos.

Toda a maratona por aquelas cidades, jornalistas eriçados como vespas famintas, público enlouquecido seguindo pelas ruas, gritando o tempo todo e pedindo atenção única. Era uma rotina bem turbulenta, por um lado era bom sentir o calor das pessoas, porém aquele conglomerado de outras responsabilidades deixava um peso que era cada vez mais desgastante. Se fosse possível apenas interagir com o público sem tudo o que vem como consequência...

Emma riu do próprio pensamento como se fosse a maior besteira que poderia pensar.

Ouviu passos do lado de fora e logo a porta se abriu bem devagar. Ela suspirou, já sabia quem era.

- Posso entrar?! - Regina estranhou o silêncio e viu o rosto da loira estranhando a pergunta.

- Vem... - estendeu a mão para que ela se deitasse ali também.

A morena veio e deitou-se ao seu lado ficando sobre ela de modo que a olhava diretamente, acariciando seus cabelos.

- Avaliando o que passou?

- Ah, sim!... - Swan devolveu o carinho correndo os dedos pelo rosto da morena - Eu estou satisfeita com tudo... Estreia, o ritmo da equipe... O público de cada lugar responde sempre com tanta paixão! - seus olhos brilhavam mais quando enfatizava o contato com as pessoas - ... Você toda à vontade e tomando frente daquele documentário...

Regina deixou um beijo vagaroso nos lábios de Emma e ergueu uma das sobrancelhas

renegando o comentário.

- Não... Eu não estou à frente de nada a não ser o meu texto sobre sua vida. - foi enfática - O que Henry faz é captar imagens e dar enredo a isso... Eu só coloco alguns olhares meus aqui e ali...

- Hmm! - admirou-se Emma - Gostei da definição...

- Boba... - a morena a beijou novamente - ... Eu vou para São Francisco no início da noite.

- Já?! - a loira mostrou certo desgosto, mas compreendia que Regina precisava ver a família - Vamos para o Brasil em quatro dias. - fez questão de lembrar que, apesar do descanso, a turnê continuaria.

- Eu sei, meu amor, mas eu preciso ver Zelena e Robin antes disso.

- Sim, entendo você... Quero ver meu pai, mas só em novembro... - de repente ela arregalou os olhos e riu - E você vai conhecê-lo!

A escritora sentiu o calor incomum ouvindo aquilo.

- ... Vou conhecer seu pai... - murmurou repetindo a afirmação.

- O que foi?! - Emma percebeu um certo desconforto e depois riu - David Swan é um cara legal, vai gostar dele.

- Eu não tenho dúvida disso, Emma... - mirou as esmeraldas tão próximas e sorriu com leveza - Até lá já vai ter se decidido?

- Muito provavelmente... - suspirou a loira analisando as expressões de Regina - Mas você não vai ser pega de surpresa. - sentiu algo bom dentro de si e ficou um tempo observando Regina em silêncio. A morena também não disse nada, apenas um olhar contemplativo, reconheciam-se nas expressões, entre um suspiro e outro o sorriso satisfeito de estar ali.

- Ainda vai me amar se eu parar de cantar?! - o tom de receio era nítido e a escritora recuou um pouco e rapidamente, assustando-se com a pergunta que veio jogada de qualquer maneira.

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