Emma tinha exaurido de si mais do que gostaria durante a visita à mãe no hospital. Esperava encontrá-la em casa, mas estar diante de Ingrid naquela situação foi mais forte do que havia se preparado.
Sua saída daquele lugar foi tão rápida que, por pouco, não se lembra que deveria levar Luis de volta para casa. E assim que o deixaram para trás, a loira pediu que Pepe desse uma volta pela cidade sem paradas ou visitas.
Regina não pode deixar de notar através das janelas as cores multiplicadas das decorações natalinas e outras em comemoração ao final do ano. Muitas propagandas ao longo das ruas convidando para festas e comemorações em hoteis e restaurantes.
Assim como a loira, ela continuava calada, tentava absorver tudo o que ouviu dentro daquele apartamento, foi algo que não esperava presenciar, por um momento sentiu-se pequena demais para estar ali, ao mesmo tempo em que encontrava na namorada confiança e cumplicidade. Emma era mesmo uma surpresa a cada decisão ou atitude que tomava.
- O que são aqueles bonecos?! - ela exclamou alto durante o tempo que a van rodava pelo centro da cidade e ouviu a risada de Pepe lá da direção.
- É uma tradição colombiana, señorita Mills! - respondeu ele - Esse bonecos representam o ano que está acabando! - ele foi diminuindo a velocidade para que pudessem observar melhor aqueles bonecos que ficavam pendurados nas sacadas dos apartamentos, nas varandas das casas. Eram bem estranhos, Regina achou aquilo tudo bem curioso.
- E por que fazem isso?
- Para serem queimados hoje à noite! - Pepe contava aquilo com naturalidade - Antes da meia-noite, as pessoas colocam fogo neles, para encerrar o ano!
A morena buscou a atenção de Emma, ela ainda observava pela janela, mas ouvia toda a conversa.
- Quer fazer um desses? - perguntou e a escritora riu.
Antes que Regina respondesse, Pepe continuava a falar explicando mais detalhes daquela tradição.
- Às vezes o boneco representa uma determinada pessoa ou uma coisa que aconteceu durante o ano e você quer esquecer... - dizia ele contornando uma esquina atento à direção, mas mostrando que era um bairro residencial e haviam mais bonecos daqueles - Queimamos para esquecer todas as coisas ruins que aconteceram durante o ano, assim podemos esperar pelas coisas boas que estão prestes a acontecer.
Diante da explicação do motorista, Regina sorriu para Emma.
- Quem sabe seja um bom ritual a se fazer?!
A loira apenas sorriu de forma ainda tristonha, mas buscou Regina num abraço mais carinhoso para que pudessem continuar seguindo pelas ruas de Medellín.
Mais algumas voltas pelo centro da cidade e logo a van subiu a colina de El Poblado. Santiago comunicou -se com a segurança que esperava pelo retorno ao condomínio e quando chegaram, passaram pelos portões rapidamente.
Emma agradeceu a Pepe e despediu-se desejando-lhe Feliz Ano Novo, mas antes de deixar a casa, o motorista ainda informou uma última tarefa que precisava cumprir para a loira.
- Mi esposa e eu viremos para deixar o jantar que encomendou, senõrita!
- Ah, sim! - lembrou-se Emma - Verdade, Pepe! - riu da sua distração - Desculpe, Aguardo vocês mais tarde, então!
Quando passaram para o interior da casa, Santiago despediu-se delas e fechou a porta.
Regina esperava alguma reação de Emma, a loira caminhava pela sala olhando através das grandes vidraças. Parou e continuou no meio do lugar, distraiu-se com Madonna roçando-lhe as pernas. Ela apanhou a gatinha e colocou contra seu peito, mas ainda calada e perdida no horizonte da cidade.
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Rebel Heart
RomanceA Estrela. A Escritora. Uma biografia. Uma paixão. Dois mundos diferentes. Duas trajetórias divergentes. Em meio ao turbilhão da conturbada agenda de uma celebridade a pesquisadora acadêmica despe-se dos próprios preconceitos enquanto vê uma mulher...