O outro lado do amor

Capítulo 23 - Aline

Eu havia distribuído alguns currículos e aguardava ansiosamente. Eu ligava todos os dias para o meu vô e eles estavam muito bem. O Ricardo estava em seu novo emprego e eu arrumando a sua casa. Com a minha estádia, ele liberou a diarista, mas é provisoriamente. Estava limpando a mesa de refeições quando ouço a campainha tocar e fui atendê-la, me arrependendo em seguida.

_O que você faz aqui? - Fecho a cara e ele manteve-se impassível

_Eu preciso falar com o Ricardo.

_Ele não está. - Ia fechando a porta mas ele coloca o pé em seu vão

_Avise que eu estive aqui e preciso falar com ele. - Diz autoritário

_Não sou pombo correio.

_Será que você poderia fazer pelo menos isso? Deixe de ser irritante. - Começa a se exaltar

_Eu não irei fazer nada para você. E o Ricardo também não quer mais conversa com você.

Ele se enfurece e abre a porta, entrando sem ser convidado.

_Eu não te dei autorização para entrar, seu grosso!

_Já está dando ordens? - Ele se aproxima

_Saia dessa casa ou eu irei gritar. - Ele ri e se vira

_Ele já te colocou para fazer os afazeres domésticos?

_Isso não é da sua conta. Se eu faço é porque não estou aqui como uma inquilina.

_Tenho certeza de que o Ricardo não se importaria se você não fizesse nada. Ele é tão bom que chega a ser bobo.

_Eu não irei permitir que fale assim dele. Quem dera se todos fossem como o Ricardo é.

_Você o defende porque são amantes, mas espere só ele cair em si.

_Eu disse aquele dia que era a última vez que você iria me ofender.

_Você irá fazer o quê? Me bater novamente?

_A vontade é essa.

_Eu sei que você gosta do Ricardo, mas ele não. Mais cedo ou mais tarde, ele irá te despachar. - Dá um pausa - Ou talvez encontre outro para fazer de idiota.

_Isso tudo é o quê?! - Levanto a sobrancelha - O Ricardo sempre foi o seu amigo, mas você não me parece gostar de homens.

Faço uma pausa e um risinho irônico que o deixou vermelho de vergonha.

_Está insinuando que eu esteja atraído por você?

_É justamente o que está parecendo.

_Se olha no espelho menina, eu nunca sentiria nada por você além de desprezo.

_Não é o que parece. Essa sua raiva me parece muito com desejo reprimido.

_Com tantas mulheres no mundo, você acha mesmo que logo uma vagabunda como você iria me atrair?

Levanto a mão para o calar daquela ofensa, mas ele foi mais ligeiro e a segurou no ar.

_Não ouse me encostar novamente.

_Me solta! - Ele segura o meu braço

_Aquela vez você me pegou desprevenido, mas desta vez não.

Ele me aproxima mais dele, de certa forma que ficamos quase colados.

_Se você não me soltar eu vou gritar e os vizinhos irão vir aqui.

_Eu estou morrendo de medo da sua ameaça. Você só gosta de fazer show com plateia, não é?!

_Eu não estou fazendo nenhum show, eu só quero que você me solte e vá embora.

_Eu vou embora, mas não sem antes te dizer algumas verdades.

Ele segura com mais força enquanto eu protestava, e nossos corpos pareciam um de tão perto que estavam.

_Você não passa de uma qualquer. E eu não sei como o Ricardo não enxerga que você o está passando para trás.

_Você não me conhece, então não diga o que não sabe.

_E eu preciso conhecer para saber o tipo de mulher que você é?!

_Se me conhecesse de verdade, jamais diria essas infâmias contra mim.

_Você não me engana, menina. Eu sei bem como pessoas como você age.

_Eu estou começando a achar que o seu ódio por mim é algo além, mas eu acho que você tem medo.

_Você está louca! - Ele me solta

_As minhas palavras afetam o seu ego, Senhor Magalhães?

_As suas palavras só mostram a sua incapacidade de raciocínio, mas não é algo que me surpreenda.

_O senhor ainda irá se arrepender de tudo isso que me diz. - Ele se aproxima novamente - E neste dia irá me pedir desculpas de joelhos.

_Eu já disse que se isso acontecer eu beijarei os seus pés. E eu nunca beijei os pés de mulher nenhuma.

_Para tudo tem uma primeira vez...

Ele se vira olhando para trás, me encarando mas vai embora, deixando-me completamente balançada. Mas não de uma forma agradável.