Capítulo 87- Cristopher

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_Eu não acredito que ela faria isso! - Ricardo diz atônito

Eu havia o contado sobre a cena em minha casa, cada detalhe ainda rondava a minha cabeça e por mais que eu escondesse, ainda doía tanto. Nesses quase três dias, eu sequer tinha dormido direito. Passei praticamente todo o meu tempo no hospital com o meu amigo. Ele ficou em coma todo esse tempo, acordou hoje cedo e parecia estar melhor. Nenhum exame detectou o uso de nenhum tipo de remédio ou substância, o que era algo que me surpreendia.

O Ricardo não é tão mal piloto assim, ele não colocaria sua vida em risco de tal forma. Mas tudo ainda parecia muito suspeito.
Eu deveria saber que ele ficaria ao lado dela, por mais que eu insista, ele não acreditaria em mim.
O que me deixa extremamente raivoso.
Eu fui enganado, com provas evidentes, eu estou aqui ao lado dele e quanto a ela?!
Sabe-se lá onde está.

_Você não estava lá, não viu o que eu vi.

_Como pode acreditar em...

_Porque eu vi, porra! - Me exalto subitamente - Você não viu a cena, não os viu juntos como eu.

_Eu tenho certeza de que ela não te traíria. Eu a conheço e ela nunca faria isso, ainda mais justamente com Pedro, que ela tanto odeia.

_Pelo visto ela não o odiava tanto assim. - Murmuro me recordando novamente da cena - Eu não quero mais falar disso, ela morreu para mim e eu vou esquecê-la.

_Pare de mentir para si mesmo, Cristopher.

_Eu só peço que respeite a minha decisão.

_Eu nunca disse que não respeitaria, só não acredito que essa história seja verídica. Só deveria querer pelo menos escutar o que ela têm a dizer.

_Eu não creio que ela tenha alguma explicação para me dar.

_E se tiver? Quer dizer, quando ela vier te procurar, porque ela vai.

_Eu duvido que ela venha. Mas se vier, eu estarei preparado.

Ricardo suspira pesadamente e volta a se deitar, sem esperanças de tentar me convencer.
Ele nem deveria ter tentado, pois nada é capaz de me fazer esquecer o que vi e o que senti. Ainda era tão recente e por mais frio que eu pareça estar sendo, não têm sido fácil seguir adiante. Eu a amava, com todo o meu coração, eu faria qualquer coisa por aquela menina e ela teve a audácia de me trair, em minha casa, com justamente o cara à quem ela dizia não suportar.

Em meio a todo esse furacão, eu sequer tive um dia de paz. Praticamente destruí todo o meu antigo apartamento, quebrei diversos móveis, além de queimar algumas roupas e lençóis.
O apartamento estava irreconhecível.
Quando a Maria chegou ontem de manhã, teve um susto instantâneo. Ela me encontrou no chão do quarto de hóspedes, enrolado em uma roupa dela e com a pulseira em mãos.
Uma cena vergonhosa!
Mas pelo menos eu não estava bêbado e despido.
Eu havia passado a noite ali, extasiado com tudo dela. Cada parte daquele lugar me lembrava ela, o seu cheiro estava impregnado e esquecer dela naquele lugar seria impossível. Tratei de despejar tudo naquela noite, para nunca mais chorar por isso. Mas foi em vão. Comprei outro apartamento em Copacabana, o lugar era ainda mais lindo e aconchegante, mas o vazio persistia. Eu almejei ver sua reação ao entrar no meu novo apartamento, como sonhávamos ao se casar. Eu segurei tão firme as lágrimas naquele dia que meus olhos ardiam. Maria nada disse, apenas fez o seu trabalho e levou as coisas dela para sua casa.

E eu agradeci mentalmente, eu não queria encontrá-la, não queria ter contato e muito menos ficar com algo seu. Ela não merecia o meu amor. No fim, o meu pai tinha razão. Sabe-se lá porque ela esteve comigo, seja por dinheiro ou qualquer outra coisa, eu não me importava. Fiquei os outros dias no hospital e tentei ao máximo não desabar por diversas vezes. Imaginei ela entrando aqui e por mais que fosse horrível admitir, eu não conseguia tirá-la do meu coração.
Eu a amo tanto que chego a temer não conseguir ser firme quando a vê-la novamente. Mas por algum motivo ela não veio dia nenhum e isso era de certo modo bom para mim.

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora