Capítulo 52 - Cristopher

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Merda, Merda, Merda! Mil vezes merda!

Entro em casa me praguejando por ser tão covarde. Jogo o meu celular e a chave no sofá, irritado de verdade comigo mesmo.

_Eu sou mesmo um idiota! - Jogo a mesa de centro no chão

Eu só queria extravasar a raiva que eu estava sentindo. Eu a tive e no mesmo instante a perdi, e por estupidez minha. Retiro o quadro da parede e o estraçalho no chão.
Mas achei melhor parar com isso, senão daqui a pouco eu iria colocar ao chão a minha própria casa. E seria ruim para ela que viria amanhã arrumar.
Ou será que ela não viria mais?
De certa forma ela estaria no direito de não querer me ver nunca mais. Esse pensamento fez o meu coração moer, eu não conseguiria ficar longe dela, porque eu...

O que isso importa agora?
Ela não quer, as mínimas chances que eu tinha foram eliminadas depois de hoje. Suspiro tenso, subindo para o meu quarto, indo para o chuveiro. Talvez ela estivesse certa, insistir pode ser burrice da minha parte, já que ela não vai retroceder. Mas conviver tão perto dela, sentindo o que sinto também não será nada fácil. Eu só tinha duas opções: Fingir que nada acontece entre nós, que não sentimos nada um pelo outro ou entrar de cabeça nisso, sem me importar com a opinião alheia.

Começo a pensar em como seria a minha vida ao lado dela, ao meu ver parecia muito satisfatório mas ao mesmo tempo turbulenta. Eu tinha muito a perder e infelizmente não tenho essa coragem.
Oficialmente, eu sou um covarde!
Talvez o que eu sinto também não seja forte o bastante para enfrentar o que viria. E por isso eu ficaria com a primeira opção.
Pela primeira vez na vida eu odeio ser quem eu sou!
As coisas seriam mais fáceis se eu não fosse esse homem, se não vivesse no mundo em que vivo.

Fecho o chuveiro e começo a me secar, vestindo somente uma cueca. A cueca que ela escolheu aquele dia. Sorrio com esse pensamento, agora eu nunca mais olharia para aquela cueca da mesma forma. Me deito e espero o sono vir. Evito pensar nela já que decidi não mais incomodá-la. Mas é em vão, a única coisa que me vinha na memória era ela, o sorriso dela, os seus olhos claros, o cheiro dela, os nossos momentos, enfim, ela.
Viro de lado e limpo uma lágrima que estava para descer. Aquilo foi algo que me surpreendeu, eu não sou de chorar, sempre tive certezas e firmeza, mas agora, sou como um adolescente que acabou de entrar na puberdade. Não tenho mais nenhuma certeza, além de que eu preciso dela, mas nunca a terei.

Acordo e ouço um barulho vindo de lá de baixo.
Ela já estava aqui.
Tomo banho e me visto rapidamente, passo perfume e pego alguns documentos. Desço as escadas e a encontro, recolhendo os pedaços do quadro. A mesa estava posta, ela estava de costas mas sabia que eu estava ali atrás dela. A todo momento ela se mantém distante e não pronuncia nenhuma palavra. Assim que ela acabou de recolher e colocar em uma sacola plástica, ela se levanta e se vira para mim. Não pude evitar dar um longo suspiro ao vê-la, meu coração começa a acelerar vendo-a tão linda em minha frente, com os cabelos soltos.

Eu sabia que não ia ser fácil, mas ao vê-la, eu descobri que seria impossível. Me aproximo dela, que caminha para a cozinha, ignorando a minha presença.
Eu pensei em segui-la, mas para quê?
Não é justo submetê-la a isso por covardia minha. Então, eu me sento e começo a comer.
O meu celular começa a vibrar, e quando olho na tela era o Pedro.

_Senhor Silveira? - Ela trás o café e começa a me servir

_Como vai, senhor Magalhães? Eu estou ligando somente para confirmar o compromisso de hoje.

_Por mim está ótimo, até mais tarde. - Ele desliga

Bebo o café e ela se mantém em pé, ao lado da mesa. A encaro mas ela desvia o olhar novamente, me ignorando. O seu celular começa a tocar e ela desliga ao ver quem era.

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora