Brincando na chuva

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Suri

-Droga de garoa. -Reclamei saindo de casa e abrindo o guarda-chuva. O vento soprava gelado, fazendo minhas pernas se arrepiarem.

O caminho até a escola era mediano e eu só torcia para não acabar pegando uma chuva mais forte. Olhei meu celular mais uma vez, mas não havia nenhuma mensagem dele. Revirei os olhos e guardei o aparelho na bolsa mais uma vez.

Shuji não tinha aparecido na escola para entregar o trabalho no dia anterior e tudo o que eu fiz foi avisar sobre a pequena mentira que eu havia contado, mas nem uma única mensagem de agradecimento ele me enviou, o que me deixou chateada.

Caminhava tranquilamente pelas ruas do meu bairro enquanto encarava o chão. As gotas de chuva se estouravam no pavimento e ricocheteavam em pingos menores, molhando meus sapatos e minhas meias de leve. Prova de cálculo, trabalho de história, seminário de geo...

-Tá perdida? -Disse a voz de alguém assim que estacionou a moto ao meu lado, me arrancando dos meus pensamentos aleatórios.

Shuji surgiu repentinamente e eu mal pude escutar o som dele se aproximando. Se fosse um assalto eu estaria muito ferrada. Pensei silenciosa enquanto reparava suas orbes claras me observando. Ele parecia ter raspado a cabeça nas laterais e tinha um semblante cansado, com olheiras estavam um pouco mais fundas que o habitual

-Você sumiu. -Falei baixinho e ele olhou para o chão. A garoa já tinha molhado seu cabelo o suficiente para que os fios ficassem pesados e caíssem sobre a testa, embora ainda estivessem úmidos, e não molhados.

-Eu tive uns problemas de família. Desculpa não ter te respondido antes. -Ele respondeu de forma tão exausta que pude notar sinceridade em sua voz. Parecia não querer prolongar o assunto e não quis ser indelicada. Ele esticou a mão pra mim e me olhou de forma tristonha. -Vem, eu te levo pra escola.

Fechei o guarda-chuva e subi na garupa, sem me importar com as gotas caindo em meu cabelo. Ele deu partida e eu agarrei em sua cintura, mais uma vez com medo de toda aquela velocidade.

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Caminhávamos juntos na direção da escola e Shuji parecia muito mais quieto que o de costume. Ele fumou rapidamente um cigarro, mas logo apagou. Eu andava com meu guarda-chuva aberto, mas ele ia na garoa sem se preocupar.

-Shuji, você tá bem? -Perguntei segurando a alça da bolsa e o olhando, mas ele desviou o rosto discretamente, aproveitando de sua altura para tentar se esconder acima do meu guarda-chuva.

-Tô.

-Desculpa, eu não quis ser intrometida. -Falei voltando minha atenção para a frente mais uma vez e ele sorriu. Em seguida, colocou a mão na minha cabeça mais uma vez.

-Não foi, fica tranquila. -Hanma suspirou fundo e desceu o braço até meu ombro, me dando um abraço lateral delicado enquanto pegava o cabo da sombrinha das minhas mãos para cobrir melhor a ambos. -É que... minha família é complicada.

-Não precisa contar se não quiser. -Abanei a mão e ele apertou meu ombro de leve, fazendo carinho com os dedos em seguida. Observei-os deslizar de leve pelo meu braço e sorri bobinha com aquilo.

-Tá tudo bem. Aí, você quer fazer alguma coisa hoje depois da aula?

Estava prestes a recusar, pois pretendia ir ao salão onde minha mãe trabalhava para hidratar o cabelo, mas o semblante triste de Shuji me fez mudar de ideia imediatamente. Um amigo triste era mais importante que um cabelo bonito.

-Claro! -Topei sorridente, na esperança de que pudesse melhorar um pouco o ânimo do momento. -Onde vamos?

-Eu escolhi da última vez. Agora você escolhe.

Holy Sin, Shuji HanmaOnde histórias criam vida. Descubra agora