Au au!

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Suri

— Espera, você tá mesmo me falando que foi comer com o Hitoshi, aí depois disso você deu um tapa, cuspiu na cara dele e ainda foi embora com a cesta de batatas?! — Maki disse enquanto ria. — Cara, eu pagaria pra ver essa cena.

— Os amigos dele pagaram — falei e ela torceu o nariz.

— O que importa é que você fez ele passar vergonha.

Tínhamos voltado a ir para a escola juntas. Nosso trajeto era parcialmente o mesmo, então Maki fez questão de voltar a marcar o horário comigo para não me deixar sozinha. Eu apreciava muito a amizade dela, do fundo do meu coração.

A manhã estava tranquila, apesar de ter chorado a noite inteira e ainda sentir meu rosto inchado. Eu sentia o gostinho de choro na boca, mas meu coração parecia mais calmo.

— Sabe, eu não sou muito boa com conselhos, você que sempre foi a amiga sensata — Maki falou —, mas eu queria dizer que tudo vai se resolver. Tipo, eu não quero ser a amiga vaca que dá falsas esperanças, mas não parece muito a cara do Shuji ir embora e deixar uma cartinha meia-boca.

— Mas foi o que ele deixou — falei, quase com olhos de cachorro pidão e Maki soltou um longo suspiro.

A garota colocou as duas mãos atrás da cabeça e começou a caminhar, tentando passar a imagem mais calma possível.

— Olha, o Shuji sempre teve que lidar com muita coisa. A cabeça dele nunca foi das melhores. Você era o porto seguro dele, e de repente ele se viu te colocando em risco. Eu... pensando pelo lado dele, eu entendo ele ter ido embora sem falar com você.

— Seria mais fácil pra ele?

— Sim. Quer dizer, ele não ia ficar tentado a ficar do seu lado, e você mesma disse que naquela noite ele quase terminou com você antes de entrarem em casa, mas você o convenceu.

— Acha que ele só ficou comigo porque eu falei aquelas coisas? — a pergunta foi seguida de um tapinha na minha cabeça. — Ai!

Não seja idiota, você não manipulou o Hanma, é só que... eu acho que ele não conseguiria te ver chorando.

— Não funcionou direito, porque eu continuo chorando — apontei para o meu próprio rosto inchado e Maki riu.

— Não é sobre isso, boboca! Ele sente que fez a coisa certa. Você pode estar chorando por ele agora, mas depois vai superar e seguir em frente. Tenho certeza de que ele está pensando assim.

— Ele sempre se enxergou como um demônio, mas não era isso que eu via nele.

— Eu entendo, Suri, eu entendo.

Maki se esforçava para tentar me fazer ver o outro lado da moeda, e eu realmente apreciava aquilo nela, mas ainda sim me doía, e doía muito. O amor que eu sentia por Shuji era avassalador.

Talvez esse tenha sido justamente o motivo pelo qual ele me deixou.

— Mas agora chega de assunto triste, vamos falar do Hitoshi, que serve de piada — a frase de Maki me fez rir.

— Você não vale nada!

— Quem não vale é ele! Fala sério, a gente conhece esse cara desde criança, você conseguia imaginar que ele ia virar um merda desse nível? Porque eu não imaginava!

— Eu não tinha nenhuma expectativa sobre ele, mas ainda sim ele conseguiu me decepcionar — Aoi comentou, aproximando-se repentinamente após virarmos a esquina.

— Fofoqueira, tava escutando conversa alheia, é? — Maki perguntou para a namorada após darem as mãos.

— Só quando vocês falam mal do Hitoshi. Não perco nenhuma oportunidade de falar mal dele. Qual foi a da vez?

Holy Sin, Shuji HanmaOnde histórias criam vida. Descubra agora