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Hanma

— Pode começar a usar jaqueta pra andar de moto, mocinho, o calor já tá indo embora — minha mãe orientou assim que entrei no novo apartamento dela.

Era uma verdade. Os dias de outono esfriavam a cada dia, tornando as viagens de moto cada vez mais geladas.

Cumprimentei minha mãe com um beijo no rosto e entrei no apartamento, sendo recepcionado por Tatsuo logo em seguida. Demos um aperto de mãos e ele sorria gentilmente.

— Vamos comer, meninos? Eu estou morta de fome — minha mãe anunciou, seguindo para a cozinha.

— E eu tô morrendo de saudade da sua comida — falei.

Fomos todos juntos e nos sentamos à mesa. O cheiro gostoso exalou do forno e eu senti minha boca salivar na mesma hora.

— Arroz de forno com camarão?! — fazia muito tempo que eu não comia meu prato favorito.

— Olha só, vocês dois têm algo em comum. É o predileto de vocês dois — ela apontou enquanto colocava a travessa de vidro na mesa.

— Não tem como não gostar, você cozinha maravilhosamente bem, Minako! — Tatsuo elogiou.

Era tão diferente a sensação de ver minha mãe sendo bem tratada. De certa forma, eu ainda me mantinha de guarda alta, mesmo sabendo que Tatsuo não era um espécime de Haru, e que o Porco estava bem longe, atrás das grades.

Sabia que era uma consequência de uma vida inteira presenciando a violência doméstica que ela sofreu, mas pouco a pouco eu aprenderia a confiar por completo. E se Tatsuo continuasse agindo daquela forma, a confiança chegaria bem antes do planejado inicialmente.

— E a vizinhança é boa? — perguntei, iniciando um bate papo qualquer enquanto todos nos servimos.

— Ah, é maravilhoso! A vizinha da frente faz um bolo tão cheiroso! Eu estou quase criando coragem de ir até lá pedir um pedacinho — Minako confessou.

— E a segurança do prédio é ótima! Você viu quando passou? Porteiro, câmeras...— Tatsuo comentou.

— Sim, eu vi. Parece bem seguro — respondi.

— Não pensa em vir pra esse lado da cidade? — minha mãe falou sugestivamente. — Sabe... sei que é longe de onde a gente morava antes, mas talvez justamente por isso seja bem melhor.

Entendi bem o convite que ela fez, e não pude negar que era tentador. Entretanto, eu não queria tirar a privacidade dela com Tatsuo, e também não queria perder a minha.

— Eu seria um péssimo filho se falasse que gosto da ideia de morar sozinho? — perguntei e a escutei gargalhar.

— Você nunca seria um péssimo filho, Shuji — ela segurou minha mão. — É contra sua natureza.

— Mas você pode procurar um apartamento aqui por perto se não quiser morar aqui. Ficar mais perto da gente, pelo menos no bairro — Tatsuo sugeriu.

— Gosto dessa ideia.

— Até mesmo aqui no prédio. Tem um apartamento pra alugar alguns andares acima — Minako sorriu. — Eu ficaria pertinho de você e da Suri, mas vocês ainda teriam um tempinho só pra vocês.

Dei risada com a cara dela. Minha mãe definitivamente parecia muito mais feliz e não economizava nas piadinhas e nas frases de duplo sentido.

— E vocês também vão ter bastante tempo livre — rebati, o sorriso sarcástico tomando todo o meu rosto. — Não nego que seria bem legal ter um irmão.

Holy Sin, Shuji HanmaOnde histórias criam vida. Descubra agora