O fim de alguns infernos

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Suri

Era o primeiro dia de retorno às aulas e eu não podia estar mais nervosa.

Caminhava em silêncio pelas ruas com o nó na garganta ainda formado enquanto pensava sobre Shuji. O tempo inteiro ficava em alerta, como se fosse escutar o som da moto dele atrás de mim a qualquer instante, mas não aconteceu. Toda a minha vontade não foi suficiente para que ele surgisse ali.

Cada passo meu era um devaneio diferente, tentando imaginar por onde a moto dele andava que não era atrás de mim.

Depois do tempo que pareceu uma eternidade, eu cheguei na entrada da escola.

Olhei para os lados, vendo as pessoas passando sem parar, mas ele não surgia. Havia uma centena de rostos ali, mas nenhum era o que eu queria ver. Senti vontade de chorar ali mesmo, mas não podia, então agarrei a alça da bolsa com força e entrei na escola, engolindo a ardência na garganta e nos olhos.

Cumprimentava algumas pessoas, mas nada que fosse realmente interessante. Apenas prossegui meu caminho inteiro até chegar na sala de literatura.

Atravessando a porta, o nó se formou ainda mais. O tempo inteiro meu coração batia aflito, desejando vê-lo ali, sentado na última carteira da fileira, logo atrás de mim, mas a mesa estava vazia.

Caminhei até meu lugar e ajeitei tudo o que eu precisaria. Em seguida, apenas esperei até que as pessoas chegassem.

— Bom dia, Suri — alguns colegas me cumprimentaram de longe e eu apenas acenei.

Aquilo me deu uma nostalgia estranha e ruim.

Antes de Shuji, meus dias eram exatamente daquela forma. Era uma das primeiras a chegar na sala, me sentava, cumprimentava as pessoas que chegavam e depois seguia com as minhas tarefas. Eu estava exatamente como passei praticamente toda a minha vida, mas, naquele momento, aquilo não fazia sentido. Restou um grande vazio, como se eu estivesse vivendo algo errado. Como se eu estivesse apenas existindo.

Sentada, encarando a vida passar pela janela. Bonita, inteligente e de boa conduta... Suri Shotoku, a aluna perfeita novamente estava sozinha, só que dessa vez estava mil vezes mais vazia do que jamais estivera antes.

Shuji Hanma tinha trazido para minha vida uma luz e uma alegria que somente ele era capaz de proporcionar. Agora que ele não estava mais comigo, me sentia definhando. Era cruel conhecer o paraíso e ser abandonada por ele logo em seguida.

Me debrucei sobre a mesa e fechei os olhos, respirando fundo enquanto pensava nele. Eu não conseguia tirar Shuji da cabeça e aquilo me matava por dentro.

Meu celular vibrou e eu peguei com pressa, mas era apenas Shiro me perguntando sobre as malditas meias que ela nunca lembrava onde a mamãe guardava depois de lavar. Revirei os olhos e respondi, mas troquei o chat para perguntar pela milésima vez.

"Oi, desculpa incomodar. Tem alguma notícia?" — Suri

Alguns minutos se passaram até que a resposta veio.

"Desculpa :/ Ainda não fiquei sabendo de nada" — Rei

Fechei os olhos em aflição e senti o gosto amargo na boca. Eu queria tanto poder chorar, exatamente como tinha feito durante todos aqueles dias.

— Ei, você tá bem? — Maki perguntou ao sentar na mesa dela e cutucar meu braço.

— O que você acha? — perguntei virando a cabeça e ela deu um sorriso triste.

— Ele vai aparecer, fica tranquila. Já pensou em fazer um boletim de desaparecimento?

— A Rei disse que não adianta. Ele pegou as coisas dele e disse que tava indo embora pra algumas pessoas, então...— apenas suspirei e Maki largou os ombros.

Holy Sin, Shuji HanmaOnde histórias criam vida. Descubra agora