Obrigada

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Rei

Estávamos todos aproveitando o jantar da pousada, mas Senju ainda evitava me olhar. É claro que eu sabia o motivo. Ela havia me chamado de namorada na frente do pessoal, o que me pegou completamente de surpresa, já que nunca havíamos sequer dado um único beijinho.

A verdade é que eu sempre suspeitei que talvez eu gostasse de garotas, mas nunca tinha tentado descobrir. Senju praticamente me arrancou do armário quando apareceu só de calcinha na minha frente pela primeira vez.

— ...e ele perdeu no Uno de novo, não tinha jeito — Hina falava sobre alguma coisa com muita empolgação, ao mesmo tempo em que Takemichi apenas coçava a cabeça com vergonha.

Ninguém havia falado sobre o "namorada" que Senju soltou lá na praia, mas eu estava curiosa. Eu realmente queria falar sobre aquilo com ela, mas a garota parecia estar morrendo de vergonha, o que me fazia querer dar risada a cada instante.

O jantar continuou tranquilamente por um longo tempo, todos aproveitando a culinária litorânea e saborosa, cheia de frutos do mar. A sopa de camarão estava muito apimentada, o que me fez deixá-la de lado, mas Senju pareceu adorar.

— Tem como você parar de fogo no cu e ir logo falar com a garçonete? — Kawaragi provocou o irmão que estava azarando a funcionária desde nossa primeira noite ali.

— Ela tá em horário de trabalho — Takeomi tentou se justificar, mas até Takemichi já tinha reparado.

— Tá nada. Ela saiu pra fumar, eu acho — o loiro falou esticando o pescoço — Vai lá, aproveita!

— Gente...— o mais velho estava com as bochechas coradas e disfarçava a cada instante.

— Vai lá, finge que vai fumar também — falei tirando a carteira de cigarros do bolso e entreguei na mão dele — Vai, vai, vai!

Quando Takeomi finalmente tomou coragem de se levantar, todos nós começamos a rir e aplaudir, o que fez com que as outras pessoas do restaurante da pousada olhassem para nossa mesa. O homem quase cavou um buraco no chão e se escondeu, mas continuou seguindo em frente, em busca de tentar algo com a garota.

— Takemichi, o que acha da gente ir andar na praia um pouco? Eu ia adorar dar um passeio à noite — Hina, completamente fissurada em romance, convidou o namorado.

Sem demora, os dois se levantaram e deixaram eu e Senju a sós. Ela continuava evitando meu olhar, embora não parasse de tagarelar sobre qualquer coisa, provavelmente tentando não dar espaço para que eu perguntasse sobre o que ela tinha dito.

— Aí, quer ir no fliperama daqui? — Perguntei e ela concordou.

— Deixa eu só... pronto! — Agarrando-se com o potinho da sopa apimentada de camarão, nós duas deixamos a área de jantar e fomos caminhando até a sala de jogos.

Aquela pousada era bastante divertida e agradável. A sala de jogos era cheia de máquinas de fliperama, luzes neon e coisas divertidas. Eu, particularmente, amava estar ali, e Senju também.

— Rei, quer matar zumbis? — Ela perguntou se aproximando da máquina com duas armas acopladas.

— Agora mesmo!

Passamos por diversas máquinas juntas. A companhia de Senju era a melhor do mundo e eu me sentia muito grata por tê-la ali. Tudo parecia mais divertido, mais colorido e mais leve com ela ao meu lado. E, de certa forma, eu me pegava hipnotizada olhando para os fios platinados dela.

Depois de jogar sem parar, nos sentamos nas máquinas que simulavam carros de corrida. Uma ao lado da outra. Coloquei os pés no pedal, mas não dei início ao jogo. Estava cansada, queria dormir, mas não queria deixar aquela noite acabar.

Holy Sin, Shuji HanmaOnde histórias criam vida. Descubra agora