O jantar da verdade

2.5K 315 224
                                    

Hanma

-Assim, deixa eu arrumar! -Minha mãe falou passando os dedos no meu cabelo pela milésima vez. Vários dias haviam se passado e eu finalmente tinha conseguido uma folga num domingo à noite para poder jantar com a família de Suri. Eu e minha mãe parecíamos estar numa competição de quem estava mais nervoso.

-Já tá bom assim, não tem mais o que arrumar. -Falei erguendo a cabeça enquanto ela cheirava minhas roupas pra garantir que não havia uma única partícula de odor de cigarro. -Tá parecendo um cachorro da polícia.

-Quero garantir que eles vão ter uma boa primeira impressão de você, filho. -Eu sabia que ela estava preocupada, eu também estava. Ela passou as mãos na minha camiseta alisando o que já estava mais que bem passado e sorriu.

Ela tinha visitado o cabeleireiro algum tempo atrás e em um único dia conseguiu rejuvenescer uns bons anos. Minha mãe era uma mulher linda e merecia ter mais tempo para se cuidar, se não fosse...

-Minako, me traz uma cerveja. -O rouco do porco me incomodou e me fez revirar os olhos, mas para evitar conflitos eu continuei calado. Minha mãe se afastou e levou o que ele queria, mas mesmo assim Haru reclamou.

-Eu vou indo, mãezinha. Mais tarde eu volto. -Falei deixando um beijo na cabeça dela e peguei as chaves da moto.

Ela tinha me convencido a ir com o cabelo pra baixo, embora eu quisesse fazer o topete alto. Acabei escutando minha mãe e deixado conforme ela pediu. Saí de casa e percebi que eu estava tremendo. As luvas pretas deixavam apenas meus dedos à mostra e eu me sentia tão confortável com elas que sentia medo de tirá-las.

Subi na moto e liguei o veículo, partindo em velocidade baixa para a casa de Suri. Infelizmente eu não era capaz de controlar minha ansiedade e meu nervosismo, só conseguia fazer uma prece baixa, torcendo para que o pouco que os pais dela sabiam sobre mim fosse mais importante do que as tatuagens nas minhas mãos.

#

Alisei a roupa umas trinta vezes antes de finalmente tomar coragem para tocar a campainha. Podia escutar a televisão ligada e Shiro brincando com o cachorro. Suri gritou em resposta e meu estômago revirou com uma ansiedade friorenta, me fazendo respirar fundo mais uma vez.

-Oi, amorzinho! -Suri falou abrindo a porta com um sorriso enorme e me deu um abraço tão apertado que eu quase caí para trás. Retribuí tentando extravasar meu nervosismo e ela deu uma risada gostosa.

-Seus pais estão de bom humor? -Perguntei entrando na casa e limpando os pés enquanto ela pegava minha jaqueta e deixava nos ganchos ao lado da porta.

-Humor perfeito! Vai ser maravilhoso! -Ela segurou minha mão e fomos caminhando para a sala.

-Hanma, meu rapaz! Tudo bem com você? -Satoshi veio na minha direção e me cumprimentou com um meio abraço.

-Tudo sim, e com o senhor?

-Tudo ótimo, tudo ótimo! -Ele apontou para a televisão empolgado e arqueou as sobrancelhas. -Olha só, se não ficar muito tarde a gente pode até assistir um Star Wars hoje, o que acha? Quem sabe por sua causa essa chatinha aceita.

-Chatinho é o pai da Shiro. -Suri provocou mostrando a língua e todos nós rimos.

-Hanma, meu bem, como vai? -A mãe dela se aproximou e me deu um abraço carinhoso. Eu precisava me inclinar para baixo para alcança-la, assim como com Suri.

-Vou bem, e a senhora?

-Estou ótima. A Suri me contou que você gosta de carne, então preparamos yakiniku, você gosta?

Holy Sin, Shuji HanmaOnde histórias criam vida. Descubra agora