Visitas

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Hanma

Já era quase natal quando finalmente liberaram as visitas.

Meu coração batia ansioso no peito quando minha mãe finalmente surgiu. A angústia cresceu ainda mais, sabendo que eu não poderia abraçá-la, pois o vidro nos impedia. Infelizmente, visitas com contato eram muito raras.

— Oi, meu filho — ela falou, em tom choroso e melancólico, sentado-se de frente para mim.

— Oi, mãe! — Meus olhos já estavam cheios de lágrimas.

— Ah, meu menino. Eu estava com tanta saudade de você!

— Eu também, mãe. Eu também!

Ela colocou a mão no vidro e eu fiz o mesmo, colocando a minha quase em contato com a dela. Uma fina camada de vidro transparente nos separava, mas era como ter um abismo entre nós dois.

Por alguns instantes, nós dois apenas choramos em silêncio, embora eu lutasse bravamente para conter as lágrimas. Permiti apenas que um choro tranquilo escapasse pelos olhos, tentando demonstrar para minha mãe que eu ficaria bem.

Mesmo sabendo que meu peito se apertava cada dia mais.

— E aí, como tá aí fora? — Perguntei, tentando aliviar o clima. Ela deu uma risadinha e limpou as lágrimas do rosto.

— Frio, muito frio — ela riu e eu também.

— É, aqui dentro tá frio também.

— Tá agasalhado? Eles estão te dando roupa direito? Cobertor? Meias?

Comecei a rir com a preocupação. Não importava quanto tempo se passasse, minha mãe continuava se preocupando em saber se eu estava bem aquecido ou não. Aquilo me fazia lembrar da infância, o que permitia que meu coração derretesse um pouco mais.

E se ela estava falando com tanta tranquilidade, significava que ela não sabia que Haru estava no mesmo lugar. E pelo andar da carruagem, era melhor que continuasse assim. As coisas poderiam ficar muito feias em breve, e eu não queria que minha mãe se preocupasse comigo.

— Eu tô sim, mãe. Por incrível que pareça, não tá tão ruim — tentei passar o máximo de credibilidade possível.

— Se comporta. Eu e a Suri estamos montando os kits que eles pedem para enviar com as roupas e tudo mais. Deve chegar essa semana pra você — ela falou empolgada. — Tá precisando de algo, meu amor? Alguma coisa de comer?

Neguei com a cabeça. A única coisa que eu precisava era vê-las, e finalmente tinha se tornado uma realidade. Os olhos da minha mãe encaravam os meus, por isso eu era feliz.

— Só precisava te ver — confessei, extraindo o mais bonito dos sorrisos de minha mãe.

— Shuji — ela me chamou bem baixinho.

— O que foi?

— Pode chorar, filho. Sua mãe tá aqui.

As palavras dela giraram uma chave na minha mente e eu não me aguentei. Ela apenas sorriu de forma tranquilizadora e pacífica, ao mesmo tempo em que a ardência da minha garganta me consumiu como fogo na gasolina. Rápido e eficaz. Respirei fundo e deixei as lágrimas caírem.

Eu queria chorar. Eu queria muito chorar. E queria chorar feito um garotinho assustado no colo da mãe. Mas eu não podia. Não na cadeia, não na frente dos outros caras, não... eu não podia.

Na frente da minha mãe... na frente da minha mãe eu podia. E na frente da minha mãe eu chorei. Esfregando o rosto com as mãos, choramingando e deixando as lágrimas correrem como rios pelo meu rosto. Eu queria o carinho dela, queria colocar minha cabeça no colo dela e senti-la fazendo carinho no meu cabelo, mas só de poder chorar ali, de frente para ela, meu coração se aliviava um pouco. Um choro que eu tinha guardado desde a minha sentença.

Holy Sin, Shuji HanmaOnde histórias criam vida. Descubra agora