Trinta de novembro (parte 2)

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Kiyoko

Comemorações, torcidas e apoio moral para todo lado.

O ginásio onde as Nacionais aconteciam estava cheio e a torcida comemorava. Shiro já tinha entrado para se preparar, e nossa família aguardava do lado de fora.

— Relaxa, daqui a pouco eles chegam — falei, segurando na mão de Suri enquanto ela olhava o celular pela oitava vez.

— O Shuji não tá nem me respondendo — ela fez um bico enorme e cruzou os braços.

Respirei fundo e dei um longo suspiro. Os hormônios da gravidez já a afetavam, e eu só conseguia imaginar como Hanma teria que lidar com aquela gravidinha estressada.

— Daqui a pouco ele chega, sabe que não pode se estressar — sussurrei a última parte, tentando deixar a informação longe dos ouvidos de Satoshi. Ele ainda não sabia que seria avô.

O coração daquele velho precisava de algum tempinho para poder se preparar. O golpe de descobrir que sua garotinha não era mais apenas uma princesinha inocente já tinha sido extremamente forte. Saber que o "poste de dois metros de altura" tinha colocado um bebê na barriga dela seria o suficiente para fazê-lo partir, e eu ainda não queria enviuvar.

Olhei meu celular e estranhei a demora. Faltavam apenas vinte minutos para o início da competição, mas meus dois genros ainda não tinham chegado.

— Vou buscar um lanchinho pra você, ok? — Falei para Suri e ela concordou, ainda estressada pela demora do namorado.

Me levantei e saí de perto, tentando não contaminar Suri com a minha própria preocupação. Alguma coisa parecia estranha. Eles já deveriam ter chegado, e eu começava a ter uma sensação ruim.

Voltei com um cachorro-quente e me sentei ao lado de Suri. A menina devorou o lanche de forma que fez o pai dela olhar com suspeita, afinal, ele mesmo tinha dito que nunca a tinha visto comer algo com tanta vontade igual nos últimos tempos. Eu não sabia se ele realmente era bobo ou se ele só tentava preservar a própria sanidade antes de ter a confirmação.

— Vai começar — Satoshi falou, levantando-se ao escutar o hino nacional.

Todos ficaram de pé e começamos a cerimônia. Os competidores já estavam parados e Shiro entre eles, lindíssima com seu maiô vermelho e lutando para conter o sorriso. Ela estava orgulhosa de si.

Quando o hino acabou, novamente nos sentamos. A preocupação se esvaiu um pouco e todos nós focamos em Shiro.

Ela não nos via, o local estava muito cheio, mas nossos olhos não saíam de perto dela de jeito nenhum.

— Ela vai nadar só na próxima — Satoshi suspirou, após escutar os avisos.

Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, o celular de Suri tocou. Ela atendeu com pressa, o rosto vermelho e provavelmente pronta para dar uma longa bronca em Shuji.

— Cadê vo...? Hãn? Smiley? O que aconteceu?

Eu mesma olhei de soslaio, tentando entender o que estava rolando. O público comemorava e a música tocava alto, os participantes da equipe masculina se preparavam para nadar e tudo passou a se tornar muito incômodo nos meus ouvidos. Repentinamente, Suri ficou pálida, os olhos arregalados como se visse um fantasma.

— Filha, o que foi? — Perguntei, estendendo os braços e segurando-a ao ver que o corpo dela tremia.

Suri não respondeu nada, peguei o celular da mão dela e atendi.

— Quem é? O que você falou pra Suri? — Vociferei vorazmente, pronta para comprar briga com qualquer um que tivesse feito minha menina passar mal. Satoshi me encarava, notando que algo não estava certo, ele começou a abanar Suri enquanto me olhava.

Holy Sin, Shuji HanmaOnde histórias criam vida. Descubra agora