04- Planificação

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                              Melissa

                            Planificação

Do Latim planos.

Significado:

Ação ou efeito de planificar (fazer um plano; projetar).

Tarefa de preparação de um trabalho através da criação de planos, planejamento.

Escolha de vários procedimentos que visam o desenvolvimento de um projeto; planejamento.

Meu corpo deu um solavanco quando Dale freou seu conversível bruscamente numa das vagas do estacionamento da escola. Ele manteve as mãos no volante e olhou fixamente para o para-brisa do veículo.

— Te manterei comigo, Melissa — ratificou.

Meu cérebro absorveu e processou suas palavras, e a minha consciência ressaltou a necessidade de uma planificação para mostrar meu objetivo a ele. Infelizmente nossos planos às vezes não saem da maneira que desejamos, eu não sabia disso, mas perceberia ao longo do ano.

— Nossas aspirações diferem, Dale. Eventualmente nos separaremos.

— Sim, nos separaremos dessa cidade. A não ser por algumas pessoas, eu odeio esse lugar, odeio minha família e tudo que ela representa. Lembra que com doze anos tentei fugir de casa? Não sei onde estava com a cabeça — zombou de si mesmo.

Constantemente Dale me contava aquela história, entretanto, nunca dissera o motivo da fuga, então eu perguntei:

— Por que você fugiu exatamente?
— Pra chamar atenção dos meus pais, eles não ligavam para mim. Eu planejei fugir no dia do seu aniversário, no meio da sua festa.
— Lembro de você ficar com sua mochila nas costas durante a comemoração e de colocar guloseimas nela.

— Eu coloquei biscoitos e roupas na mochila, mas não resisti àquelas guloseimas. E se não fosse tão guloso, meu plano teria dado certo. — Fez um muxoxo.

— Teria? — indaguei e mordi o lábio para não rir.

— Ok, meu plano nunca daria certo, pois estávamos sob a supervisão de Margot. Desde pequeno ela sempre me saudou com petelecos, mas naquele dia, ela me levou em casa pela orelha.

— Ela só te levou até o carro — objetei.

— Minha orelha doeu até chegar em casa, e eu a odiei por me tratar como um bebê chorão — fez uma pausa. — Mas eu era um bebê chorão, sempre caía quando brincávamos, e você me estendia a mão para me levantar. Naquele dia, foi Margot quem me salvou. Se Margot não tivesse frustrado meus planos, meus pais teriam me matriculado na Camden Military Academy, caso eu tivesse fugido. A agradecerei eternamente, mas não lhe conte, se Margot souber que me livrou de residir na Carolina do Sul, se engrandecera. — Nos encaramos. — Você e sua tia são exemplos de força. Eu me prendi a essa força, e como sei que ao terminar o ensino médio me separarei de Margot, me juntarei a você, quero que nossas vidas continuem as mesmas.

— Realmente você era um chorão. E eu gostava de te ajudar, me sentia útil, mas crescemos, você não é mais o chorão de outrora. Agora tudo mudou — enfatizei a última parte na esperança de demovê-lo da ideia de me acompanhar.

— Nada mudou, Melissa. Eu continuo um chorão, só não derramo lágrimas como antigamente. — Ele riu de si mesmo.

— De fato você não chora mais, nem com as puxadas de orelha de Margot.
— Não me fale desses puxões! Sabe, eu me arrependo de tentar fugir, se não fosse minha tentativa de fuga, minha orelha nunca conheceria os dedos da sua tia. Também nunca me apaixonaria por ela.

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