17- Ação

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                              Melissa

                                Ação

Do latim actĭo, -ōnis

Significado:

É o resultado do fato de agir, daquilo que se faz. 

A manifestação de uma força que age sobre outra coisa ou pessoa.

A sequência dos acontecimentos numa narrativa. 

O modo como alguém se porta, age; comportamento. 

O efeito que algo ou alguém exerce sobre outra coisa, uma influência.

Logo que acordei no sábado — dias após o incidente na biblioteca — me preparei para fazer compras para o clube de solteiras com Margot, e visto que ela me dispensou, dediquei-me a estudar. Espalhei cadernos, livros, lápis, canetas e mochila na cama para fazer as lições de casa. E com as lições em dia, sentei-me no parapeito com o tronco curvado sobre os joelhos dobrados, e assisti à vida passar através do vidro da janela. 

De onde estava, eu ouvia as risadas e falatório do tio Ben, da minha mãe e do James. 

Estrelícia me convidara inúmeras vezes para descer e conhecê-lo melhor, mas, me entupir de churrasco, refrigerante e conversar com adultos naquele momento não me apetecia.

Com certeza minha atitude não se classificaria como ação, estava mais para procrastinação. No entanto, eu tinha uma opção: escapar. 

Olhei para a bolsa onde coloquei o vestido da avó de Ayo.

Recordei às vezes que nos esbarráramos no corredor da escola só naquela semana e tivera a oportunidade de devolver a vestimenta emprestada, e eu preferira estudar o nigeriano.

Ayo era uma pessoa sem igual, um cara peculiar, não dado a escândalos, nem a trejeitos, unicamente quando muito emocionado. Também era responsável e compenetrado, principalmente na iminência de uma competição, ou diante de alguém importante. Mas, como dito, quando emocionado, ele se soltava, e na companhia de Théos isso sempre acontecia. 

Eu não admitira, porém, sendo sincera, fora o nigeriano quem salvara nosso último verão. Naqueles dias ensolarados, minha impaciência encontrara-se no auge. Dale era meu amigo, e só, mas Viorica me provocara de várias formas, usara seu sarcasmo e seus amassos com ele para me alfinetar. E fora numa dessas provocações que eu determinara não retornar à cabana no verão seguinte. Mas, como dito, Ayo salvara nossas férias. Ele aparecera no local repentinamente, e com seu jeito único e extrovertido, sorriso aberto e sincero, apartara Dale de Viorica, modificando o clima pesado. Nós não conversáramos diretamente, mas também não nos ignoráramos. 

O verão findara-se, as férias acabaram, retornáramos às aulas, ao nosso cotidiano, e Ayo tornou-se meu parceiro culinário. Contudo, eu decidira manter nossa relação em âmbito escolar, mas não funcionara da maneira pensada, pois o nigeriano infiltrara-se na minha vida e conquistara o seu lugar como meu amigo. 

Sorri voltando do devaneio.

Fixei a mirada na bolsa de papel ao qual coloquei o vestido de sua avó. E sim, eu estava tentada a ir à casa do nigeriano para devolver a peça, só não admitiria o motivo disso.

Levantei-me indo até a penteadeira, olhei meus pés envoltos em meias, e de supetão as tirei. Calcei meus mocassins preferidos, peguei minha bolsa, carteira, celular, o vestido da avó do nigeriano e saí do meu quarto.

Isso é loucura! Não aja no calor do momento, talvez você se arrependa dessa inconsequência, Melissa, os conselhos da minha consciência pinicaram meu cérebro.

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