33 - Covarde

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                            Melissa

                           Covarde

Do Francês antigo coart.

Significado:

Pessoa medrosa; quem demonstra covardia diante de alguém ou de uma situação específica com a qual foi confrontada.

Ausência de bravura; que demonstra fraqueza, ou falta de coragem.

Eu e Viorica sentamos nas poltronas indicadas.

Meus olhos viajaram pelo ambiente prontos a fazerem uma nova inspeção, mas ao que parecia a recepcionista queria desabafar, e novamente com apenas um olhar; decidimos ouvir seu desabafo.

— A senhorita trouxe seu currículo? Perdi as contas de quantas garotas entrevistamos hoje, e por se acharem belas, não trouxeram os documentos exigidos. Elas não sabiam que o chefinho estaria aqui, e que ele é exigente.

— Cada um usa a arma que tem. Umas usam a beleza, outras, a timidez, e algumas, se fingem de santas — Viorica opinou dando de ombros.

Admirei sua ousadia.

Eu facilmente me classificaria como covarde, pois numa situação semelhante, me calaria.

Você não teve coragem de ligar para Ayo para pedir o telefone de Chase, Melissa, e Ayo é conhecido, imagina dar uma opinião tão abertas a uma desconhecida?

Sim, eu me calaria por medo das críticas, assim como me acovardara ao omitir de Viorica quem beijei no final de semana.

Em minha defesa, eu acreditava que Viorica não veria minha atitude com bons olhos, pois apesar de termos dado um passo para uma amizade sólida, ainda havia ressentimentos entre nós.

Realmente eu sou covarde.

Que tristeza!

Lamentei-me, e saí do devaneio lamentoso ao ouvir um rugido estrondoso de um homem:

— Dessa vez não vou me foder por sua causa, Kent!

Tudo aconteceu quase como numa cena de desenho animado, onde interrompem a música e uma cacofonia acontece:
De fato a música parou, os funcionários não pararam seus afazeres, mas se mantiveram atentos ao que rolaria a seguir. E eu como uma covarde encolhi os ombros, mesmo não sendo o alvo da cólera do homem.

Gostaria de na iminência de uma briga manter-me firme. Quem sabe eu aprenda a arte da valentia com a pessoa que gritou, devaneei em meio ao caos.

E em meio a covardia e a devaneios, a voz, apesar de encolerizada, me pareceu familiar, porém, expulsei o pensamento.

Que conhecido meu, estaria na casa noturna uma hora dessas?

— E vamos para o quarto round... — a recepcionista comentou, ela se dirigiu a Viorica enquanto inevitavelmente prestei atenção na discussão que prosseguiu fervorosa.

— Quando me levará a sério? Eu disse para você não contar minha vida para minha mãe! Ela não precisa saber com quem saio ou deixo de sair! — a voz do homem soou rouca devido à irritação.

— Eu só disse que você saiu com uma ruiva novinha. Minha tia pediu a descrição da garota, eu dei. Tia Gary sorriu, acariciou meu rosto e fez um prato de Buffalo Wings para mim, quando vi, contei que vocês se beijaram. — A casa noturna era ampla, as vozes se propagavam pelo ambiente, e a voz falsamente mansa, verberou facilmente pelo local.

— Você me vendeu por meia dúzia de beijos e sorrisos, e por um prato de Buffalo Wings que nem foi ela quem fez!

Eu atentava para a discussão dos dois, assim como os demais ao meu redor, e senti que eles andavam enquanto discutiam, já que as palavras ficavam mais entendíveis a cada segundo.

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