13- Memória

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                               Melissa

                              Memória

Do Latim Memória, de Memor, “aquele” que se lembra”, de uma raiz Indo-Europeia Men-, “pensar”, que nos deu também “mente”.

Significado:

Faculdade de reter ideias, sensações, impressões, adquiridas anteriormente.

Efeito da faculdade de lembrar.

Recordações que posteriormente guarda: memórias.

Antes mesmo de abrir os olhos, meu olfato trouxe à minha memória o aroma do ambiente.

Citronela.

Margot adorava perfumar a casa com citronela. Mas eu não estava em casa, aquele não era o teto do meu quarto, constatei ao abrir as pestanas, nós não tínhamos cachorro, ouvi o fraco latido de um, e a voz masculina que soava longínqua, eu desconhecia.

Ergui a cabeça e explorei a decoração do local.

O ambiente era organizado. A cabeceira da cama ao qual eu repousava era em mogno, e os criados-mudos no mesmo tom com detalhes dourados, contrastando com as roupas de cama Off-White. 

Os móveis eram de bom gosto e singelos, o estilo minimalista só não imperava por conta da parede em frente a cama — ela era surreal. Havia uma penteadeira com um espelho enorme e luzes em volta, cosméticos, perfumes e cremes em cima dela, e o restante da parede, estava abarrotado de pôsteres de filmes de super-heróis negros, tanto da DC quanto da Marvel.

Esse só pode ser o quarto de Ayo, e ele substituiu o rosto dos heróis por máscaras, deduzi jogando a coberta para o lado.

Levantei-me indo em direção a parede, eu queria tocar os objetos, mas tive minha atenção desviada por palavrões.

Meus pés moveram-se até a porta que levava a sacada, apartei a cortina e espiei o homem que xingava o cachorro que eu ouvira momentos antes.

Por isso os palavrões, pensei ao ver o sujeito perseguindo o cão que brincava dando olés no homem. O pequeno canino continuou a correr, e o homem tentando agarrá-lo; até que numa manobra o cachorro se esquivou, o sujeito escorregou e caiu sob a grama molhada. O animal parou para olhá-lo, mas voltou a correr assim que ele se levantou.

O sujeito praguejou novamente.

Eu ri.

O cão não tinha vinte cinco centímetros, mas presenteava o cara alto e musculoso com uma canseira.

Infelizmente não pude ver o desfecho da cena, pois a porta rangeu, e eu corri de volta para a cama.

— Que bom que despertou! — exclamou Ayo entrando e fechando a porta com o pé. O nigeriano depositou uma bandeja no criado-mudo. — Eu trouxe sanduíches, biscoitos, frutas, suco e água, caso esteja com sede.

— São que horas? — perguntei, dando-me conta que escurecera.

— Quase sete. Você apagou por um tempo. — Uniu as mãos na frente do corpo. Foi notório seu constrangimento.

— Tenho que ir para casa. — Me pus de pé.

— Não se preocupe, sua mãe sabe que está aqui. — Ergui a sobrancelha buscando esclarecimento, e ele forneceu os detalhes: — Sua mãe não sabe que você se sentiu mal, apenas que faria um trabalho escolar.

Procurei por meus pertences e não os achei.

Incomodei-me ao pensar que Ayo mexera nos meus objetos pessoais, contudo, não era meu feitio julgar precipitadamente, então calmamente inquiri:

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