Epílogo

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                        Callum

Trabalhar em inúmeros países, conhecer culturas e pessoas me agregara a manha de analisar os seres humanos. E como irmão mais velho de Chase, um garoto que meses após se tornar adulto, teve o coração destruído, ao saber do seu envolvimento com uma mulher mais nova dezesseis anos, determinei que analisaria a garota.

Bom, aqui está você, Callum, em frente a uma cama de hospital, com estetoscópio no pescoço, braços transpassados e analisando Melissa Fitzgerald.

Suspirei, estendi os braços ao longo do corpo e pousei minhas mãos nos quadris.

Naquele momento, a porta do quarto hospitalar se abriu, e a mãe da paciente entrou tão silenciosa quanto pôde.

— Como ela está? — inquiriu em tom baixo sem nem me cumprimentar.

— O efeito do sedativo passou há horas, provavelmente ela acordou, voltou a dormir, e você não viu. — Segurei o estetoscópio de maneira a manter as mãos ocupadas.

— Obrigada por você assumir o lugar de Chase…

— Não assumi o lugar dele. Era meu dever como médico e irmão. Chase me pediu para cuidar da saúde da garota, visto estar envolvido emocionalmente. — Encarei a mulher pela primeira vez, e ela teve a dignidade de corar. Talvez tenha pensado nas palavras proferidas inadequadamente.

Eu agradecia à Estrelícia pela inclusão do meu irmão ao seu círculo de amizade quando novo. Na época em que ele sofria bullying foi imprescindível seu apoio, já que o meu não era tão bem-vindo devido às comparações que faziam entre nós. Mas, nunca fui um dos fãs da mulher. Estrelícia gostava de atenção, de ter os homens à sua volta, homens que realizassem seus desejos, fossem eles quais fossem. E se Melissa Fitzgerald se assemelhasse à mãe, ela não ficaria com meu irmão, eu não deixaria, bastava o que ele sofrera com a traição da esposa e a perda do filho.

Estarei de olho em você a partir de agora, Melissa Fitzgerald, pensei me movimentando para sair, porém, voltei a olhar a mulher ao ouvir sua voz novamente.

— Fique, por favor, gostaria de ter alguém ao meu lado para me apoiar quando ela acordar — a mulher que segurava um copo térmico de café, apertou o objeto ao fazer a petição.

— E seus irmãos? Seu noivo? Nenhum deles pode te fazer companhia? — interroguei impassível.

— Minha filha precisa de alguém conhecido ao acordar, e você é irmão de Chase…

— Aham… O nome dado ao que sente agora, é insegurança por medo dela te expulsar devido ao seu abandono parental.

— Não te dei liberdade para falar assim comigo — taxou, eu não me intimidei.

— Mas quer me usar como apoio para sua filha, apoio que não deseja, ou não consegue dar — rebati.

— Então vá embora. — Indicou a saída.
— Eu ficarei e cuidarei de sua filha — comuniquei, sentei no sofá e cruzei as pernas. — Pelo meu irmão.

Estrelícia deu as costas ao leito da filha e me encarou.

Realmente, essa mulher não me desce na garganta.

— Não faça mal a minha filha, Callum — pediu subitamente entristecida.

— Não farei mal a ela se ela não fizer mal ao meu irmão — esclareci, sorrindo em seguida sem mostrar os dentes.
Estrelícia recuou um passo afetada com a ameaça.

Em primeira instância eu não faria nada contra a garota, unicamente analisaria seu comportamento e seus sentimentos em relação a meu irmão dali em diante. Até aquele momento, eu a desaprovara, portanto fizera como a ex esposa de Chase, mantivera o relacionamento às escondidas, mantivera meu irmão como um segredinho sujo.

— Minha filha não faz mal a uma mosca — manteve o tom baixo da conversa desde que chegou, mesmo apertando a mandíbula.

— Não é a sua opinião em jogo, é a minha, e eu julgo como quiser. Ninguém, repito, ninguém, fará meu irmão sofrer, ninguém manterá o homem maravilhoso que ele é, em segredo novamente.

Estrelícia esbugalhou os olhos.

Ignorando o pavor da mulher me levantei e fui até a garota que lentamente despertava.

Melissa Fitzgerald içou as pestanas, ela levou alguns segundos para assimilar o ambiente, e para assimilá-lo, rolou o olhar pelo sofá hospitalar com almofadas combinando com as cores bege e azul das paredes, para o criado-mudo, o vaso com pequenas flores brancas nele, e finalmente o pousou em mim.

— Olá, senhorita, você está no Health and Life Medical Center. Sou o Dr. Ethan Daniels Larkin, o médico responsável por você neste período de convalescença. Você se lembra do que lhe aconteceu?

— Sim, me lembro…

As palavras da ruiva pairaram no ar.

A dor tomou suas bonitas feições, e ela desviou seu olhar do meu, fixando-o em qualquer ponto do quarto.

Entendi que para ela qualquer outra coisa naquele momento era mais interessante que a visão do meu rosto.

— O Health and Life Medical Center conta com assistência psicológica. Em breve uma Assistente Social conversará contigo, por enquanto, gostaria de te examinar. Permite-me? — inquiri, fazendo o que me propus a fazer, assisti-la como médico.

— Se eu não quiser sua ajuda, Dr. Larkin, o que o senhor fará? — sua voz soou rouca e vazia.

— Sairei por aquela porta, e contatarei um colega para assisti-la — clarifiquei.

Os olhos verdes da menina retornaram aos meus novamente.

— Você ou qualquer outro não fará diferença — rebateu com a mesma escassez de emoção anterior.

— Com licença… — avisei que trocaria e iniciei os exames de rotina.

Aparentemente a garota passava bem, psicologicamente eu sabia que ela estava quebrada. Seus olhos opacos e sua pele pálida corroboravam isso, fora que ela não dirigiu nem mesmo um meio olhar para a própria mãe.

Eu a tratei com deferência, mas não lhe transmiti afeto. Confesso que meu tratamento foi proposital, e eu não era um vilão, era um homem que não veria seu familiar num quarto sem comer e beber há dias devido ao mau-caratismo de uma mulher.

Não, Melissa Fitzgerald não brincará com meu irmão de jeito nenhum, determinei enquanto cuidava da garota.


Será que Callum vai fazer Melissa sofrer ou vai cair nas graças dela também?

Isso e muito mais saberemos no segundo livro, aguardem!!

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