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                              Melissa

                                 Elo

Do Latim anellus.i.

Significado:

A designação de cada uma das argolas que formam uma corrente.

União ou ligação construída entre pessoas, ou coisas, conexão.

Ligação que une uma planta a outra, gavinha.

Éramos cinco pessoas no estacionamento. Eu, Ayo, Viorica e Dale diferíamos um do outro, e por mais que diferíssemos em personalidade, opiniões, classe social, gostos e raça, havia algo que nos ligava um ao outro, a quinta pessoa. Essa pessoa era Théos. Théos cuidava de mim, de Ayo, de Dale e de Viorica, conversava e se preocupava conosco. Ele era nosso elo.

— Iremos ao supermercado no mesmo carro. E depois, como voltaremos para casa? — indagou Dale após Théos sugerir que fôssemos os cinco no mesmo veículo. — Você esqueceu que Melissa é independente agora, Théos? Ela decidiu vir de bicicleta diariamente — criticou.

— Deixa de ser implicante, Dale — bufei lhe dando língua.

— Se disser que Margot te trouxe, te pago um Triple Cheddar Cheese do Goodfellow — desafiou.

Eu o contemplei com um sorriso aberto.
— Nada de bicicleta, eu vim com Margot. Você me deve um lanche com cheddar cheese extra, também me deve uma carona — exigi.

Eu amava Dale, amava seu cheiro fresco com toque marino, seu cuidado e preocupação, a bagunça que fazia nos cabelos ao passar os dedos nos fios. Eu amava abraçá-lo, e quando ele olhou por entre os cílios e cruzou os braços, os músculos do seu peito incharam, eu não senti nada, nunca sentira. Eu nem sequer tivera um sonho erótico com ele. Dale era como um irmão para mim.

Será que Ayo acreditou que sou apaixonada por Dale?

— Dale não veio de carro, Melissa — Viorica informou destacando o sotaque latino ao falar meu nome. Deduzi que ela ficou com raiva, mas não era como se Dale não me desse carona. — Ayo será nosso chofer hoje.

— Como Ayo nos levará em casa? O carro dele é pequeno. — Desconsiderei a alfinetada da latina e perguntei o que realmente interessava. Ela bufou, e seus brincos de argola se movimentaram levemente, uma cena até bonita de se ver.

— Peguei o carro de Chase emprestado hoje. É um SUV..., mas que droga, para quê fui mexer nas coisas de Chase? — lamentou-se o nigeriano.

Ayo atraiu olhares curiosos para si, até eu o olhei, mas ao olhá-lo, Viorica e os meninos sorriram endiabrado.

— Vocês não aprontarão com o carro do meu pai. Ele me mata — sentenciou o nigeriano ao perceber protagonizar a cena icônica dos filmes dos anos noventa, onde os adolescentes faziam merda e um dos componentes do grupo era usado como instrumento para a diversão.

— Sem querer você nos fez um favor, Ayo. Como iríamos ao supermercado em carros separados, seria chato — Théos foi o membro do grupo a garantir que nada de ruim aconteceria. Entretanto, nos filmes as coisas nunca terminavam bem. — Só um aviso, garotas: papai não tem dinheiro para comprar tudo que as meninas virem pela frente, portanto, se comportem como irmãs que são e se amam — discorreu se referindo as brigas entre mim e Viorica, que nunca eram por guloseimas, obviamente. — Não importa as diferenças, aqui somos todos irmãos.

— Concordo. E eu como seu irmão garantirei sua segurança, não permitirei que te levem em casa e nem te façam a corte, Melissa — Dale determinou cravando as esferas em mim, me desafiando a contrariá-lo. E após sua ordenança, ao qual revirei os olhos e torci a boca, ele olhou para o nigeriano que era uns centímetros mais alto que ele. — Hoje, no entanto, Ayo nos levará incólumes à nossos lares.

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