Ayo
Visão de águia
Pisquei várias vezes antes do meu cérebro assimilar o que Chase dissera.
— Espera… você ouviu a conversa? Desculpe, mamãe está no meio de uma crise de idade, não considere o que ela fala. — Esticou um sorriso apaziguador, indo em direção ao quarto reservado para ele, quarto que localizado ao lado do meu.
Chase não morava com os pais, nem eu morava com meus avós, mas devido aos plantões e a sua segunda ocupação, era mais viável e mais seguro para mim, ficar na mansão Larkin. Portanto, na maioria das noites eu dormia com meus avós, e às vezes Chase dormia na mansão também.
Eu o segui quando entrou no cômodo.
— Então é por isso que você corre da vovó? Porque ela quer que se case. — Fechei a porta.
O assunto casamento e filhos me deixava eufórico, e naquele momento pensei que meu sonho de ter uma família se realizaria, mas permaneci calmo.
Eu apregoara para mim mesmo que Chase nunca se casaria, afinal levava uma vida boêmia, portanto, não planejara me dar uma madrasta e irmãos nem tão cedo, ainda mais uma madrasta da minha idade. Ao contrário do seu primo, Chase não saía com novinhas.
— É. Se prepare, logo você não usufruirá dos benefícios desta casa. Nada de tardes na piscina com comida boa e gostosa para degustar. — Acendeu o abajur e jogou o molho de chaves em cima da cômoda, derrubando alguns frascos de perfume. — Mas que merda! Mamãe não entende que me casei uma vez, e o casamento não deu certo?! — Se jogou de costas na cama e tapou o rosto com o antebraço.
— Você tinha quase dezenove anos, era novo na época, se apaixonou, e jamais imaginaria que seus sonhos desmoronariam. — Ajeitei os perfumes no lugar. — Sei que envolver Melissa na história sem nem mesmo conhecê-la não foi o correto, foi uma medida desesperada... — Corri e sentei na beirada da cama. — Será que a vovó está doente, e esses são seus pedidos finais?!
— Ayo, sua avó tem cinquenta e um anos, é dona de uma rede de hospitais, não que não ficará doente, mas, ela goza de ótima saúde. Mamãe se casou com dezessete, você sabe, engravidou em seguida, teve Callum, o Senhor Perfeitinho, e eu, o Senhor... Bom, na cabeça dela, eu deveria me casar aos dezoito e sair de casa, como Callum fez. — Deu de ombros, ainda tapando os olhos com o antebraço.
— Mas você se casou, só não deu certo. Não entendo todo o estardalhaço da vovó. E, porque envolver Melissa nisso?
— Gertrude contou que Melissa esteve aqui, é a explicação mais lógica.
— Não. Você fez algo que a levou a pensar tal coisa, tenho certeza. Diga, Chase, o que você conversou com Melissa?
Empolguei-me.
Chase abaixou o antebraço e me olhou de cenho franzido, seus olhos não pararam quietos, — ele repassava os momentos a sós com Melissa, percebi. Ele franziu mais a testa, o canto de seus lábios moveram-se num quase sorriso, então, meu querido pai falou:
— Ela é uma colegial!
— Bingooo! — gritei. Meu grito saiu esganiçado como de uma franga, mas não liguei, na real, foi impagável ver o espanto de Chase com a minha alegria. — Não foi Gertrude quem disse nada para vovó, foi sua cara, sua voz e seu jeito de se portar que te denunciaram. O coroa se apaixonou à primeira vista pela colegial! — Me joguei na cama, coloquei as pernas para cima e as balancei, como os bebês fazem.
— Você e sua avó ficaram loucos! Eu não me apaixono por ninguém. Elas se apaixonam por mim.
— Será que meus irmãos serão ruivos como Melissa? Como seria Scarlet acordando? Eu imagino assim: ela deitada dormindo, aí de repente abre os olhos e senta na cama, seus cabelos revoltos para o alto igual os trolls, os trolls do filme, ela abre um sorriso vazio, e depois disso, não dá sossego para ninguém! Igual você, Chase!
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No Próximo Verão
RomanceCapa feita por : @MariaFermanda673 DISPONÍVEL ATÉ 15/11/2024 O amor para os Fitzgerald chega no verão. Esse era o slogan que a sua mãe, tio e tia, repetiam em todas as oportunidades. No entanto, Melissa não esperava que algo semelhante lhe acontece...