No Próximo Verão

54 - Tédio

                               Melissa

                                 Tédio

Do Latim taedium.

Significado:

Sentimento de aborrecimento, nojo, desgosto.

Sentimento enfadado provocado pela demora no desenvolvimento de alguma coisa.

Sentimento de aversão, de desgosto sem causa aparente.

Para algumas pessoas o tédio é uma palavra pouco comum, visto que em suas vidas agitadas não a usam.

Quanto a mim, jamais a usara após conhecer Chase, pois após conhecê-lo, tudo na minha vida mudara. E as mudanças que se tornaram hábitos em minha vida, fora ele impulsionar meu sorriso, me conduzir até em casa após nossos encontros como um belo protetor, nos pegarmos em toda oportunidade que tínhamos, implicar e provocar-nos por mensagens, contar como fora nosso dia, etc. Mas com certeza eu usaria tédio em capslock por estar sentada num lugar que eu não queria estar.

E definitivamente eu não queria estar na casa de James participando das tradições de ano novo, uma delas sendo o Midnight Kiss.

O Midnight Kiss (o beijo da meia-noite) vem dos antigos festivais romanos de "Saturnalia", em que homens e mulheres, com ou sem compromisso, se beijavam na boca para celebrar o novo ano.

Todavia, eu não praticava a tradição, nessa data, apenas me escondia, não pela confraternização, pela queima de fogos que acontecia em toda cidade, principalmente nas orlas do Lily Lake.

A celebração com fogos de artifício era uma prática contínua para a população de Blossom, que na sua grande maioria, rompia o ano às margens do Lago, fossem em seus chalés particulares ou nas áreas públicas. Nós os Fitzgerald não diferíamos do costume — isso até James convidar-nos para celebrar o ano novo na sua casa.

Assim sendo, no dia trinta e um de dezembro às dez da noite, eu, Ben e Margot, chegamos a casa de James. Estrelícia fora antes para supervisionar o buffet contratado; e dissera que os convidados seriam uns poucos amigos, que se converteram em muitos para meu gosto.

Algum tempo após chegarmos, Margot engatou uma conversa com seus conhecidos, Estrelícia, James e tio Benjamin socializaram com seus amigos de infância, e eu, a única arredia da família, fui obrigada a me socializar com as filhas dos amigos de James, pois estudávamos na mesma escola.

Sendo eu a mais velha, seria grosseria não interagir com elas. E eu tentei, juro que tentei, entretanto, a falação de Nicole e Bárbara, com a ressalva de Adele, que não abrira a boca desde que eu chegara, me enervou ao nível máximo.

— Sabe, eu queria dar o Midnight Kiss no Luke — repetiu Nicole pela quinquagésima vez.

— Ele tem dezoito, Nicole, não é apropriado — censurou Bárbara.

A garota usava a palavra apropriado mais vezes que o normal, meus tímpanos doíam de tanto que ouvira o vocábulo na última hora.

Deus, ainda é onze e vinte, quanto tempo terei que aturar isso?

Roguei por um milagre ao olhar para o relógio de pulso dado no natal por Estrelícia.

— Temos a mesma idade, Barbie, mas, completarei dezesseis dia dois de janeiro. Sou mais velha que você — gabou-se Nicole.

— Grande coisa ser mais velha que eu. Ter mais idade não te trouxe juízo — desdenhou Barbie com uma revirada de olhos.

— Não enche, eu quero me divertir, Barbie. — A garota abriu um sorriso esperto. — Adele morre de vontade de dar o Midnight Kiss em Chase Larkin. Por que você não a censura?