08- Ciúme

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                              Melissa

                               Ciúme

Do Grego zelus, transformada em zelumen no latim.

Significado:

Sentimento complexo e de difícil compreensão, provocado pelo medo de perder a pessoa amada.
Receio de que a pessoa amada se apegue a outra.

Despeito por ver alguém possuir um bem que é alvo do seu desejo; inveja.

Desejo de manter ou proteger algo que é motivo de orgulho; zelo.

Árvore nativa da Ásia cuja casca produz fibras, largamente usadas na fabricação de tecidos.

Théos me deixara em casa após me levar ao chalé, e como eu não conseguira dormir, pois meus pensamentos estavam no desentendimento que tivera com Viorica, e em outras coisas que eu preferia esquecer, fui para a escola mais cedo.

Caminhei lentamente até meu armário, e na mesma lentidão, retirei os livros que usaria naquele dia e coloquei na minha bolsa. Minha intenção fora chegar e ficar sozinha por um tempo para organizar os pensamentos, porém, minha meditação acabou antes mesmo de começar.

— Boxeadora — a palavra sussurrada no meu ouvido sobressaltou-me. — Eu já te disse que essas tranças estilo lutadora me encantam? Não? Ahh, elas me encantam…

O nadador se posicionou às minhas costas, e seu corpo ficou praticamente colado ao meu. Senti o cheiro de sua colônia de banho e do aroma que eu mais detestava no mundo.

Suspirei aborrecida.

— E eu já te disse detestar caramelo de alcaçuz? Sim! Mas você pouco se importa. Se afasta de mim, seu hálito está horrível, Théos! — ordenei entre os dentes.

O nadador não se moveu, e eu encolhi os ombros, nervosa com o barulho que sua boca fazia ao comer o doce negro.

— Hmmm… Sabe? Eu tive insônia porque pensei bastante na conversa que tivemos no chalé... também porque você não me convidou para dormir na sua casa como quando crianças. Se eu tivesse dormido lá, sairia pela manhã, e ninguém me veria — choramingou, e eu me arrepiei com o som da sua mordida e da sua mastigação. — Pensei que ao conversarmos nos aproximaríamos, que a chama da paixão arderia em nossos corações novamente. Que decepção!

Sem coragem para me mover, permaneci de costas, até porque ficar de frente seria um perigo. Outrora Théos fizera o mesmo, me imprensara no armário, e ao me virar para empurrá-lo, colocara um pedaço de alcaçuz na minha boca. Eu odiava o doce desde pequena, e tê-lo na minha boca fora a pior sensação do mundo.

— Por que me proibiu de dormir contigo? — indagou roucamente.
Sua indagação com duplo sentido me fez virar rapidamente. Logicamente me deparei com nossos colegas a nos olharem. E no instante em que separei os lábios, Théos passou o tubo de alcaçuz entre eles, em seguida mordeu a parte molhada.

Pus a língua para fora. Da minha garganta saiu um som esquisito, som de nojo, nojo do maldito doce, não de Théos, afinal eu já me acostumara com suas brincadeiras íntimas.

— Nossa, que cara feia! Você quer vomitar? — ele gargalhou e levou o doce à minha boca novamente, mas antes que realizasse o feito, agarrei sua mão.

— Não ouse fazer isso comigo — rosnei.

— Mas é só por diversão. Ninguém saberá de nada. Deixa? — pediu, fez beicinho e sorriu de lado sacudindo o pacote cheio de caramelos de alcaçuz diante de mim. — Te prometo o primeiro lugar no pódio.

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