No Próximo Verão

44 - Aprendizado

                         Melissa

                   Aprendizado

Do Latim Apprehendere.

Significado:

Ação, processo, efeito ou consequência de aprender; aprendizagem.
A duração do processo de aprender; aprendizagem.

O exercício inicial sobre aquilo que se conseguiu aprender; experiência ou prática.

Ensino que se diferencia por ser técnico ou profissionalizante.

Processo de iniciação de quem pretende ser maçom; o tempo desse processo.
No instante em que Chase e eu seguimos a hostess até a mesa reservada na cantina italiana, percebi que entrara num mundo desconhecido, e o processo, o aprendizado desse mundo, era por minha conta. A vista disso, decidi adquirir conhecimento.

— Alguma dica de como me comportar diante dos seus amigos? — indaguei sentindo o afago dos seus dedos na minha lombar.

Como um bom cavalheiro, Chase me buscara em casa, e vendo meu nervosismo, enquanto dirigia, segurara minha mão, e ao entrarmos no restaurante, manteve o contato físico pondo a palma na base da minha coluna.

— Seja você mesma. E... eles gostam de falar, portanto, deixe-os falarem. — Segurei o lábio inferior com os dentes. — Relaxa, eu é que tenho que gostar de você, não eles. — Puxou a cadeira para eu sentar.

— Mas são seus amigos, eles são mais velhos, e eu não quero parecer uma menininha imatura diante deles. — Me acomodei no assento sem perdê-lo de vista.

— Ruiva, ainda hoje, se comparado a mim, Hikimoto e Kent, você verá que tem a maturidade de uma senhora de oitenta anos. — Fiz uma careta. — Sem ofensas. — Chase beijou o canto da minha boca. — Já te disse o quão gostosa você está — enfatizou o “gostosa” e capturou meu olhar.

— Segundo sua opinião, há alguns meses eu era uma vestal.

— Uma vestal que me devorou com o olhar, e que eu adorei implicar. — Torceu o canto dos lábios num sorriso safado e mirou minha boca. — Eu gostaria de te beijar agora.

Momentaneamente a tristeza nublou suas vistas.

Meu semblante caiu.

— Por que aceitou esse encontro com seus amigos?

— Eles sabem que nosso relacionamento não é aberto ao público, que não o intitulamos ainda — sintetizou em poucas palavras nossa relação, compreendendo o sentido do meu questionamento.

— Obrigada pela paciência. Acredito que não sou tão madura assim.

— Você é perfeita, Bruxinha. — Apertou os punhos e fechou os olhos como quem se refreia em fazer algo.

Aspirando profundamente, me aproximei intencionada a beijá-lo, revelando assim o que tínhamos. Naquele beijo eu ressaltaria levar a sério nosso relacionamento, mas, uma comoção na entrada do restaurante chamou minha atenção.

Avistei Kent no meio de um aglomerado de funcionários, ele acenou, sorriu e rapidamente venceu a distância que nos separava. Só então percebi que Jim Hikimoto, uma jovem asiática e, pasmem, Viorica, acompanhavam-no.

— Você reflexionou, se arrependeu, mas é tarde, seu namorado é Chase Fodido Larkin. Agora aguenta. Pare de me olhar, garota — disparou Kent Collalto, mas de repente ele gritou. — Ai! Só desviei um pouquinho do script, eu já sei o que tenho que falar, garota desesperada! — Kent esfregou o local que Viorica beliscara.

— Boa noite a todos. Podemos nos sentar? — a indagação do Dr. Hikimoto se assemelhou a uma ordem, ao qual todos obedeceram, inclusive Kent.

— Pare de comer meu primo com os olhos — Chase ordenou enquanto Kent continuava a me olhar, e Jim Hikimoto puxava uma cadeira para sua acompanhante. — Não te compartilharei com ele, você é minha, e se continuar a olhá-lo, te castigarei — encerrou o discurso com uma mordida que causou dor no lóbulo da minha orelha.
A possessividade com a ordenança, a promessa de castigo e a dor, despertaram algo em mim. Arrepiei-me, e graças ao meu suéter, ninguém viu meus pelos eriçados.