18- Estratagema

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                             Melissa

                        Estratagema

Do Italiano stratagèmma/ do latim strategema

Significado:

Especialidade militar que se baseia em planejar ações de guerra.

Uma manobra ou plano em que são estudados os objetivos para serem colocados em prática.

Por extensão: qualquer ação ardilosa; armadilha.

Estratagema. Eu usei o termo após me conscientizar que inconscientemente pensara em Chase no momento em que colocara os cookies no pote. Diante disso, para não me denunciar, encenei um agradecimento, e gentilmente Kimberly o retribuiu:

- Obrigada, querida, foi gentileza lembrar de mim - agradeceu fixando a mirada no pote. - Desculpe a má recepção, foi uma surpresa sua vinda aqui. E acabamos te sufocando com nossos problemas. - Desviou o olhar do pote para outra direção que não meu rosto.

Ela pareceu-me envergonhada.

- Tudo bem. É natural nos constrangermos em situações familiares. - Busquei espantar o constrangimento.

- Eu não me constrangi - Chase se manifestou. Voltei a olhá-lo, e ele sorriu de lado, sorriso que corroborou com as palavras seguintes: - Estou me divertindo com a situação.

O homem segurou minha mirada com seu olhar apertado, olhar de quem almejava desvendar meus segredos. E era justo ele descobrir sobre mim, já que eu sabia algumas coisas sobre ele, a perda do filho biológico era um exemplo.

- Esquisito - sussurrei o xingamento.

O homem sofrera logo que se tornara adulto, e talvez sua descontração e bom-humor, fossem máscaras a esconder seu sofrimento. Ainda assim, eu precisava por defeitos nele, não guardá-lo num potinho. Porém pedi a Deus que aquele homem diante de mim, fosse ele mesmo, pois, a jovialidade, os sorrisos e a alegria lhe caiam bem.

- Falou a esquisita Mor - rebateu ele.

Ele me ouviu?! Que tipo de audição esse homem tem?

- Chase, se comporta. Melissa é uma convidada, não um brinquedo seu! - Kimberly elevou a voz. - Vamos, querida, você veio aqui por um propósito, e eu te mostrarei qual é - articulou de modo que o propósito parecesse algo que só ela sabia.

Kimberly ameaçou me puxar pela mão, e falhou, o argumento de Chase não deixou.

- Mãe, você não ouviu? Ela me xingou primeiro! - A criança mimada, ou seja, Chase fez birra.

- Se ela te xingou, o que duvido, foi com razão. Melissa te conhece, sabe de coisas sobre você que...

- Segura o bebê para mim, Melissa? E vamos sair daqui, senão você ficará toda vida nesse hall, e não me ajudará nunca. - Ayo me entregou o bebê, e me empurrou pela lombar casa adentro. - Vamos para o jardim dos fundos, as crianças estão lá.

- Crianças...? - perguntei, e enquanto caminhava, ajeitei melhor o bebê no meu colo, e sua mãozinha agarrou meus cabelos pela nuca.

- Lembra que eu disse que Chase fez merda...?

- Eu que fiz merda, Ayo? - um Chase incrédulo inquiriu da retaguarda.

O nigeriano revirou os olhos, em seguida sorriu endiabrado. E eu percebi que a conversa dos dois era uma espécie de briguinha, piada, ou estratagema interno. Portanto, contemplei a decoração, ora delicada e romântica, ora abstrata; dos cômodos pelos quais passamos. Nesse ínterim, pus os pensamentos em ordem, e logo chegamos ao nosso destino.

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